02/08/2018

O desafio de incentivar as pessoas a entrarem no ensino superior quando o governo faz exatamente o contrário

Imagem: Reprodução.

     Vivemos uma época onde o atual governo não incentiva os jovens a ingressarem no ensino superior. Isso é feito por meio de políticas que sucateiam ainda mais a educação pública e a pesquisa no Brasil. Desta forma, os jovens (jovens pobres, quero frisar isso desde já) se sentem desmotivados a entrarem na universidade. Diante disso, fica a pergunta: o que fazer?
     Michel Temer assumiu a Presidência da República por meio de um golpe judiciário-midiático-parlamentar executado em 2016. Ele tem índices de popularidades extremamente baixos, mas se mantém no poder porque a sua agenda neoliberal atende aos interesses do grupo dominante. E mesmo com os evidentes indícios de corrupção que envolvem Temer, ele não é tirado do poder. É em momentos como esse que eu me pergunto onde está o povo que em 2015 bateu panelas e foi às ruas pedir o afastamento de Dilma Rousseff sob o argumento da corrupção, quando na verdade ela era inocente. Eles dizem que não vão às ruas contra o Temer e/ou Aécio por conta do foro privilegiado. Entretanto, a Dilma também tinha foro privilegiado e ninguém titubeou em ir às ruas contra ela. 

Charge fazendo uma alusão à PEC 241/16, conhecida também como PEC do Fim do Mundo. Créditos na imagem.

    Contradições à parte, o governo Michel Temer tem sufocado ao máximo o trabalhador brasileiro. O "rolo compressor" de Michel Temer se estende para todos os setores da sociedade brasileira, esmagando sempre os mais vulneráveis. Entretanto, neste texto, eu vou destacar a política de sucateamento da educação pública de Michel Temer na educação e como isso tem refletido na mesma. A PEC 241, também conhecida como a "PEC do Fim do Mundo", é um projeto que foi aprovado e que limita os gastos em saúde e educação por 20 anos. Com essa PEC, a verba destinada a saúde e à educação permanecerá a mesma por duas décadas, independente da inflação. Isso é problemático porque, por conta da inflação, o dinheiro não tem o mesmo valor daqui a dez anos ou até menos que isso. Em 2000, com R$ 50,00 você fazia uma compra de mês. Em 2018, com este mesmo valor, você tem que selecionar entre os itens básicos o que vai levar. Este é um exemplo simples do que vai acontecer, ou melhor: está acontecendo com a saúde pública brasileira. Em nenhum país do mundo, seja ele com um governo de esquerda ou de direita, os gastos em saúde são cortados. Isso porque doenças antes erradicadas podem retornar e novas epidemias podem surgir. É por essas e outras que o sarampo, pólio, difteria e rubéola, doenças antes consideradas erradicadas, estão voltando com força. E isso se soma com o número cada vez maior de pessoas que se recusam a tomar vacinas e o governo parece fazer pouco ou nada diante disso.E com relação à educação, não há muito o que dizer de tão óbvia que é a situação. Todo país que almeja uma igualdade social começa pela educação. Logo, quando a mesma não merece a devida atenção, o futuro da nação fica ameaçado. 
     Além da PEC do Fim do Mundo, a outra proposta do atual governo é a Reforma do Ensino Médio. Na teoria é tudo muito bonito, mas na prática é totalmente diferente. A Reforma do Ensino Médio propõe a separação do conhecimento por áreas onde o estudante terá a opção do que estudar. Poucas serão as disciplinas obrigatórias e as demais serão optativas e/ou interdisciplinares. Além disso, os professores não precisarão de diploma para ele lecionar: basta ele ter notório saber na área na qual deseja dar aulas. O governo argumenta que isso está sendo feito para tornar o Ensino Médio mais atrativo, uma vez que a evasão nessa fase escolar ainda é alta. Entretanto, se o objetivo é esse, porque não melhorar as  estruturas das escolas Brasil afora? Porque não aumentar o salário dos professores e criar um plano de carreira para o mesmo? Além disso, a questão do "notório saber" é um tremendo desrespeito com a classe docente. Ser professor não é chegar em sala e começar a falar como se não houvesse amanhã e/ou reproduzir aquilo que está no livro didático. O professor para ser professor precisa cumprir horas de estágio obrigatório, fazer inúmeras disciplinas obrigatórias e eletivas na educação para só assim tirar o diploma e poder lecionar. Esta reforma desrespeita ainda mais a classe docente, que nunca teve o merecido respeito no Brasil. 

Imagem: Reprodução. 

       Na prática, estas reformas na educação tiram o sonho da juventude. Eles se veem sem expectativa: não sabem se vão se formar ou se formados, se conseguirão construir carreira na área em que escolheram. E isso tem se mostrado na prática: em 2018, 6.774.891 pessoas se inscreveram no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), mas somente 5.513.662 inscrições foram confirmadas, uma vez que pagaram a taxa de inscrição. Houve uma redução de 1.261.229 inscritos. O jovem da periferia está parando de sonhar com o ensino superior. E é de extrema importância ressaltar que estas reformas visam apenas a população da periferia. Quem tem dinheiro (coisa que muita gente não tem, a não ser o básico para sobreviver), vai para o hospital particular e matricula os filhos em escolas particulares. Aliás, é difícil crer que as instituições privadas de ensino irão aderir a Reforma do Ensino Médio porque na prática a mesma sucateia o ensino e as escolas particulares não vão querer isso. Tais escolas preparam os estudantes para serem diplomatas, médicos, advogados, engenheiros, presidentes de empresa e até mesmo governantes políticos. O jovem de classe média e até mesmo rico vai continuar sonhando com seu curso superior, em se formar e seguir carreira na profissão que escolheu. 

Conclusão

     Não há uma fórmula mágica para soluçar o que está acontecendo. A única certeza que se tem é que devemos ser resistentes, embora isso seja cansativo. Desistir é tudo o que esse governo quer. Desta forma, mesmo parecendo impossível, continue sonhando com seu curso superior, sua profissão e não se esqueça de lutar para tirar Temer do poder junto com suas reformas repugnantes. 

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