tag:blogger.com,1999:blog-39326887017081729152024-02-19T22:57:10.393-08:00A HoraMarllon Alveshttp://www.blogger.com/profile/16401643299711219814noreply@blogger.comBlogger186125tag:blogger.com,1999:blog-3932688701708172915.post-53734393813355323332021-02-16T11:01:00.000-08:002021-02-16T11:01:35.550-08:00Hora de dizer adeus<p> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZu2Xobtc04OfKS5lsrzXNzWBZ9DaoYE1B_2yWAiMkUJFXMKx15hSgLKjbh1ERfkOa8EHE1c9jhVV_zAdLBHQ-2MCFss8ex3Uj_3kYe2MSgSxjTFskTT82UewlaD_P_yOSBH5kxx98mcbS/s500/despedida.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="333" data-original-width="500" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZu2Xobtc04OfKS5lsrzXNzWBZ9DaoYE1B_2yWAiMkUJFXMKx15hSgLKjbh1ERfkOa8EHE1c9jhVV_zAdLBHQ-2MCFss8ex3Uj_3kYe2MSgSxjTFskTT82UewlaD_P_yOSBH5kxx98mcbS/w320-h213/despedida.jpg" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem: Reprodução/Internet.</td></tr></tbody></table><br /></p><p style="text-align: justify;"><span> Hoje finalmente consegui escrever aqui. Este texto pode ser considerado uma carta de despedida. Depois de muito pensar e colocar as "cartas na mesa", eu decidi encerrar as atividades deste blog. Não foi uma decisão fácil, mas foi preciso fazer o que tinha de ser feito. Foi bom enquanto durou e agora é hora de encerrar um novo ciclo. Bem, na verdade esse ciclo já estava encerrado, ele só precisava do ponto final, que está sendo dado neste exato momento. Quando fiz esse blog, em 2009, eu não sabia ao certo o que estava fazendo. Foi praticamente uma coisa do momento, uma vez que naquele tempo os blogs estavam em alta e de tanto ouvir sobre, resolvi fazer um para mim também. Particularmente, eu vejo que fui amadurecendo enquanto escrevia aqui. Conforme o tempo ia passando, os textos, antes superficiais, iam se tornando mais longos e densos. Isso foi fruto de muito aprendizado da minha parte, que aprendi na prática que, para o blog ter um mínimo de visibilidade, ele deveria ter textos originais e bem escritos.</span><br /></p><p style="text-align: justify;"><span><span> Em 2012, deixei o blog de lado porque tinha outras obrigações que eu precisava cumprir naquele momento. Em 2015, a saudade bateu, revi minhas prioridades e resolvi voltar a escrever aqui. Continuei escrevendo até 2018, quando decidi tentar o mestrado em História, exigindo que eu parasse de escrever aqui, pelo menos naquele momento. Na minha inocência, achei que depois do processo seletivo, mesmo eu tendo sido classificado, eu conseguiria voltar a escrever aqui. Entretanto, na prática foi outra história. O mestrado é exigente, a pessoa tem que cursar disciplinas que na prática valem por quatro, passar as férias escolares fazendo os trabalhos das disciplinas, fazer relatório de bolsas (no caso de bolsistas), escrever uma dissertação que deve ter no mínimo 90 páginas e defendê-la perante uma banca composta por quatro professores extremamente exigentes. Ou seja: não consegui voltar a escrever no blog, como era meu projeto inicial. </span><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span><span><span> Aprendi com o tempo que na vida os ciclos se abrem e também se fecham. Aprendi também que novos planos são formados e, para a execução dos mesmos, outros terão de ser deixados de lado. Agradeço de coração a cada um que leu, comentou e compartilhou os meus textos. Agradeço também aos leitores de várias partes do mundo e de praticamente todos os continentes que visitaram meu blog. Foi muito bom estar com vocês!!!</span><br /></span></span></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;">Obs.: não pensem que eu estou abandonando vocês. Quem quiser continuar me acompanhando, eu estou no <a href="https://www.facebook.com/marllonalves22" target="_blank">Facebook</a>, no <a href="https://twitter.com/marllonaasilva" target="_blank">Twitter</a> e também no <a href="https://www.instagram.com/marllonalves22/?hl=pt-br" target="_blank">Instagram</a>. Sigam-me os bons!</p>Marllon Alveshttp://www.blogger.com/profile/16401643299711219814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3932688701708172915.post-89012132944657246772019-05-28T18:48:00.001-07:002019-05-28T18:48:19.604-07:00Maxi López e o machismo no futebol<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgt-HdAxMcDi5C8AgYOo_3vru8q71J5oA7M27ZwcoMR8WMP7NMsrjIT0IhiWg1bV5PgyQaX0XrLXRwhW5UYktN2yqrPMpGsaeCCEjOfM8RBpQq_xAeJI8_OhsXno8P1oDL5mZ_Plr5jnaLO/s1600/maxi+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgt-HdAxMcDi5C8AgYOo_3vru8q71J5oA7M27ZwcoMR8WMP7NMsrjIT0IhiWg1bV5PgyQaX0XrLXRwhW5UYktN2yqrPMpGsaeCCEjOfM8RBpQq_xAeJI8_OhsXno8P1oDL5mZ_Plr5jnaLO/s400/maxi+2.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Maxi López quando quando jogava pelo Vasco da Gama. Imagem: Reprodução.</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<br />
<a href="https://marllon221190.blogspot.com/2018/06/futebol-o-reduto-do-machismo.html" target="_blank">Que o futebol é um esporte machista</a>, disso todo mundo já está cansado de saber, embora poucos são os que lutam para mudar este fato. Entretanto, o texto de hoje eu vou analisar o machismo no caso específico do jogador de futebol Maxi López.<br />
O futebol é um esporte machista e isso não é culpa do esporte: é da sociedade, o futebol apenas reflete isso. Este fato acontece porque ainda impera na mentalidade da maioria da população a ideia de que o futebol, assim como qualquer outra atividade esportiva, não condiz com a "natureza frágil" do sexo feminino. Desta forma, os homens e as suas respectivas masculinidades reinam no futebol. Neste contexto, as mulheres acabam sendo diminuídas, ridicularizadas, transformadas em símbolos sexuais ou até mesmo servindo como meros e belos enfeites para seus maridos futebolistas, que em alguns casos (embora possa parecer, não é todo jogador que tem um salário astronômico, muito pelo contrário) ganham altos salários, possuem carros e residências caríssimas.<br />
Vamos fazer um exercício rápido e desde já peço perdão pelas palavras de baixo escalão a serem escritas aqui. Quando se quer xingar uma mulher, quais são os palavrões mais comuns? Puta, piranha, galinha, prostituta, vagabunda e por aí vai. Não é preciso dizer que todos estes palavrões são usados para ferir a honra de uma mulher. Agora, quando se quer xingar os homens, os termos mais comuns são: corno, chifrudo, filho da puta e suas variantes e até mesmo viado, caso o homem alvo do xingamento seja homossexual ou cuja sexualidade está sob suspeita. Vocês perceberam? Até quando se quer xingar um homem, no final, quem está sendo xingada é a mulher. Vou destrinchar para vocês. Vamos aos xingamentos referentes aos homens que citei aqui. Quando se chama um homem de filho da puta, na verdade, se está xingando a mãe dele, a quem você chama de puta. Quando você chama um homem de corno ou chifrudo, na verdade o que está sendo feito é colocar em xeque a fidelidade da esposa do homem xingado. Entre os xingamentos escritos neste texto, o único que fere diretamente o homem é o viado, onde o autor da ofensa está colocando em xeque a sexualidade de uma pessoa, dizendo de forma pejorativa que o homem é homossexual, algo que atinge a masculinidade com ferida de morte. O homem só é xingado diretamente quando chamado de viado, como já falei aqui, ou quando ele é negro. Nos demais casos querem xingar o homem, mas a vítima da ofensa mesmo é a mulher.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgK9iQA6N-bmoM-JCMZ3g5MWCk5JQvzi21DBVcn5_Q_qL1uCnbliNLVQKQmIcXJeHcx0iZaQXRJbwmmo8OZ74kaLfMk5SE5_C9iD7MPGGYxcfNnouoE8oRw_cRaFssEq5YuCNt4__UYf4sp/s1600/maxi++3.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="415" data-original-width="541" height="306" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgK9iQA6N-bmoM-JCMZ3g5MWCk5JQvzi21DBVcn5_Q_qL1uCnbliNLVQKQmIcXJeHcx0iZaQXRJbwmmo8OZ74kaLfMk5SE5_C9iD7MPGGYxcfNnouoE8oRw_cRaFssEq5YuCNt4__UYf4sp/s400/maxi++3.jpeg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Da esquerda para a direita: Mauro Icardi, Wanda Nara e Maxi López. Wanda Nara traiu Maxi com Mauro, então amigo do jogador. Mauro e Wanda se casaram, têm dos filhos e estão juntos até hoje. Imagem: Reprodução.</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<br />
A situação acima é vivida por Maxi López. Antes de dar continuidade a este texto, para quem ainda não sabe, Wanda Nara, então esposa de Maxi, se envolveu com Icardi quando ainda era casada com o ex-jogador do Vasco. Este fato teve repercussão global e até hoje é lembrado, chegando a ser considerado o maior e mais polêmico caso de adultério do futebol mundial. Por conta disso, dentro (e também fora) de campo Maxi é constantemente xingado de corno/chifrudo e/ou é alvo de alguma provocação que lembre o adultério em questão. Tais ações costumam ocorrer por parte de torcidas rivais do Vasco, até então clube de Maxi, como forma de provocação ou quando o jogador tem um desempenho abaixo do esperado em um jogo. Como Maxi López não é negro, a alternativa que resta é xingá-lo, ou melhor: xingar sua ex-esposa.<br />
<br />
<b>Conclusão</b><br />
<b><br /></b>
Mesmo não sendo brasileiro, Maxi López é um reflexo desta sociedade machista e também racista que é a sociedade brasileira. Machista porque a mulher é reduzida a um tal grau de inferioridade e repulsa, que até quando se quer xingar um homem, quem de fato recebe o xingamento é a mulher. E racista porque, dentre outras coisas, quando o homem é negro, o xingamento (de teor racista) é direcionado ao homem e não à sua companheira. </div>
Marllon Alveshttp://www.blogger.com/profile/16401643299711219814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3932688701708172915.post-19279056249575493962019-05-14T16:54:00.002-07:002019-05-14T16:54:56.291-07:00Eurico Miranda: um reflexo da sociedade brasileira<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtKD2Mu6zG5hbkeFUCXNJIqhupsNhwMgXL0Zv_9KFNI8r_AKCsNpzFCQ5hAgfKibaAPubXUyE5lzUSwEAtcAE8RiVMQxX5TtkKBr1wraKWhhbC7lyF4Pw67GYmEEskzzE0m9OxjJuK23A6/s1600/eurico.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="465" data-original-width="763" height="243" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtKD2Mu6zG5hbkeFUCXNJIqhupsNhwMgXL0Zv_9KFNI8r_AKCsNpzFCQ5hAgfKibaAPubXUyE5lzUSwEAtcAE8RiVMQxX5TtkKBr1wraKWhhbC7lyF4Pw67GYmEEskzzE0m9OxjJuK23A6/s400/eurico.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Eurico Miranda (1944 - 2019) com a Cruz de Malta, símbolo do Vasco, ao fundo. Eurico não é uma figura unânime entre torcedores e não torcedores do Vasco da Gama. Imagem: Reprodução.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A dualidade bem ou mal definitivamente não serve para definir Eurico Miranda (1944 - 2019), se é que a mesma serve para definir alguém. Uns o amam e outros o odeiam e em tempos em que o clube Vasco da Gama corre o real risco de rebaixamento, os saudosos da gestão Eurico Miranda (1944 - 2019) têm sentido saudades dos tempos em que o mesmo era vice de futebol do clube e depois presidente do mesmo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Descendente de portugueses, Eurico Miranda (1944 - 2019) era filho de portugueses que vieram para o Brasil a fim de escapar do regime de Antônio Salazar (1889 - 1970). Foi criado na zona sul da cidade do Rio de Janeiro, área nobre da cidade e estudou no colégio Santo Inácio, tradicionalmente frequentado por parte da elite carioca. Entretanto, foi convidado a se retirar do mesmo por conta de constantes brigas e por ir à escola com a blusa do Vasco por cima do uniforme, o que era proibido. Curiosamente, Eurico nunca foi visto usando a camisa do time. Cursou Fisioterapia e também Direito na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC - Rio). </div>
<div style="text-align: justify;">
Foi nos tempos em que era estudante da PUC que Eurico passou a exercer atividades administrativas e políticas no Vasco da Gama. Foi Diretor de Cadastro em 1967, Vice-presidente de Patrimônio em 1969, foi assessor especial de Alberto Pires Ribeiro em 1980 quando este se torna presidente do Vasco e representante do clube na FERJ (Federeração de Futebol do Estado do Rio de Janeiro). Em 1988, Eurico aceitou o pedido do então presidente do Vasco Antônio Soares Calçada para assumir a vice-presidência de futebol do Vasco da Gama. Era o início de um período glorioso na história do clube, não só, mas principalmente no futebol. Com Eurico, o vasco conquistou o Campeonato Brasileiro de 1997, a Taça Libertadores da América de 1998, a Copa João Havelange de 2000 e a Copa Mercosul de 2000. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhn-uIENRSz8_ulq3kQ5NplyVvYnKN7dbKbBPgsXuU-CSViTgST5f3TvSvc_dj7-30mCAgwxpGVRIk-0c8pxOEGtnpDU0E69lejr6xRtJ1cyG8wiKZyg90-EVsOBwcn8709vzIRvyRu_VHW/s1600/vasco.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1011" data-original-width="1600" height="252" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhn-uIENRSz8_ulq3kQ5NplyVvYnKN7dbKbBPgsXuU-CSViTgST5f3TvSvc_dj7-30mCAgwxpGVRIk-0c8pxOEGtnpDU0E69lejr6xRtJ1cyG8wiKZyg90-EVsOBwcn8709vzIRvyRu_VHW/s400/vasco.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Da esq. para a dir.: Nelson, Pedrinho e Donizete comemoram o título da Libertadores da América de 1998. Imagem: Agência <i>Getty Images</i>.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por volta dos anos 2000 e com o imenso prestígio alcançado quando exercia o cargo de vice-presidente de futebol do Vasco, Eurico é eleito presidente do Vasco após inúmeras tentativas fracassadas e depois de haver tentado pela última vez 14 anos antes. Foi reeleito em 2003 e chegou a dizer que seria a última vez que presidiria o clube de coração, mas voltou atrás e se candidataria outras vezes. Eurico parecia gostar do poder. Aliás, quem não gosta? A partir de seu segundo mandato, a imagem de prestígio que Eurico havia construído durante décadas de atuação no Vasco começou a ruir e nas eleições para o mandato de 2007 - 2009, derrotou o ídolo do clube Roberto Dinamite no pleito, mas foi acusado de compra de votos e adulteração do resultado das eleições. Após muitas barreiras colocadas por Eurico, a eleição foi impugnada e um novo pleito foi realizado, onde o candidato indicado por Eurico (o mesmo havia se recusado a se candidatar novamente) perdeu as eleições. Eurico Miranda (1944 - 2019) tentou fraudar as eleições no Vasco pelo menos uma vez mais. Em 2017, o então mandatário cruz-maltino chegou a ser intimado a depor em uma delegacia por suspeita de fraude nas eleições presidenciais do Vasco. E vale dizer que, se Eurico fez um excelente trabalho enquanto vice de futebol, o mesmo não se pode dizer enquanto presidente do clube. O Vasco da Gama foi rebaixado duas vezes com a participação direta de Eurico. </div>
<div style="text-align: justify;">
Eurico Miranda (1944 - 2019) tentou assumir a presidência do Vasco inúmeras vezes e tentou permanecer no cargo outras tantas, mesmo que para isso tivesse que recorrer a meios ilegais. Esta prática nos remete ao patrimonialismo, prática histórica no Brasil e que consiste em um Estado que não possui distinções entre os limites do público e do privado. Ao tentar se reeleger tantas e tantas vezes no Vasco, Eurico tratou o clube, um bem público, como algo particular da qual pudesse lucrar com isso. E aqui vale citar que Eurico esteve envolto em irregularidades muitas vezes ao longo da vida e em algumas delas envolviam o Vasco. Além das tentativas fraudulentas de tentar ser presidente, Eurico Miranda (1944 - 2019) foi acusado em pelo menos duas vezes de desviar recursos do Vasco da Gama. Em julho de 2002, o jornal carioca <i>Extra </i>afirmou que Eurico havia desviado R$ 20 milhões das finanças do Vasco. Eurico se sentiu difamado pela notícia e o caso foi para a Justiça, mas o então mandatário cruz-maltino perdeu o processo e foi obrigado a pagar os custos do processo e os honorários dos advogados. Em 2007, houve uma investigação a fim de averiguar se houve desvio de dinheiro na venda do então jogador Paulo Miranda ao clube francês <i>Bordeaux </i>no ano de 2001. Logbi Henouda, empresário que participou da negociação, afirmou que o time francês pagou US$ 5, 94 milhões pelo jogador, mas que Eurico Miranda teria declarado apenas R$ 2 milhões. </div>
<div style="text-align: justify;">
Além de exercer o patrimonialismo com relação ao Vasco da Gama, Eurico agiu como se o clube fosse uma capitania hereditária, ou seja: uma propriedade particular passada aos descendentes. Durante um tempo, Eurico Miranda (1944 - 2019) preparou o terreno para que o filho Eurico Brandão, conhecido também como Euriquinho, o sucedesse no Vasco. Isso vinha acontecendo pelo menos desde 2015, quando o s<i>ite </i>do jornal <i>O Globo </i>publicou algumas reportagens sobre a atuação de Euriquinho no Vasco sob o aval do pai, bem como o mal-estar causado por isso; e em 2016 Eurico e o filho atuaram em conjunto nas decisões do departamento de futebol, onde a palavra final sempre ficava com o então mandatário. Atualmente, Euriquinho é vice de futebol do Vasco da Gama. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0OYziNQCv381DxapJCABfnuwuSxaDiRAh_LlWYWixreDb-2xfoOGkh0QmNQ7DeHURIk9EbI7Q24NEXX6OvdGelTTDNoq54948hh0OG98LiBE0oRcuTngUi7niMW6mLjwtq-TN4JFNyxE_/s1600/euriquinho.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="652" data-original-width="1086" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0OYziNQCv381DxapJCABfnuwuSxaDiRAh_LlWYWixreDb-2xfoOGkh0QmNQ7DeHURIk9EbI7Q24NEXX6OvdGelTTDNoq54948hh0OG98LiBE0oRcuTngUi7niMW6mLjwtq-TN4JFNyxE_/s400/euriquinho.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Euriquinho, atual vice de futebol do Vasco da Gama, em conversa com o pai. Imagem: Rafael Moraes/ Agência O Globo. </td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Conclusão</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
Eurico Miranda (1944 - 2019) foi um reflexo da sociedade brasileira com relação ao Vasco da Gama ao reproduzir práticas históricas no Brasil como o patrimonialismo e as extintas capitanias hereditárias. Patrimonialismo porque usou de um bem público (o Vasco da Gama) para benefícios pessoais e capitania hereditária porque tratou o Vasco como um bem pessoal que pode ser passado de geração para geração. E com relação a atuação de Eurico Miranda (1944 - 2019) no Vasco da Gama, como vice-presidente de futebol e depois como presidente, era será lembrado como o homem que conduziu o time ao maior período de glória de todo a história do Vasco; como também o homem que levou o Vasco a dois rebaixamentos, que foi acusado de roubar o clube e cometer outras irregularidades com relação ao mesmo, bem como por indicar o próprio filho para o suceder no Vasco da Gama.</div>
Marllon Alveshttp://www.blogger.com/profile/16401643299711219814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3932688701708172915.post-68429582641489398402019-04-12T18:46:00.000-07:002019-04-12T18:46:20.552-07:00Brasil: o país que não puniu os responsáveis pelo Golpe de 1964 e que hoje paga o preço por causa disso<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIUlpH39hboc7mqnuOpow8SAEqPIkU6k0RRCCZ_0sWBbrlelwp50D8mUIcw8glHKDjnGKfkrkP85GLcejPgLVDv-faHpAKRE9i2VCtWlAeqiOcr2U5OM-hg47jQ9qE-NfG4v9AyVGVCL8X/s1600/presidentes.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="361" data-original-width="600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIUlpH39hboc7mqnuOpow8SAEqPIkU6k0RRCCZ_0sWBbrlelwp50D8mUIcw8glHKDjnGKfkrkP85GLcejPgLVDv-faHpAKRE9i2VCtWlAeqiOcr2U5OM-hg47jQ9qE-NfG4v9AyVGVCL8X/s400/presidentes.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Os presidentes militares que governaram o país durante a ditadura. Da esquerda para a direita: Castelo Branco (1964 - 1967), Costa e Silva (1967 - 1969), Médici (1969 - 1974), Geisel (1974 - 1979) e Figueiredo (1979 - 1985). Imagem: Reprodução.<br /><br /><br /><br /><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"> O Golpe de 1964 mergulhou o Brasil em uma ditadura que só findou em 1985. O golpe foi executado por militares e apoiado por alguns setores da sociedade civil. Neste período houve violações contra os direitos humanos, mas ninguém foi punido por isso. E hoje pagamos o preço por conta deste fato: políticos e cidadãos relativizando um período tão delicado e pessoas pedindo a volta da ditadura.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"> Uma ditadura civil-militar foi imposta em 1964 pelos militares junto com parte da sociedade civil (membros da elite, classe média, alguns setores do catolicismo e também do protestantismo). O argumento para tal ato era uma suposta ameaça comunista. Suposta porque não havia uma ameaça real. O partido comunista existia, mas estava longe de chegar ao poder e João Goulart (1918 - 1976) estava longe de ser um comunista. Ele defendia reformas estruturais (reforma agrária e urbana por exemplo), mas não a queda da estrutura propriamente dita. Entretanto, isso foi mais que o suficiente para a deposição de Jango, apelido de João Goulart (1918 - 1976). Vale lembrar que a polarização naquela época era muito acirrada (não muito diferente dos dias de hoje) por conta da Guerra Fria (1945 - 1991). Desta forma, qualquer ato podia ser interpretado como de esquerda ou direita. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"> Uma das características deste regime ditatorial foi a censura e a perseguição ferrenha a opositores políticos. Estas perseguições incluíam torturas e execuções. Tais atos são injustificáveis, independente de a vitima ter cometido um crime ou não. No mesmo período em que o Brasil vivia um regime ditatorial, outros países da América Latina viviam experiência semelhante. E, apesar de possíveis falhas, pode-se dizer que há um esforço para impedir que tal período se repita. Em outubro de 2018, o Exército Chileno colocou na reserva o coronel Germán Villarroel, que dirigia a Escola Militar do país. O motivo de tal ato foi o fato de Germán homenagear nas dependências da instituição o genocida Miguel Krassnoff Martchenko, que cumpre pena por ter cometido 7 crimes contra a humanidade durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973 - 1990). Em 2017, a Argentina condenou 48 ex-militares por 'voôs da morte' e outros crimes cometidos durante a ditadura argentina (1976 - 1983). O 'voô da morte' consistia em jogar de aviões opositores políticos em pleno ar. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiH4X2bnr8zU5_7vXve0BdhOpzC3X8xpuyDpvsNJwh2-m8_eT-ZDNFNaK9GtLj_k0qQ6GpgGz8N6Rqkmgod98cJKbW4tUNjLgdLMKuOLfPt3Vif9LsQF3DCpVW9zhSQ_bEZZ-gJ05k78rIq/s1600/hitler.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="905" height="353" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiH4X2bnr8zU5_7vXve0BdhOpzC3X8xpuyDpvsNJwh2-m8_eT-ZDNFNaK9GtLj_k0qQ6GpgGz8N6Rqkmgod98cJKbW4tUNjLgdLMKuOLfPt3Vif9LsQF3DCpVW9zhSQ_bEZZ-gJ05k78rIq/s400/hitler.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;">Hitler é saudado com a conhecida saudação ao <i>führer</i>. Fazer isso hoje é crime na Alemanha. Imagem: Reprodução.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"> Mas e a liberdade de expressão, onde fica? Pode parecer contraditório, mas a tolerância deve ser intolerante com a intolerância. Na Alemanha, após o fim da Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945) e a respectiva queda do regime nazista, os responsáveis pela manutenção deste regime foram punidos ao longo dos anos. Além disso, qualquer manifestação de apoio a Hitler (1889 - 1945) e/ou ao regime nazista de maneira geral é crime. Reproduzir a suástica sem ser em sala de aula e para fins educativos, bem como fazer o gesto de saudação ao <i>führer </i>(líder em alemão) por exemplo são atitudes proibidas em território alemão e passíveis de punição. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"> O Brasil parece andar na contramão se comparado ao que os outros países do mundo fizeram com os responsáveis pela manutenção de regimes autoritários e/ou totalitários. Nenhum responsável pela ditadura foi preso e a Comissão da Verdade, que tinha o propósito de investigar as violações de direitos humanos entre os anos de 1946 e 1988, foi fundada em novembro de 2011, mais de duas décadas e meia depois do fim da ditadura. Com isso, uma quantidade incalculável de documentos que denunciavam tais violações se perderam (ou foram perdidos propositalmente) e os autores de tais crimes já estavam mortos em sua maioria ou estavam idosos demais para ir para a prisão. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"> Além disso, manifestações favoráveis a este período tenebroso da história do país nunca foram passíveis de punição. Isso explica em parte as manifestações pedindo o retorno dos militares ao poder e a eleição de Jair Bolsonaro. O atual Presidente da República é saudoso da ditadura, chegando ao ponto de dizer que o erro da ditadura foi torturar e não matar; e tem por ídolo pelo menos duas figuras deste período: o coronel Brilhante Ustra (1932- 2015) e o paraguaio Alfredo Stroessner (1912 - 2006). O primeiro foi um torturador que tinha por hábito colocar ratos e baratas dentro da vagina das mulheres. Já o segundo chegou ao poder no Paraguai por meio de um golpe de Estado em 1954. O ditador se manteve no poder por mais de 30 anos e neste mesmo período mais de 18 mil pessoas foram torturadas, 400 executadas ou desapareceram no período do stroessnismo. Além disso, o documentário <i>Calle de Silencio </i>(2017) mostrou que o ditador também era pedófilo. As vítimas dos abusos relataram, depois de 30 anos da queda do regime, como eram retiradas do interior do Paraguai para servir ao ditador. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZBtVpOfPu_Vy7jVfAWY-sLK1ffAOd7uSdGOkeTlor2rWGNPlOyl_GVjz-ocgAKPFQd0CufvcPKJ1v-JIBQPg82AlWJZ1bRqXY8v1m_CbyltBVc8-9nuviRA10k3vheoQEfujFd-MYWd02/s1600/sarney.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="357" data-original-width="620" height="230" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZBtVpOfPu_Vy7jVfAWY-sLK1ffAOd7uSdGOkeTlor2rWGNPlOyl_GVjz-ocgAKPFQd0CufvcPKJ1v-JIBQPg82AlWJZ1bRqXY8v1m_CbyltBVc8-9nuviRA10k3vheoQEfujFd-MYWd02/s400/sarney.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;">Sarney, ao centro com a mão estendida, toma posse como Presidente da República, em 1985. Ironicamente, o primeiro presidente depois de um longo período ditatorial se beneficiou bastante da ditadura. Imagem: Acervo <i>O Globo</i>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"> Para entender o motivo de situações como as descritas no parágrafo anterior terem acontecido, é preciso entender o processo que resultou no fim da ditadura e no retorno da democracia. O fim da ditadura foi feito por cima, organizado por aqueles que estavam no poder. Após o fim do milagre econômico (1969 - 1973), período de euforia sobretudo no campo econômico, a ditadura mostrou os primeiros sinais de desgaste. Percebendo que o começo do fim havia começado, foi iniciada a chamada "abertura lenta e gradual". Eles iriam sair do poder aos poucos, mas não sairiam dessa prejudicados. Isso explica o fato de ninguém jamais ter sido punido, de a Comissão da Verdade ter saído tão tarde e de o primeiro presidente do pós-ditadura , José Sarney, ter sido "cria" da ditadura. Vale lembrar que Fernando Collor, eleito Presidente da República pelo voto direto (Sarney foi eleito por um colégio eleitoral), também é "cria" da ditadura. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"> Collor e Sarney fizeram parte do ARENA (Aliança Renovadora Nacional), partido que dava sustentação política a ditadura. Aliás, vários políticos que ainda estão no cenário político brasileiro fizeram suas carreiras apoiados na ditadura, mas isso é assunto para outro texto.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><b>Conclusão</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"> O Brasil não puniu os responsáveis pelo Golpe de 1964 e é por isso que há pessoas que defendem a volta da ditadura e relativizam as violações de direitos humanos ocorridas no período por exemplo. É tarde para punir os responsáveis pela ditadura, mas não é tarde para criar leis para coibir os seus vestígios. </span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Marllon Alveshttp://www.blogger.com/profile/16401643299711219814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3932688701708172915.post-75525909671335245112019-02-28T05:13:00.001-08:002019-02-28T05:13:14.018-08:00Entrevista com Tiago Crispim Salvador - 2<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCY-4PxgmYtsL1yrnUTSs0KjlyxsYVDpxGV2qO49pKKL5X7tb7TkkPor04jqXboBkGDyitkLMvmwuCVeOSX4NpJflDCelZS7qBPQ5I_93jDs9xjR-dibGZIs99lu4sOxFmIUEX3Ny-1-Ez/s1600/tiago.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="720" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCY-4PxgmYtsL1yrnUTSs0KjlyxsYVDpxGV2qO49pKKL5X7tb7TkkPor04jqXboBkGDyitkLMvmwuCVeOSX4NpJflDCelZS7qBPQ5I_93jDs9xjR-dibGZIs99lu4sOxFmIUEX3Ny-1-Ez/s400/tiago.jpg" width="300" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Tiago Crispim Salvador, o entrevistado do mês de fevereiro do <i>blog A Hora</i>. Imagem: Reprodução <i>Facebook</i>.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Enfim, o <i>blog A Hora </i>exibe a primeira entrevista do ano. O entrevistado é Tiago Crispim Salvador, que já foi entrevistado pelo <i>blog </i>em outro momento (<a href="http://marllon221190.blogspot.com/2018/07/entrevista-com-tiago-crispim-salvador.html" target="_blank">veja aqui</a>). Graduado em História pela Universidade Estácio de Sá, graduando em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e mestrando em Ciências Sociais pela mesma universidade, Tiago ama a história da cidade e também do estado do Rio de Janeiro. Porém, o foco dos estudos de Tiago não é o que todo mundo já estuda: as ruas do centro da cidade do RJ e/ou os bairros nobres da cidade carioca. O Rio de Janeiro que Tiago gosta de estudar é o Rio que quase ou nunca aparece nos livros: a formação das favelas, os habitantes nativos e os bairros da Zona Oeste da cidade. Morador do Morro do São Carlos, de onde se pode ver parte da Baía de Guanabara, o Morro da Providência, o centro da cidade, o Morro de Santa Tereza, o Cristo Redentor, o castelo da FIOCRUZ (Fundação Oswaldo Cruz), a Igreja da Penha e até o Aeroporto Internacional Tom Jobim, que fica na Ilha do Governador; Tiago recebeu o <i>blog A Hora </i>em sua casa para uma prazerosa e enriquecedora entrevista. Confira:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>1 - Quando e como começou a estudar a história da cidade e do estado do Rio de Janeiro?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Tiago Crispim Salvador: </b>Eu sempre tive um interesse muito grande nos estudos fluminense, que são os estudos do Rio de Janeiro e isso é algo desde criança. Eu nem sonhava em fazer História, estava no Ensino Fundamental e este interesse por descobrir cada canto do Rio já existia. É interessante porque eu tinha este interesse através das linhas de ônibus da cidade. Eu comecei a me interessar pelo Rio de Janeiro desde que eu tinha uns 6, 7 anos de idade através dos nomes dos bairros e dos itinerários.<br />
Meu avô foi motorista de ônibus e meu tio é mecânico de ônibus. Então, eu sempre fui de ir detalhando capa pedacinho desta cidade através dos coletivos. Eu tive uma revistinha onde havia os ônibus da antiga CTC (Companhia de Transportes Coletivos), que era estatal e dos rodoviários do Rio de Janeiro. E eu ficava lendo esta revista, era quase a minha primeira alfabetização. Uma vez eu levei uma baita surra porque eu matava aulas para andar de ônibus (risos). Eu tive uma atração muito forte pelo Rio de Janeiro, o que fez com que eu circulasse pela cidade atrás desses itinerários e de uma certa forma eu fui conhecendo não só o Rio, mas as suas regiões metropolitanas, como a Baixada Fluminense e Niterói por exemplo e eu fui desvendando esta cidade. E daí eu passei a estudar cada vez mais a história da cidade. A minha família e os meus amigos, quando querem ir a algum lugar, eles me perguntam porque sabem que eu conheço os bairros da cidade. Mesmo com a mudança de consórcios, fruto da gestão dos prefeitos, eu tenho essa facilidade de mapear a cidade através desses itinerários.</div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>2 - Como era o estado do Rio de Janeiro na época em que os portugueses chegaram ao estado pela primeira vez?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCS: </b>Não se pensava em um estado do Rio de Janeiro. Era um grande litoral povoado por indígenas. Não se tinha desbravado ainda o que a gente chama de sertão. Vale lembrar que não é sertão no sentido geográfico, mas no sentido simbólico, que permeia não só o Rio de Janeiro, mas toda a história do Brasil. E esse contato primário que se tinha era com a aldeia de Uruçu-Mirim, no território onde hoje em dia é a praia do Flamengo. Então, você tinha essa predominância de habitantes nativos que mais tarde foram chamados de tupis e tamoios. Naquela região da Glória e Flamengo, onde é a Rua do Catete, corria um rio que era um dos braços do Rio Carioca, tinha uma tribo indígena. Então, você tinha esses conjuntos de tribos indígenas.<br />
A Ilha do Governador era um espaço indígena e o Araribóia, que depois dá nome a uma estação das barcas em Niterói, sai dali por causa de guerras que existia entre as tribos indígenas. Ele sai e se refugia onde hoje é o estado do Espírito Santo e depois, na guerra entre portugueses e franceses, onde cada tribo indígena tomou de certa forma um lado, ele consegue voltar para a Ilha do Governador. Porém, não se interessando em ficar lá, ele ganha essa sesmaria onde hoje é a cidade de Niterói. Tem um livro muito bom chamado <i>O Rio Antes do Rio: a Guanabara Tupinambá e suas aldeias ancestrais, a história do primeiro carioca e dos exploradores, conquistadores e moradores que marcaram a fundação do Rio de Janeiro </i>(2016), de Rafael Freitas da Silva, que conta esse passado do Rio. Outro livro muito bom que recomendo para quem quer aprender a história do Rio de Janeiro é <i>A Formação das Estradas de Ferro no Rio de Janeiro: o resgate da sua memória </i>(2004), de Helio Suêvo Rodrigues. É um Rio do fim do século XIX. Estas são as referências básicas que vai de certa forma analisar o resultado desse contato entre o português e os indígenas. E esse contato, é válido sempre dizer, foi marcado pelo etnocentrismo. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>3 - No Pré-vestibular do São Carlos (PREVESC), onde você dá aulas e é um dos coordenadores do curso, há a disciplina História Social do Rio de Janeiro, que é ministrada por você. Qual a importância desta disciplina?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCS: </b>Antes de eu falar da importância, eu gostaria de falar das dificuldades. Quando eu comecei a organizar o PREVESC junto com mais algumas pessoas e a organizar as disciplinas, houve dilemas com relação a isso. Eu sou de História e Ciências Sociais. Colocar esta disciplina em um curso pré-vestibular choca-se com o objetivo de um propósito, que é a aprovação em uma universidade. E isso requer, de uma certa forma, um redirecionamento para um currículo mínimo que o vestibular vai exigir com um ordenado de matérias específicas. E onde entra o Rio de Janeiro nisso? Alguns acusaram de ser uma pegada mais academicista e a gente pode até discutir isso (risos). Só que alguns vestibulares requer esse conhecimento prévio do Rio, principalmente se for um vestibular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). A UERJ pressupõe que você saiba minimamente a história da sua cidade. Mas não só nos aspectos cronológicos: também nos aspectos políticos e culturais. Então, há a necessidade desta disciplina.<br />
O PREVESC fica no Morro do São Carlos, que por sua vez está em uma área central, e é histórico. Então, isso tem um diferencial, até pelo reconhecimento do aluno com o território nas demandas que ele vai ter que aprender pra vida, até no nível mais rudimentar, de você se preparar para um vestibular e a universidade querer que você saiba coisas mínimas no aspecto de sua cidade. Isso é cobrado em provas específicas de humanas, mas perpassa de uma forma geral todas as disciplinas. E como é um pré-vestibular social, o meu interesse é fazer com que os alunos conheçam não só a história do Rio colonial, do centro da cidade, da Zona Sul; mas discutir e problematizar os outros aspectos das áreas metropolitanas do Rio. A importância crucial que essas micro-regiões tinham para o abastecimento da cidade, para a defesa, para tudo. Então, a gente tem que problematizar a memória social destes espaços. A história, como dizia Walter Benjamin (1892 - 1940), é contada a partir da ótica dos vencedores. Os chamados vencidos têm sempre a voz apagada. Então, a história é feita de ausências. Desta forma, colocar a ausência e a memória destes espaços dentro desse repertório disciplinar é uma luta e tanto. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>4 - Você sempre frisa que o nome da disciplina que ministra é História SOCIAL do Rio de Janeiro. Por que o ênfase no social?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCS: </b>Como eu falei acima, eu queria fugir da História <i>scrito sensu</i>. Eu queria uma pegada interdisciplinar e isso está relacionado à minha formação, que sou historiador e graduando e mestrando em Ciências Sociais. O objetivo é trabalhar essas ausências históricas. Porque não problematiza a riqueza cultural e social da Baixada? Pelo fato de ali haver um dos caminhos reais, onde hoje é a Avenida Automóvel Clube, vilas eram construídas. Além disso, tem também a questão dos rios na ligação do espaço e tem uma questão social por causa dos mesmos. É justamente por isso que o social não pode estar dissociado. Porque esses rios viraram valões? Quem passa na Linha Vermelha e sente aquele cheiro insuportável vai imaginar a história de riqueza e grandiosidade que foi o Rio Meriti? Porque aqueles rios viraram valões? Qual o significado da palavra valão? E porquê está associado aqueles espaços? Há estereótipos de valões na Zona Sul, mas não são vistos assim. Porque a Zona Oeste e a periferia não têm tanta evidência nesta produção de conhecimento historiográfico. Além do meu olhar histórico, tem essa pegada social. E eu pego muito no pé com relação a isso. Não é História do Rio de Janeiro: é História Social do Rio de Janeiro. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>5 - Um trajeto que você gosta de fazer em suas aulas sobre Rio de Janeiro abrange o bairro de Santa Cruz e mais alguns bairros. Você pode falar um pouco sobre este trajeto?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCS: </b>Em São Cristóvão há uma riqueza (não estou dizendo que os outros bairros não tem: todos têm). Há o domínio jesuíta, no período colonial. Qual a questão de São Cristóvão? o caminho real, o caminho dos jesuítas. Passa o Brasil colônia, o período joanino, onde reforma a Cidade Nova, Canal do Mangue, toda essa área. Então, se tem uma mudança a partir do que vai ser a Cancela, o caminho dos jesuítas e após a expulsão dos mesmos, passa a ser o caminho real e na República o Amaro Cavalcanti (1849 - 1922) retalha todo o caminho real e aqueles espaços, que eram a antiga Suburbana, passa a ser a Avenida Dom Helder Câmara e a Avenida Santa Cruz, em Santa Cruz, por exemplo.<br />
Outro exemplo é a Avenida Automóvel Clube, em Caxias. Certa feita, vários alunos fizeram perguntas do tipo: "porque uma Automóvel Clube em Caxias, uma em Del Castilho e uma em Petrópolis?" e eu respondia: "Gente, é a mesma avenida". Agora, qual o sentido simbólico destas "retalhações" no período republicano? O objetivo de trabalhar esses roteiros é mostrar a vida simbólica que estes espaços foram adquirindo. Entretanto, fazer isso é dispendioso e precisa de transporte. Então, eu acho que os ex-caminhos coloniais e imperiais ainda estão vivos e presentes na nossa memória, mas porque eles foram transformados e reapropriados simbolicamente e que sentido isso passou a ter? Qual é o objetivo político e social disso? Através destes caminhos a gente tem uma facilidade de ficar em contato com a História do Rio de Janeiro, ou melhor: a História Social do Rio de Janeiro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>6 - A região que hoje corresponde ao bairro de Santa Cruz foi no passado uma propriedade da família imperial. Qual a história desse bairro?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCS: </b>Antes dele ser propriedade da família imperial, uma das casas de verão da família ficava em Petrópolis, onde hoje é o Museu Imperial. A família imperial tinha a Fazenda Real de Santa Cruz, que eles adoravam. A gente diz Santa Cruz hoje como bairro, mas o alcance da fazenda ia até áreas que hoje é o próprio bairro de Santa Cruz, Itaguaí e chegava até Vassouras. Ela era muito grande. E as regiões onde hoje é Paracambi e Sepetiba também faziam parte desta fazenda. Tinha também o Engenho da rainha, que virou um bairro de mesmo nome que fica na Zona Norte carioca. Tinha também a praia de D. João VI (1767 - 1826), perto de onde hoje é o Cemitério do Caju. Havia também a casa de D. Carlota Joaquina (1775 - 1830), onde hoje é a Rua Marquês de Abrantes, no bairro do Flamengo. Então, a família real tinha várias residências. Entretanto, a preferida era a propriedade de Santa Cruz. Então, antes de ser propriedade real e é sempre bom falar isso, a propriedade pertencia aos jesuítas. Ela tinha um aldeamento próprio, a São Francisco Xavier de Itaguaí e depois foi ligado à Fazenda Real de Santa Cruz. E vale dizer que Santa Cruz foi adquirindo s<i>tatus</i>, ela era uma fazenda, depois bairro desmembrado, o matadouro municipal do Rio de Janeiro passou a funcionar lá. Desta forma, Santa Cruz teve todas as características neste processo para ganhar o s<i>tatus </i>de princesinha. Ela tem uma base aérea, os primeiros japoneses que chegaram ao Rio de Janeiro se estabeleceram ali, que era conhecida como Reta do Japonês e hoje é a Reta do Rio Grande.<br />
Tem também uma questão particular minha e de minha família. A minha bisavó, quando veio para o Rio de Janeiro, na década de 1940, conviveu com os japoneses da colônia agrícola de Santa Cruz, que hoje virou conjunto habitacional. Na década de 1980 houve o <i>boom </i>de conjuntos habitacionais em Santa Cruz, que vão descaracterizando a marca rural da região. Santa Cruz tem toda essa importância simbólica. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>7 - No início, o morro era o lugar onde a parcela abastada da população vivia. Com o tempo a situação se inverteu: os pobres subiram o morro e os ricos desceram o morro. Por que isso aconteceu?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCS: </b>Muito simples. O que era o Rio de Janeiro? Morros e pântanos. Então, essa elite quando chega, ocupa as áreas enobrecidas, que eram os morros. No processo de ocupação da cidade, o Rio de Janeiro aterra as suas lagoas e pântanos e desta forma essa população começa a descer. E o morro vai ficar para a população de baixa renda. E quando se aterra e coloca a Alfândega, os serviços públicos e administrativos, esta população começa a descer e acessar tais serviços. É válido falar que o Rio de Janeiro é a única cidade que destruiu seu sítio arqueológico. Estou falando do Morro do Castelo, que foi posto abaixo e teve suas terras usadas para aterrar parte da Urca, da Lagoa Rodrigo de Freitas, do Jardim Botânico e outras áreas baixas ao redor da Baía de Guanabara. E depois da Reforma Pereira Passos, os morros vão passar a ser vistos como um problema social por conta das habitações precárias existentes nos mesmos. No momento em que esta cidade é dominada, aterrada e submetida ao domínio do colonizador, essa elite vai descer.</div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>8 - Você pode contar a história do Morro do São Carlos? Me lembro de você ter dito que no passado ele era uma grande fazenda.</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCS: </b>Sim, chegou a ser fazenda no século XIX e tudo mais. Porém, o que acontece: com o desmembramento, ele passa a ser loteado e ele é um dos morros a ser primeiramente ocupado, não que não tivesse sido ocupado antes, mas a leva de ocupação dele surge com a Reforma Pereira Passos. No início do século XX, ele passa a ser majoritariamente habitado. Lembrando que ele ficava próximo à Pequena África, que hoje é a Praça Onze, que era reduto dos ex-escravos que vinham do Vale do Paraíba, mas também da Mineira e a gente tem uma parte do Morro do São Carlos que se chama Mineira, uma alusão aos migrantes mineiros. Você tem também uma parte colada à Mineira, a São José Operário, que tem esse nome por conta do fato de as primeiras casas a serem construídas eram dos operários e funcionários que ajudaram a construir o Presídio Frei Caneca que existiu na região. Então, o Morro do São Carlos tem esses espaços. Alguns o chamam de complexo, mas eu, antropologicamente falando, não gosto de trabalhar com o termo complexo. Isso porque o complexo passa a ideia de que tudo é homogêneo, quando não é. Se tem as particularidades nestes espaços. Destaque também para Portugal Pequeno, que passa a ser procurado por imigrantes portugueses e é sempre bom falar que a ocupação começa nas escadarias do morro, que são centenárias.<br />
Destaque também para o Querosene, que tem esse nome por conta de uma fábrica de querosene que existiu na região. Então, o Morro do São Carlos tem todas estas particularidades. E isso sem contar com a área da Irmandade, que atravessa a Mineira, que era uma área contestada entre a <i>Light </i>e o Cemitério São Francisco de Paula, que hoje é tomado de pessoas. E não tem como deixar de falar na primeira escola de samba que surge aqui em 1928, a <i>Deixa Falar</i>. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>9 - Já ouvi de algumas pessoas, inclusive de você, que, mesmo tendo por perto a sede da prefeitura, o Morro do São Carlos é esquecido pelo poder público e também praticamente não há muitas ações sociais no mesmo. Qual a explicação para este fato?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCS: </b>Até existem algumas ações sociais, mas não são visibilizadas porque tem todo um histórico social que contribui para isso. Algumas favelas do Rio de Janeiro costumam ter várias ações sociais em seus territórios, o que não é bem o caso do Morro do São Carlos. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>10 - Esta pergunta está relacionada a anterior. O Morro da Providência, que fica de frente para o Morro do São Carlos, tem em seu espaço muitas ações sociais e por vezes é visitado por <a href="https://brasil.elpais.com/brasil/2017/10/26/estilo/1509011668_543528.html" target="_blank">artistas como Madonna</a>. O que faz o Morro da Providência ter esse perfil?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCS: </b>É porque o Morro da Providência é a primeira favela da cidade do Rio de Janeiro. Era chamado de Morro da Favela, onde os combatentes da Guerra de Canudos (1896 - 1897), ao voltarem do combate, começaram a ocupar o morro e a chamar o mesmo de Morro da Favela. Para quem não sabe, favela é uma planta que eles encontravam nos arredores do morro. Com o tempo, a favela passou a ser vista como um problema social. Antes haviam os cortiços, que eram palacetes abandonados pela burguesia, que alugavam os mesmos e iam para a Zona Sul. No século XX, morar de frente para o mar passou a ser símbolo de <i>status</i>. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>11 - Falando em Morro da Providência, estou me lembrando neste momento da novela <i>Lado a Lado </i>(2012), exibida pela Rede Globo e que conta a história da fundação do morro. Como bom noveleiro que você é e que gosta de fazer análises político-sociais a partir de novelas, o que você achou desta novela? A história do Morro da Providência foi contada de forma fidedigna?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCS: </b>Eu não posso dizer que foi fidedigna (risos). É uma novela e por conta disso ela não vai atender a demandas puramente criticas porque ela precisa de audiência para continuar sendo exibida. Teve algumas falhas e acertos, mas a nível cronológico e um pouco político, pode-se dizer que tentou fazer um pouco do que foi a proposta da novela. Entretanto, aquelas discussões de nível sócio-político não foram levadas a fundo, como por exemplo a questão da capoeira, que poderia ter sido abordada de forma menos estigmatizada. Teve também a questão do futebol, que eu achei interessante. Os jogadores negros, que tinham que passar pó de arroz no rosto e brilhantina nos cabelos para poderem jogar, uma vez que naquela época o futebol era um esporte de elite e os negros não tinham permissão para praticar o mesmo.<br />
Infelizmente, vivemos em uma sociedade que não dá ênfase a leitura. Então, o povo vai aprender a História do Brasil por meio das escolas de samba e das novelas históricas. Isso é bom por um lado, mas não traz à tona essas denúncias sociais que uma novela não se propõe a fazer com profundidade. E isso não é uma crítica ao autor ou ao formato de uma novela. Não estou dizendo que não se deve aprender a história por meio de samba enredo e novelas, mas a questão é que a ênfase de você aprender a história do país por tais meios é muito pífia. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>12 - E o que você tem a dizer sobre o Complexo da Maré, que tem em seu território todo tipo de ONG (Organização Não-Governamental) e chega até a ter uma clara disputa de poder, com ONGs atuando no mesmo espaço territorial e visando os mesmos propósitos?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCS: </b>A Maré é uma favela que nasceu pressionando o poder público. Havia uma luta muito grande entre associação de moradores e Getúlio Vargas (1882 - 1954). Era uma luta da Maré com o Executivo e nessa luta os moradores da Maré foram percebendo que eles não poderiam se acomodar, principalmente depois do período de industrialização, quando a construção da Avenida Brasil se inicia e as ocupações nas redondezas se multiplicam; e se não se articulassem e negociassem, eles não conseguiriam várias positividades por parte do poder público naquele espaço. Então, o diálogo entre o poder público e agentes sociais tem essa linha histórica de continuidade muito grande. E ela nasce do embate pela própria sobrevivência porque caso contrário, tudo teria sido aterrado e os moradores teriam sido expulsos de lá.<br />
A própria Nova Holanda, que seria uma favela temporária, acaba se tornando um espaço fixo de moradia e então as forças sociais presentes passam a ter uma visibilidade maior. Então, essa iniciativa, não só privada, mas também pública, precisa estar o tempo inteiro visível com aqueles atores sociais. Aqueles atores sociais são visíveis para aquele espaço ali.</div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>13 - Uma pessoa que não conhece a cidade do Rio de Janeiro pode achar que o bairro do Recreio dos Bandeirantes é perto de bairros nobres como Ipanema e Lagoa, quando na verdade é um bairro mais distante e que fica próximo de bairros como Tanque, Anil e Freguesia; em Jacarepaguá. Por que o Recreio dos Bandeirantes é associado a bairros da Zona Sul carioca?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCS: </b>Porque é um bairro feito para a elite. O Recreio dos Bandeirantes, desde que ele existe, ele é associado a empreendedores paulistas que tinham capital suficiente para residir naquele bairro. É daí que vem o nome do bairro: Recreio dos Bandeirantes, uma referência aos bandeirantes, homens que adentraram o Brasil durante o período colonial para expandir e explorar o território brasileiro, além de capturar a população indígena para usar os índios como escravos. A imobiliária organizava um pique-nique onde os futuros moradores almoçavam e este pique-nique costumava ser realizado no Portal de Sernambetiba. O Recreio dos Bandeirantes foi criado para isso: abrigar a elite.</div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>14 - Tiago, é sempre muito enriquecedor entrevistar você. Para finalizar, peço que você deixe uma mensagem para os leitores do <i>blog A Hora</i>.</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCS: </b>Leiam o <i>blog A Hora</i>. As entrevistas que têm ali possuem um caráter democrático e simbólico a nível de participação muito grande. Você tem atores sociais que contribuem para uma discussão crítica e necessária para se entender os problemas sociais e culturais que estão em voga. Há essa passagem de um resgate histórico onde se está sempre indo a fundo no cerne das questões sociais e das questões mais emblemáticas a serem colocadas em debates públicos. É um momento em que a gente tem que debater cada vez mais. </div>
Marllon Alveshttp://www.blogger.com/profile/16401643299711219814noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-3932688701708172915.post-56987757765480528002019-02-15T13:12:00.002-08:002019-02-15T13:12:57.541-08:00Direita brasileira: uma direita fascista<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img height="266" src="https://cdn-images-1.medium.com/max/1600/1*G4JTpOTPtb6a7SigeCX_iQ.jpeg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="400" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Militantes de esquerda pedem intervenção militar em manifestação. Imagem: Reprodução.<br /><br /><br /><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"> Ao contrário dos movimentos políticos de direita espalhados pelo mundo, a direita brasileira é de cunho fascista. Este fato torna a mesma peculiar e ao mesmo tempo assustadora.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"> Antes de dar continuidade ao assunto, convém primeiro explicar ao leitor o que é direita e o que é fascismo. O primeiro tem sua origem na Revolução Francesa (1789) e serve para classificar aquelas pessoas que defendem o Estado mínimo e são contra programas sociais. Já o fascismo é um regime político e uma filosofia que prega que os conceitos de raça e nação prevaleçam sobre valores individuais. Outra característica do fascismo é a extinção parcial ou total dos direitos de grupos historicamente marginalizados. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"> Por conta do cenário político brasileiro atual, muita gente acha que fascismo e direita são sinônimos, mas não são. Como dito no parágrafo anterior, uma característica do fascismo é a supressão de direitos de grupos historicamente marginalizados. A direita por via de regra não é assim. A Holanda é um país conhecido por ser liberal com relação a comportamento. Lá, as drogas, o aborto e o casamento gay são permitidos. Além disso, devido a uma série de medidas tomadas para ajudar a população carcerária, as prisões holandesas têm se tornado desérticas. E a Holanda não é e nunca foi um país comunista. Justin Trudeau, atual primeiro-ministro do Canadá, levanta a bandeira do feminismo, dos direitos dos LGBTs e legalizou as drogas em território canadense. Justin Trudeau nunca foi comunistae nem o Canadá tem o comunismo por regime político. Aliás, nunca teve.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<img alt="Resultado de imagem para justin trudeau parada gay" height="300" src="http://s2.glbimg.com/q70EKzxccIwQlMH-3t5RjQgHpaQ=/620x465/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2016/07/03/canada.jpg" width="400" /></div>
<div style="text-align: justify;">
Justin Trudeau, atual primeiro-ministro do Canadá, durante parada LGBT no país. Foto: Associated Press.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"> Entretanto, a direita brasileira não é como a direita de outros países do mundo. Além de serem nacionalistas ao extremo, a direita tupiniquim é contra as cotas raciais, direitos LGBTs, dsireitos das mulheres e dos povos indígenas. Se pautas como violência contra a mulher é uma pauta de esquerda, o que se pode esperar da direita brasileira? Que a mesma é a favor da violência doméstica? Por conta de tais pautas serem consideradas de esquerda, a pessoa que defende tais é chamada de esquerdista, mesmo que não tenha nenhuma afinidade com o socialismo. Existem bandeiras que independem de posicionamento político e as citadas neste parágrafo são um exemplo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"> As pautas citadas no parágrafo acima são consideradas de esquerda, mas nem sempre foi assim. No clássico <i>Da Monarquia à República: momentos decisivos </i>(1987), a historiadora Emília Viotti da Costa (1928 - 2017) afirma que o movimento operário que emergia no Brasil entre fins do século XIX e começo do século XX defendiam a igualdade de direitos entre homens e mulheres, mas as mulheres não eram vistas assinando programas e nem participando de Programas Operários. As mulheres também não eram vistas na liderança de partidos políticos. Durante a Ditadura Civil-Militar brasileira (1964 - 1985)houve grupos de resistência ao regime. Foi neste momento também que o movimento <i>gay </i>surgia no Brasil e no mundo. O preconceito era quase que generalizado e estava presente entre os militantes que faziam oposição ao regime então vigente. Em Cuba, um país socialista desde 1959, os homossexuais foram vítimas de preconceito, foram recusados em alguns empregos por conta da orientação sexual e teve alguns que foram parar em uma espécie de campos de concentração. E recentemente em Cuba foi tirado da nova constituição cubana um trecho que abria espaço para o casamento entre pessoas do mesmo sexo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><b>Conclusão</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"> A direta brasileira é uma direita fascista porque os direitistas são contra a projetos que visam ajudar os grupos historicamente marginalizados. No Brasil, alguns temas são considerados de esquerda quando na verdade não deveriam ser. Isso porque são questões relacionadas à dignidade humana e, por conta disso, estão acima de qualquer posicionamento político. </span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
Marllon Alveshttp://www.blogger.com/profile/16401643299711219814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3932688701708172915.post-7516959224840948502019-02-01T13:09:00.002-08:002019-02-01T13:09:46.511-08:00Espiritualidade: uma arma usada por alguns cristãos para camuflar problemas sociais<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img alt="Resultado de imagem para jesus multiplicação dos pães" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjbU8EQ7o5eVt4JS3Y0V8GRk1k_r6jAkIh3ylwnyyN-iec1XgDtcDcfTKp598uB_4P_dPZ3v1yEETrv0vBtPMhLTRP4JYm2_SLpEWwPBPe-42CKOJKQUeLRTV3ATXdD7AeSxcIMJSjKytl/s400/multiplicacao-de-cinco-paes-e-dois-peixes.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="400" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ilustração acerca da multiplicação dos pães e peixes, uma das passagens mais conhecidas da Bíblia. Este fato mostra que Jesus não se preocupou somente com a alma do ser humano, mas também com o corpo do mesmo. Imagem: Reprodução.<br /><br /><br /><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"> Os primeiros seguidores de Cristo viveram a máxima do amor ao próximo e em nome deste mesmo amor compartilhavam tudo entre si para que ninguém passasse necessidade. O tempo passou, o número de seguidores de Jesus aumentou e a prática do bem comum foi praticamente abandonada. É neste momento que entra a espiritualidade, usada por alguns ditos cristãos para camuflar as desigualdades sociais.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"> Conforme a Bíblia relata no livro de Atos dos Apóstolos, os primeiros seguidores de Jesus compartilhavam do bem comum: os mais abastados ajudavam os mais necessitados. Porém, o tempo foi passando e o número de seguidores de Cristo aumentando. Com isso, a ideia do bem comum foi sendo deixada de lado. Em <i>Socialismo e as igrejas </i>(1905), Rosa Luxemburgo (1871 - 1915) analisa o modo como a Igreja deixa de ser simples e passa a ser grandiosa, influenciando a política de uma sociedade. Neste mesmo livro, Rosa afirma também que o fato de o cristianismo ter deixado de ser uma religião humilde e composta por pessoas também humildes para se transformar em um grandioso e influente império; fez com que a religião cristã deixasse para trás a ideia do bem comum e a substituísse por uma postura conivente com a exploração dos mais pobres. Rosa Luxemburgo (1871 - 1915) destaca também que o número de cristãos que pregavam o bem comum passou a ser muito pequeno. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"> Mesmo tenso sido publicado pela primeira vez em 1905, a obra <i>Socialismo e as igrejas</i> não perde a sua atualidade. Em tal livro, Rosa Luxemburgo (1871 - 1915) analisa a Igreja Católica, mas o mesmo livro serve perfeitamente para se compreender o protestantismo atual no Brasil. Igrejas cujos membros vivem na pobreza têm templos extremamente luxuosos, com direito a telão, estacionamento e até equipe de filmagem para transmitir as reuniões ao vivo pela <i>internet </i>da melhor forma possível. Pastores extorquem os fiéis com a justificativa de financiar infinitas campanhas e projetos sociais. Muita gente aceita esta situação porque acreditam que serão exaltadas e enriquecerão. É a chamada Teologia da Prosperidade, incompatível com os ensinamentos de Jesus e com o pensamento político de esquerda. Isso explica em parte a razão de tantos cristãos serem de direita. Voltando a falar dos pastores que extorquem as suas ovelhas, os mesmos costumam morar em bairros nobres, têm casas, fazendas, motoristas particulares e até helicópteros. Alguns cantores <i>gospel </i>seguem a mesma linha: cobram cachês absurdos para irem cantar, só aceitam hotel 5 estrelas, exigem em seus camarins frutas da estação, água e toalhas brancas. Estes mesmos cantores moram em bairros nobres e costumam viajar para o exterior com frequência. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<img alt="Presidente boliviano, Evo Morales, presenteou o Papa Francisco com um crucifixo de madeira com formato da cruz e machado, sÃmbolo comunista da união de operários com camponeses, em La Paz, nesta quinta (9) (Foto: Osservatore Romano/Reuters)" height="258" src="http://s2.glbimg.com/-RBiemiif97tRVTuiPU3XnlnnOk=/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2015/07/09/bolivia.jpg" width="400" /></div>
<div style="text-align: justify;">
Evo Morales, presidente da Bolívia, presenteia o Papa Francisco com um crucifixo no formato de foi e martelo, símbolo do comunismo. Cristo e as doutrinas sociais de esquerda combinam? Imagem: <i style="font-size: 12.8px;">Observatore Romano</i><span style="font-size: 12.8px;">/<i>Reuters</i>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.8px;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.8px;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"> A relação da Igreja com as doutrinas sociais de esquerda nunca foi das mais amigáveis. A Igreja já disse que os comunistas comem crianças, invadem propriedades e até impedem os cristãos de exercerem a sua religiosidade. Há aqueles que dizem também que o comunismo já matou mais do que todas as catástrofes naturais e não-naturais que o mundo já viu. Por mais absurdas que possam parecer (e de fato são), há muitas pessoas, inclusive cristãs, que acreditam nas mesmas. Além de usarem tais argumentos contra militantes de esquerda, alguns cristãos, na tentativa de desmerecer os mesmos, usam o argumento da espiritualidade. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"> Antes de dar continuidade a este assunto, convém lembrar que nem todo aquele que luta pela justiça social é de fato de esquerda. Dando continuidade ao texto, muitos cristãos usam como argumento para criticar as doutrinas sociais de esquerda (comunismo, socialismo e anarquismo por exemplo) e também a Teologia da Libertação (corrente teológica cristã nascida na América Latina que diz que o Evangelho deve ficar ao lado dos pobres e defender os mesmos) o suposto fato de que tais tiram o foco principal da mensagem de Cristo: a salvação do homem. Entretanto, se analisadas as visões político-ideológicas destas pessoas, as mesmas em sua grande maioria apoiam políticos que legitimam a desigualdade social e destroem o Meio Ambiente por exemplo. É a revisitação da concepção de que a pobreza é um desejo divino e que cabe ao pobre se conformar com a mesma. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<img height="200" src="https://img.huffingtonpost.com/asset/5c335bda240000500060f234.jpeg?ops=scalefit_630_noupscale" width="400" /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pessoas marchando contra a LGBTfobia. É justamente pelo fato de Jesus ter me ensinado a amar o próximo que o combate a LGBTfobia é uma das minhas bandeiras políticas. Imagem: Paulo Whitaker/<i>Reuteurs</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"> Durante muito tempo eu separava o que era espiritual e o que não era. Hoje eu não faço mais isso, pois acredito que glorificar a Deus não se limita a execução de atividades religiosas. Frequentei a Assembleia de Deus (<a href="http://marllon221190.blogspot.com/2016/06/porque-me-desliguei-da-assembleia-de.html" target="_blank">veja aqui</a>) por mais de dez anos e algo que me chamava a atenção era que alguns líderes não incentivavam os liderados de forma contundente a estudar mais, ler mais e buscar um aperfeiçoamento profissional por exemplo. Uma coisa que aprendi foi que Jesus não faz nada pela metade. NADA. Se a pessoa estiver com problemas psicológicos, Jesus vai tratar nesta área (isso não significa que a pessoa não deva procurar um psicólogo, pelo contrário); se a pessoa estiver com problemas na vida sentimental, Jesus vai tratar nesta área; e se a pessoa tiver alguma enfermidade no corpo, Jesus vai tratar nesta área também (isso não significa que a pessoa não deve buscar ajuda médica, muito pelo contrário). Vou citar outra coisa para vocês onde eu vou mostrar que a separação entre o espiritual e o não-espiritual não é tão clara assim, se é que essa separação de fato existe. Jesus falou para amarmos o nosso próximo como a nós mesmos (Mateus 22: 39) e é em nome desse amor que eu luto para combater a pobreza, a desigualdade de gênero, contra a LGBTfobia e contra o racismo. Uma coisa que me chama a atenção é o fato de a maioria das denominações cristãs colocarem Jesus como uma pessoa completamente indiferente às questões político-sociais de sua época. Uma leitura atenta dos Evangelhos mostra exatamente o contrário. Além disso, o escritor Reza Aslan analisa o assunto de modo magistral no livro <i>Zelota: a vida e a época de Jesus de Nazaré </i>(2013).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"> Muitos negam, mas o fato é que a concepção de que política não é algo para cristão ainda é forte dentro da crença cristã. Desenvolvi e aperfeiçoei (ainda estou aperfeiçoando, é um processo contínuo) minha veia política quando frequentava a Assembleia de Deus. Eles não falavam, mas meus <i>posts </i>politizados nas redes sociais incomodavam os cristãos mais conservadores. Eles me cobravam de forma indireta <i>posts </i>religiosos e dependendo deles eu não colocaria outra coisa em minhas redes sociais. Eu só escrevo tais mensagens quando me dá vontade e quando não dá vontade, eu não escrevo. E assim a vida segue. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"> Acredito que somos forasteiros e peregrinos neste mundo (2 Pe 2: 11), mas isso não significa que eu seja indiferente às coisas deste mundo. É como uma pessoa que mora de aluguel, realidade de tantos brasileiros. A casa não é sua e uma hora você vai ter que sair de lá, mas enquanto você estiver lá, é sua obrigação lavar o banheiro, passar uma cera no chão e tirar a poeira da casa. A relação com o mundo é a mesma coisa: enquanto estivermos neste mundo, que cuidemos das coisas deste mundo, lutando por uma sociedade justa e igualitária.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"><b>Conclusão</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"> A (falsa) espiritualidade é usada para mascarar as desigualdades sociais. Na prática, a separação entre o que é espiritual e o que não é não é muito definida. Além disso, um Evangelho que não é comprometido com a totalidade do homem e com as causas sociais é um Evangelho pela metade. </span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
Marllon Alveshttp://www.blogger.com/profile/16401643299711219814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3932688701708172915.post-20963591734891419422019-01-25T14:11:00.001-08:002019-01-25T14:11:21.703-08:00Coisas que a esquerda deve evitar<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZBgP3BxUiLCvFoBgdYjaicLgf-LYxvrctWiGi9nw1IzBNAFS4-fcK6dwd-JFI1JGn1wk9J6nxlPkwcIGyyJ_0BnJAiaHrrUhsAo79n1cJ4aOI9dvCMRJz6FNZ0UPlJMIGiyr5nRbEDnEb/s1600/manifestacao-.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="373" data-original-width="560" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZBgP3BxUiLCvFoBgdYjaicLgf-LYxvrctWiGi9nw1IzBNAFS4-fcK6dwd-JFI1JGn1wk9J6nxlPkwcIGyyJ_0BnJAiaHrrUhsAo79n1cJ4aOI9dvCMRJz6FNZ0UPlJMIGiyr5nRbEDnEb/s400/manifestacao-.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Manifestação organizada por centrais sindicais no dia 20/08/2015, em São Paulo. Foto: Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Este texto é fruto de experiências vividas por mim e também por experiências que me foram contadas acerca da esquerda brasileira.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>1 - Saia da bolha: </b>a maioria dos movimentos de esquerda só falam para os seus. Eu já fui em inúmeros eventos organizados por pessoas de esquerda e o público presente eram basicamente militantes. Se estamos falando de favelas, cadê aquele senhor que praticamente viu a favela nascer? Cadê aquela mãe cujo filho foi assassinado pela PM? Cadê aquele jovem que é abordado pela polícia toda vez que sai de casa para trabalhar?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>2 - Retome o trabalho de base: </b>este tópico está relacionado ao primeiro. Ao longo da história o trabalho de base foi muito usado pela esquerda. Aliás, foi o trabalho de base que fez do PT (Partido dos Trabalhadores) no maior e mais importante partido de esquerda da América Latina. Nos últimos anos, a esquerda abandonou este trabalho e o que se vê é o avanço da extrema-direita no Brasil. Retomar o trabalho de base é algo de vital importância nestes tempos sombrios;</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>3 - Não trate o adversário político como inferior: </b>vi muitas pessoas nas eleições presidenciais de 2018 tratando os eleitores do Bolsonaro como pessoas sem conhecimento e desprovidos de cultura política. Nem todos que votaram no Bolsonaro são alienados ou coisa parecida. Alguns tinham a plena consciência do que estavam fazendo. Pare de agir como um ser de luz que tem a missão de iluminar os demais;</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>4 - Ato por si só não resolve nada: </b>nos últimos tempos a esquerda tem ido para as ruas com muita frequência para manifestar a insatisfação contra os desmandos do governo, algo legítimo e que tem o meu apoio. Fizeram a manifestação, mas e depois? O que fazer? Havia um trabalho sendo realizado antes da manifestação? Protesto por si só não resolve muita coisa.</div>
Marllon Alveshttp://www.blogger.com/profile/16401643299711219814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3932688701708172915.post-66378251321271293282018-10-02T08:32:00.000-07:002018-10-02T08:32:47.248-07:00Pausa necessária<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjm8oIYVtoSN2aC5_GKMOSiPqMMYquaDAX3lnUys-gFjPgAcxobt-T4wkccttCcfoUHTXC-Kr-q_7JlzVHZSIVTlZCKOftzJKC8oHwg4cLjM4kzRVWEtxSqeIEq2AaXAy3N9XtdwtsVljTv/s1600/estudo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1067" data-original-width="1600" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjm8oIYVtoSN2aC5_GKMOSiPqMMYquaDAX3lnUys-gFjPgAcxobt-T4wkccttCcfoUHTXC-Kr-q_7JlzVHZSIVTlZCKOftzJKC8oHwg4cLjM4kzRVWEtxSqeIEq2AaXAy3N9XtdwtsVljTv/s400/estudo.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem: Reprodução.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pessoal, estou passando aqui para avisar que durante o mês de outubro não haverá texto novo. Estou desde o ano passado me preparando para um longo, exaustivo e difícil processo seletivo. A etapa mais difícil deste processo ocorre no começo de novembro e eu preciso de todo o tempo e dedicação do mundo se eu quiser obter a desejada classificação. A partir do mês que vem eu volto a escrever aqui, mas será somente um texto por semana e não dois, como é o hábito. A normalidade da publicação de textos (dois por semana) só será restaurada ano que vem. Peço a compreensão de todos e também que torçam por mim, pois este é um importante passo em minha carreira. Por enquanto, não vou falar que concurso é esse, mas espero compartilhar a vitória com vocês, caso eu alcance a mesma. As páginas do <i>blog </i>no <i>Facebook </i>e no <i>Twitter </i>continuarão a ser atualizadas, só que em um ritmo menor. Já estou com saudades e espero voltar a escrever aqui logo e também comemorar, se Deus quiser. </div>
Marllon Alveshttp://www.blogger.com/profile/16401643299711219814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3932688701708172915.post-74145860752690315992018-09-27T05:58:00.000-07:002018-09-27T05:58:27.381-07:00Entrevista com Renato Drummond Tapioca Neto<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgukOFE522nMtc5jIcdSa0f_hCQf02-NxOEV1ARTY9vfUSV_gdtM4cRbrsJaLHh6iKMGGzq4-r4ABlKFRcY3X0Ani2I3k3czx9Jwn07aeTH9PCFPm3S8eKPsH_kH2GhuAYi711jmwknnV1Z/s1600/renato+2.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1132" data-original-width="1600" height="282" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgukOFE522nMtc5jIcdSa0f_hCQf02-NxOEV1ARTY9vfUSV_gdtM4cRbrsJaLHh6iKMGGzq4-r4ABlKFRcY3X0Ani2I3k3czx9Jwn07aeTH9PCFPm3S8eKPsH_kH2GhuAYi711jmwknnV1Z/s400/renato+2.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Renato, o entrevistado do mês de setembro do blog <i>A Hora</i>. Imagem: Martharluam Silva. </td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b> </b>O mês de setembro chega ao fim e, como acontece todo mês no <i>blog</i>, eu publico aqui uma entrevista. O entrevistado do mês de setembro é Renato Drummond Tapioca Neto. Renato é licenciado em História pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) (2014) e mestre em Memória: Linguagem e Sociedade pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) (2017). É o autor do <i>blog <a href="https://rainhastragicas.com/" target="_blank">Rainhas Trágicas</a> </i>e do livro <i>Rainhas Trágicas: quinze mulheres que moldaram o destino da Europa </i>(2016), publicado em Portugal. Atualmente, é professor de História no Colégio Estadual Lauro Farani Pedreira de Freitas (Iaçu - Bahia) e professor visitante na Escola de 1º Grau Pererê (EPGP).</div>
<div style="text-align: justify;">
Dia 07 de setembro é o dia em que o Brasil se torna independente de Portugal, deixando de ser colônia e se tornando um império. Por conta disso, convidei Renato para uma entrevista aqui a fim de falarmos sobre o período imperial brasileiro e também sobre algumas rainhas que deixaram seu nome na história. Confira:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>1 - A Hora: Eu sempre começo minhas entrevistas perguntando sobre a infância do entrevistado. Me fale um pouco como foi a sua.</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Renato Drummond Tapioca Neto: </b>Para muitos, a infância se constitui numa das fases mais douradas da vida. Comigo não foi diferente. As crianças costumam observar o mundo através das lentes da fantasia e, assim, conseguem suportar melhor momentos difíceis. Meus pais se separaram quando eu tinha cinco anos de idade e minha mãe trabalhava em tempo integral para dar uma boa educação aos filhos. Desde então, fui criado por ela, minha avó e tia. Acredito que tenha sido por isso que eu me tornei um apaixonado pela história das mulheres, pois cresci cercado por mulheres fortes e independentes, que me ensinaram a ter respeito às diferenças, gentileza para com o próximo e me incutiram o valor do estudo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>2 - AH: O que o levou a cursar História?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>RDTN: </b>Essa pergunta é um pouco engraçada, pois a resposta está relacionada a da questão anterior. Quando eu era criança, minha avó comprava semanalmente para mim uma revista infantil cujo brinde era o similar de uma peça de arqueologia acompanhada de um folheto explicativo sobre a cultura a qual o item pertencia. Essa foi a porta de entrada para que eu me aprofundasse mais no assunto. Eu passava horas na biblioteca da escola a procura de livros sobre a Grécia Clássica e o Egito Antigo. Me tornei então um apaixonado pela história, mas não imaginava que pudesse viver disso. Meus professores do Ensino Médio me orientaram bastante na minha escolha profissional e eu percebi que meu trabalho não precisava ficar tão distante daquilo que eu amava. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>3 - AH: Em 2017, você defendeu a sua dissertação. Você pode falar um pouco sobre o que pesquisou no mestrado?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>RDTN: </b>Na minha dissertação de mestrado, defendida em 20 de fevereiro de 2017, sob orientação do Prof. Dr. Marcello Moreira, pesquisei a representação dos casamentos arranjados no romance <i>Senhora </i>(1875), de José de Alencar. O autor critica este tipo de matrimônio, comparando-o a uma transação comercial similar à escravidão, na qual a noiva, por meio do dote, compra o noivo que lhe convém. Para tanto, fiz um cruzamento de fontes, como relatos de cronistas estrangeiros e jornais do período com a determinada obra, no intuito de complementar e mesmo contrastar com a opinião do romancista sobre alguns aspectos da aristocracia imperial, especialmente no que concerne à questão da mulher economicamente emancipada. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>4 - AH: A Independência do Brasil foi proclamada há 196 anos atrás, dando início ao período conhecido como Brasil Imperial (1822 - 1889). Qual o legado que o Brasil monárquico nos deixou?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>RDTN: </b>Acredito que o maior legado do período imperial tenha sido a manutenção da unidade territorial brasileira, que poderia ter se esfacelado, como ocorreu com as vizinhas colônias espanholas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>5 - AH: D. Amélia de Leuchtenberg (1812 - 1873) se casou com D. Pedro I (1798 - 1834) depois que este ficou viúvo. Entretanto, ao contrário do que acontece com D. Leopoldina (1797 - 1826), D. Amélia não é muito lembrada. Por que isso acontece?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>RDTN: </b>Dona Amélia viveu muito pouco no Brasil, de 1829 a 1831 e, portanto, não teve tempo suficiente para conquistar a devoção dos súditos de Dom Pedro I, como aconteceu com Dona Leopoldina. Além disso, não se envolveu em nenhum projeto político de destaque, ao contrário da primeira imperatriz. Talvez por isso ela não seja tão lembrada por nós, apesar de ter contribuído bastante para reabilitar a imagem do marido, desgastada desde a morte de Leopoldina. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>6 - AH: Nos últimos tempos, os movimentos de restauração monárquica têm crescido consideravelmente no Brasil. Qual a explicação para este fenômeno?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>RDTN: </b>Penso que isso se deve ao momento de instabilidade política ao qual nós vivemos. Muitas pessoas procuram saídas para a crise e algumas defendem a bandeira do antigo regime por acreditarem ser esta a solução para os problemas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>7 - AH: O que o levou a criar o <i>blog Rainhas Trágicas</i>?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>RDTN: </b>Criei o <i>Rainhas Trágicas </i>como uma forma de compartilhar com o público de leitores interessados as minhas pesquisas para o meu trabalho de conclusão de curso. Com o tempo, fui expandindo o espaço para abarcar outros temas. O número de acessos ao <i>blog </i>foi aumentando e, com eles, as sugestões dos seguidores. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>8 - AH: O seu livro intitulado <i>Rainhas Trágicas: quinze mulheres que moldaram o destino da Europa </i>(2016) foi publicado em Portugal. O que o levou a fazer isso? É muito difícil lançar livro no Brasil?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>RDTN: </b>A ideia de publicar um livro era algo que só ocorria uma vez terminada minha formação acadêmica. A proposta veio um pouco mais cedo, através do Guilherme Pires, que na época era editor na Vogais Editora, de Portugal. Trabalhei então no material publicado no b<i>log</i>, reescrevendo-o e compondo um material inédito para a publicação. Assim nasceu o <i>Rainhas Trágicas: quinze mulheres que moldaram o destino da Europa </i>(2016). </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>9 - AH: Você já pesquisou e ainda pesquisa sobre diversas monarcas de diferentes épocas e lugares. Há uma que você considera a sua preferida e/ou que lhe serve de inspiração?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>RDTN: </b>Sem dúvidas, Ana Bolena (c. 1501/1507 - 1536) continua sendo a minha preferida. Foi ela a porta de entrada para que eu conhecesse a vida de outras soberanas trágicas, tais como Maria Antonieta (1755 - 1793) e Dona Leopoldina. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>10 - AH: Em 2018 faz 100 anos que a família Romanov, cuja integrante mais conhecida é Anastácia Nikolaevna (1901 - 1918), foi executada. Por conta deste fato, muitos textos têm sido publicados na <i>internet </i>sobre a família em questão e a <i>Netflix </i>anunciou em 2017 que vai fazer uma série documental sobre a família Romanov. Este interesse por tal família é algo que sempre esteve presente na sociedade ou só faz parte da lembrança dos 100 anos do brutal assassinato?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>RDTN: </b>Penso que esse crescente interesse se deva principalmente ao centenário do assassinato da família. Em 1918, eles não eram muito queridos na Rússia e não houve comoção popular ante a notícia da morte da família em questão. Em seguida, surgiram os impostores e então os Romanov voltaram a ser machete, especialmente o caso de Anna Anderson (1896 - 1984), que chegou a mover um processo judicial para ser reconhecida como Anastácia Nikolaevna. Essa afirmação caiu por terra quando os remanescentes humanos das vítimas de Ecatimburgo foram revelados, após a queda da União Soviética (URSS), em 1991. Muitos documentos relativos ao assassinato da família imperial, antes mantido sob sigilo, foram divulgados, oferecendo assim mais luz sob o que aconteceu na casa Ipatiev naquela madrugada de 17 de julho de 1918. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>11 - AH: No continente africano e também no Oriente Médio há regiões que são governadas por dinastias. Entretanto, eu nunca vi (pode ser que exista) um texto em seu <i>blog </i>sobre tais monarquias. As dinastias da África e do Oriente Médio não são o foco das suas pesquisas?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>RDTN: </b>Tenho começado a pesquisar mais sobre outras dinastias agora, como parte desse processo de expansão do escopo de temas publicados no <i>Rainhas Trágicas</i>. Tenho muito interesse por figuras como Cleópatra VII (69 a. C. - 30 a. C.) e a rainha Ginga (1583 - 1663). Pretendo escrever matérias sobre elas ainda este ano. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>12 - AH: Renato, foi um prazer muito grande entrevistar você e agradeço o carinho e a atenção com que você me tratou desde a primeira vez em que eu entrei em contato com você. Agora, para fechar esta entrevista maravilhosa, você pode deixar uma mensagem para os leitores do <i>blog A Hora</i>?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>RDTN: </b>Eu que agradeço pelo interesse e pela consideração. Aos leitores do b<i>log A Hora</i> que estiverem lendo essa entrevista, agradeço pela paciência e os convido a conhecer o <i>Rainhas Trágicas</i>. Suas opiniões serão muito bem vindas. Um abraço! </div>
Marllon Alveshttp://www.blogger.com/profile/16401643299711219814noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3932688701708172915.post-59798768324072275122018-09-20T07:53:00.000-07:002018-09-20T07:53:06.368-07:00A necessidade da criação de um grande sistema de reciclagem de lixo<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAtD_5zALy2VHv0HTfF4u0FmFwiisKsp1Jr1TiJSChhNhqvpYoL2ORgy6R8stwYwSwUGZvgIfgAalI6Jko1Wh9zeL3665q6vZ3gAP-4vBHtE3ygNl6qBLBvYrKKvQ0Lp3ORqOYHt_bIoRl/s1600/reciclagem.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="240" data-original-width="380" height="252" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAtD_5zALy2VHv0HTfF4u0FmFwiisKsp1Jr1TiJSChhNhqvpYoL2ORgy6R8stwYwSwUGZvgIfgAalI6Jko1Wh9zeL3665q6vZ3gAP-4vBHtE3ygNl6qBLBvYrKKvQ0Lp3ORqOYHt_bIoRl/s400/reciclagem.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Separação do lixo para reciclagem. Imagem: Reprodução.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não é em todos os casos que aquilo que vai para o lixo é necessariamente sem utilidade. Aquilo que vai para a lata do lixo tem a sua utilidade e é aí que entra a reciclagem do lixo. Entretanto, os muitos locais de reciclagem do lixo não dão conta da imensa quantidade de lixo produzida pela sociedade. É por estas e outras que os índices de poluição continuam a subir sem parar. </div>
<div style="text-align: justify;">
Se tem por hábito mandar para a lata do lixo tudo aquilo que perdeu a sua utilidade. Restos de comida, comida estragada, potes vazios, vidros quebrados e garrafas <i>pet</i> são alguns dos muitos exemplos. Porém, nem tudo o que vai para o lixo tem a sua utilidade completamente descartada. Os restos de comida podem virar adubo, os potes vazios podem se usados como vaso para mudas de plantas e as garrafas <i>pet </i>podem ser usadas para os mais diversos fins. E é aí que entram em cena os centros de coleta de lixo. Tais centros separam o lixo de acordo com a definição do mesmo (vidro, plástico, papel e vidro por exemplo) e o vendem para empresas que usam produtos reciclados por exemplo. </div>
<div style="text-align: justify;">
O processo acima analisado é lindo e seria mais bonito ainda se a quantidade de lixo reciclado fosse ainda maior. A realidade é que os centros de reciclagem não dão conta de tratar as muitas toneladas de lixo produzidas pela sociedade em várias regiões do Brasil. Em 2017, a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro disse que apenas 1,9% do lixo produzido na cidade é destinado à reciclagem, em São Paulo tal número sobe para 2,5% e no Distrito Federal, 5,8% do lixo passam pela coleta seletiva. Além disso, somente 1.055 cidades brasileiras (o Brasil tem 5.570 municípios) realizam a coleta seletiva, o que significa que apenas 18% dos municípios brasileiros realizam a reciclagem de todo ou parte do lixo que produzem. A quantidade do lixo reciclado no Brasil pode ser grande, mas a de lixo não-reciclado é absurdamente maior. Vale citar neste contexto os lixões a céu aberto e aterros sanitários. De acordo com dados da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), 75% dos rejeitos produzidos nas regiões Norte e Nordeste do país são jogados em lixões e aterros onde o solo não é impermeabilizado. Este número cai para 45% na região sudeste. Os lixões a céu aberto deveriam ser sido extintos no país em 2014, mas os mesmos continuam firmes e fortes no Brasil.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSY6a9seWNmxG9CHt0cpj_pMIMZrj3hv8pJSbUI5uxCfD8iie-NuFOQ9GR5tQ1Q84k1xCEcIbm1XyyLf9H80oBNtMCIT3gyYoZsT-meEKtGsSQKd0bDLwFNpF56fTpnBic-Ww0wIIpHMvP/s1600/urso.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="300" data-original-width="600" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSY6a9seWNmxG9CHt0cpj_pMIMZrj3hv8pJSbUI5uxCfD8iie-NuFOQ9GR5tQ1Q84k1xCEcIbm1XyyLf9H80oBNtMCIT3gyYoZsT-meEKtGsSQKd0bDLwFNpF56fTpnBic-Ww0wIIpHMvP/s400/urso.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Urso polar procura comida no lixo. Créditos na imagem.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A coleta seletiva de lixo se faz necessária porque, além de gerar empregos (o que é essencial diante do período de recessão que o Brasil está vivendo), contribui para a preservação do Meio Ambiente. Na mente de muitos, há a crença de que o que vai para o lixo deixa de existir, o que não é verdade. O que vai para o lixo continua existindo em algum outro lugar, perto ou longe de você. O planeta Terra pode abrigar a vida humana, mas não consegue abrigar as muitas toneladas de lixo produzidas pelos humanos. Na falta de espaço e de reciclagem do lixo, o mesmo é despejado em mares, florestas e rios por exemplo. Isso contribui com o aquecimento global e também para a extinção de alguns animais. Notícias de aminais que ingeriram plástico e morreram por causa disso e/ou de animais com lixo preso em alguma parte de corpo têm se tornado cada vez comum. Se algo não for feito, a tendência é a situação piorar nos próximos anos. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Conclusão</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b> </b>O planeta Terra tem capacidade para abrigar a vida humana, mas não a imensa quantidade de lixo que a mesma produz. Por conta disso, o lixo produzido pelos humanos costuma ser despejado em rios, florestas e mares por exemplo. Isso coloca o Meio Ambiente em risco, bem como os animais. Os recursos naturais são renováveis, mas não inesgotáveis. Se o lixo não for tratado e continuar a ser jogado em tais lugares, o que veremos (ou melhor: estamos vendo) será a destruição crescente da natureza e a extinção dos animais. Além disso, a coleta seletiva do lixo pode gerar muitos empregos, principalmente no Brasil, onde tem muita gente precisando. </div>
Marllon Alveshttp://www.blogger.com/profile/16401643299711219814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3932688701708172915.post-44588678069010742018-09-06T07:36:00.001-07:002018-09-06T07:36:40.772-07:00A entrada do mundo árabe no futebol mundial<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYuXjNc29E6M99WeY09OoEJ9cEPLqzmsEEbma8fa6uqbFZpeUJCSHpDjsrQz7BCgy1KNMqZkeQdYAwcP3Ex_N28XOih7ZUMndSU3fISe9mRt30_F7oy2TXZpPz7nzBzTL7ey7Un11OdhDN/s1600/salah.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="1200" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYuXjNc29E6M99WeY09OoEJ9cEPLqzmsEEbma8fa6uqbFZpeUJCSHpDjsrQz7BCgy1KNMqZkeQdYAwcP3Ex_N28XOih7ZUMndSU3fISe9mRt30_F7oy2TXZpPz7nzBzTL7ey7Un11OdhDN/s400/salah.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mohamed Salah, maior nome do Liverpool na atualidade, da seleção egípcia de futebol e também da Associação de Futebol da União Árabe. Imagem: Clive Brunskill/<i>Getty Images</i>. </td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nos últimos anos se tem visto o mundo árabe entrar cada vez mais fundo no mundo do futebol. A entrada no mundo futebolístico tem se dado diretamente, por meio de competições e jogadores, mas também indiretamente, através de empresas de origem árabe que patrocinam os maiores clubes de futebol do mundo. O objetivo por trás de tudo isso é o reconhecimento a nível mundial.</div>
<div style="text-align: justify;">
O mundo árabe busca a sua inserção no futebol desde pelo menos a década de 1970, quando foi criada a <i>Union Arab de Football Association - UAFA </i>(Associação de Futebol da União Árabe em português), em 1974. Tal federação é intercontinental e reúne em suas competições clubes e países que seguem a doutrina do islamismo, tendo descendência árabe em sua cultura. Alguns países que fazem parte desta confederação são: Arábia Saudita, Argélia, Catar, Egito, Emirados Árabes Unidos, Iraque e Marrocos. Além disso, alguns dos países da <i>UAFA </i>estiveram presentes na Copa do Mundo de 2018, realizada na Rússia, como por exemplo: Arábia Saudita, Egito, Marrocos e Tunísia. Vale destacar também as competições regulares de futebol organizadas pela <i>UAFA</i>, que são a Copa do Golfo, os Jogos Pan-Arábicos, a Copa das Nações Árabes, a Copa do Golfo de Nações Sub-23, Copa do Golfo de Nações Sub-17, a Liga dos Campeões Árabes e a Supercopa Árabe-Africana por exemplo. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQDBOT5shvvaZSIQMRt2O7GyKDqL_4_gi4m6v7tpha6pdGgfrLrwm5ijnM9Y9_ZJhyAOvBIeqER7Wd4vfLxgVftvMqLCVJEuM8zpY4D4MH3FeXgEe6_HutmqkHMmAwWx6-VG8hWBg0wbl0/s1600/madri.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="581" data-original-width="1130" height="205" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQDBOT5shvvaZSIQMRt2O7GyKDqL_4_gi4m6v7tpha6pdGgfrLrwm5ijnM9Y9_ZJhyAOvBIeqER7Wd4vfLxgVftvMqLCVJEuM8zpY4D4MH3FeXgEe6_HutmqkHMmAwWx6-VG8hWBg0wbl0/s400/madri.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O Real Madrid tem com a <i>Emirates </i>o maior contrato de patrocínio do mundo. Imagem: Divulgação/Real Madrid. </td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A entrada do mundo árabe no espaço futebolístico mundial se dá de forma direta, procurando tentar organizar o seu futebol da melhor maneira possível, mas também de forma indireta, por meio de empresas de origem árabe. A <i>Emirates</i>, maior e mais importante companhia aérea dos Emirados Árabes Unidos, é patrocinadora do <i>Paris Saint-Germain </i>(PSG). Tal clube não tem economizado nos investimentos de seu futebol, bem como na contratação de jogadores. Algumas das maiores contratações do PSG são: Cavani (R$ 182 milhões), David Luiz (R$ 185, 6 milhões), Di Maria (R$ 270 milhões), Mbappé (R$ 718 milhões) e, é claro, a maior contratação da história do futebol mundial: Neymar (R$ 821, 4 milhões). O atual presidente do <i>Paris Saint Germain </i>é Nasser Al-Khelaïf, ex-tenista e empresario catariano que tem uma fortuna estimada em US$ 256 bilhões (o que daria mais de R$ 1 trilhão). Além de patrocinar o PSG, a <i>Emirates </i>também patrocina os seguintes clubes: Arsenal (Inglaterra), Benfica (Portugal), Hamburgo (Alemanha), Milan (Itália), Olympiacos (Grécia) e Real Madrid (Espanha). </div>
<div style="text-align: justify;">
O Real Madrid merece destaque neste contexto. Tal clube é o segundo mais rico do mundo, com uma receita de 674,6 milhões de euros e fica atrás do <i>Manchester United </i>(Inglaterra), que tem uma receita de 676, 3 milhões de euros. Em 2017, a <i>Emirates </i>e o Real Madrid firmaram um acordo de extrema grandeza. Por quatro anos, a empresa de Dubai vai destinar 280 milhões de euros (R$ 1,27 bilhão) ao Real Madrid. Isso dá 70 milhões de euros (R$ 318 milhões) por ano ao time merengue. É o maior contrato de patrocínio de um time de futebol já assinado por um clube no mundo. Tamanho investimento faz do clube em questão um dos maiores (talvez o maior) do mundo. Tal time de futebol tem um elenco estelar que inclui Thibaut Courtois, Luka Modric, Gareth Bale, Karim Benzema, Marcelo, Sergio Ramos, Navas, Toni Kroos, Varane, Dani Carvajal e Casemiro. Além disso, os frutos de patrocínios astronômicos são visíveis: o Real Madrid é considerado o melhor clube do século XX pela FIFA, tem 33 títulos da <i>La Liga </i>(um recorde), 19 títulos da <i>Copa del Rey</i>, 10 títulos da Supercopa da Espanha, 1 título da Copa da Liga Espanhola, 1 título da Copa Eva Duarte, 13 títulos da Liga dos Campeões da UEFA (o maior campeão do torneio), 2 títulos da Liga Europa da UEFA, 4 títulos da Supercopa da UEFA, 3 títulos da Copa Intercontinental e 3 títulos da Copa do Mundo de Clubes da FIFA. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghLctMGPTHxhGxIv0qsejEpjOirYdrpHIjVY1DLT2Q1hzBHqOux_F7Vea11cTlG2aquhPyOYVXNAsDF2chsoEHNXK4oXKoHvQ7o-e0oTpM50yFRisOkVhv3eAqyjChzxNYsmsvzhyfOMBz/s1600/roma.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="580" data-original-width="1130" height="205" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghLctMGPTHxhGxIv0qsejEpjOirYdrpHIjVY1DLT2Q1hzBHqOux_F7Vea11cTlG2aquhPyOYVXNAsDF2chsoEHNXK4oXKoHvQ7o-e0oTpM50yFRisOkVhv3eAqyjChzxNYsmsvzhyfOMBz/s400/roma.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Roma (Itália) fechou um contrato por quatro temporadas com a <i>Qatar Airways</i>. Imagem: Divulgação/AS Roma. </td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A <i>Emirates </i>pode ser a mais conhecida, mas não é a única companhia aérea de origem árabe a patrocinar um clube espanhol. A <i>Qatar Airways </i>patrocinou o Barcelona por alguns anos e atualmente é patrocinadora do Roma, da Itália. Já a <i>Etihad Airways </i>patrocina o <i>Manchester City </i>(Inglaterra). As empresas aéreas citadas neste texto (<i>Emirates</i>, <i>Etihad Airways </i>e <i>Qatar Airways</i>) estão em franca expansão e querem fixar seus nomes ao esporte mais popular do planeta. Para isso, as principais ligas de futebol europeias são selecionadas, uma vez que são nas mesmas onde estão os clubes mais populares cujos torcedores estão espalhados por todo o mundo. Isso faz com que a visibilidade e o reconhecimento da marca aumentem, aumentando as chances dos torcedores de usarem os serviços fornecidos por tais companhias aéreas. </div>
<div style="text-align: justify;">
A Copa do Mundo de 2022 será no Catar, uma excelente oportunidade para o futebol árabe conquistar de vez seu espaço no mundo da bola (e também fora dele) e se consolidar como uma potência no futebol. Tal Copa já está sendo chamada de Copa ostentação por conta dos altos valores já investidos neste evento. Tal Copa do Mundo mal começou e já é apontada como a Copa mais cara da história. Os gastos em infraestrutura estão estimados na casa dos US$ 45 bilhões (cerca de R$ 180 bilhões). Uma das obras prevê a construção de uma cidade inteira no entorno do Estádio Nacional, que terá capacidade para receber 86 mil pessoas e receberá a abertura e a decisão da Copa. Além disso, a Copa do Catar será uma excelente oportunidade de a família real do Catar mostrar todo seu luxo e conquistar o respeito de todo o mundo. A origem da riqueza de tal família é oriunda da exploração de petróleo e gás natural e expandida com investimentos financeiros espalhados pelo mundo nos últimos anos. O país é governado pelo <i>emir </i>(termo árabe que significa "governante") Tamim bin Hamad Al Thani, 38 anos, chefe de Estado mais jovem do mundo e apaixonado por esportes. Assumiu o poder em 2013, depois da renúncia do pai, Hamad bin Khalifa Al Thani, que havia dado um golpe de Estado no próprio pai, Khalifa bin Hamad Al Thani, em 1995. A "cabeça" da Copa do Catar é Mohammed bin Hamad bin Khalifa Al Thani, irmão mais novo de Tamim, que liderou a candidatura do país para sediar a Copa junto à FIFA, já foi capitão da seleção de hipismo de seu país e organizou o projeto de expansão esportiva do Catar. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Conclusão</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
O mundo árabe já mostrou (e continua mostrando) sua riqueza perante o resto do mundo. Os governantes que fazem parte deste mundo perceberam que a imposição do respeito por parte do mundo passa pelo futebol, esporte mais popular do planeta. É por esta razão que empresas de origem árabe, em especial as de aviação, patrocinam os maiores times futebolísticos do mundo. O objetivo é claro: ser uma potência dentro e fora do espaço futebolístico. A Copa do Catar, que será em 2022, faz parte deste objetivo é só o tempo, quando a mesma findar, irá dizer se tal objetivo foi alcançado ou não. </div>
Marllon Alveshttp://www.blogger.com/profile/16401643299711219814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3932688701708172915.post-33342064602597723142018-08-30T06:42:00.000-07:002018-08-30T06:42:49.960-07:00Entrevista com Tereza Crispim Esperotto<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiubQeAJzAL2BBcP4Ds-0tTz9fuAc3UuAd5ZCSTUFu6mK18zLWxIZ9nB7nSEqbw-MK-xdkJO4FwkaPgPMduh6UD-ShOFRnkkSigR8PTl8D0IZXSHhRmpmXeicsOJD2rQ6gUhmJR94Zkq92T/s1600/tereza+4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="688" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiubQeAJzAL2BBcP4Ds-0tTz9fuAc3UuAd5ZCSTUFu6mK18zLWxIZ9nB7nSEqbw-MK-xdkJO4FwkaPgPMduh6UD-ShOFRnkkSigR8PTl8D0IZXSHhRmpmXeicsOJD2rQ6gUhmJR94Zkq92T/s400/tereza+4.jpg" width="286" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Tereza Crispim Esperotto. Imagem: Arquivo pessoal.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b> </b>A entrevistada do mês de agosto do <i>blog </i>é Tereza Crispim Esperotto, uma empregada doméstica aposentada que mora no Morro do São Carlos, na cidade do Rio de Janeiro. Ela é tia de Tiago Crispim Salvador (o sobrenome Crispim revela o parentesco), <a href="http://marllon221190.blogspot.com/2018/07/entrevista-com-tiago-crispim-salvador.html" target="_blank">o entrevistado do mês de julho aqui do blog</a>. Aliás, foi o Tiago quem falou de mim para ela e vice-versa e, com isso, D. Tereza manifestou grande interesse em ser entrevistada por mim.<br />
O Dia do Historiador é 19 de agosto e, pensando nessa data, além ter feito <a href="http://marllon221190.blogspot.com/2018/08/os-maiores-historiadores-brasileiros-da.html" target="_blank">uma lista com os maiores historiadores da atualidade</a>, eu resolvi também fazer uma entrevista com D. Tereza cujo tema é a História, mais precisamente a micro-história, que é quando a História não é contada pelos livros, mas sim a partir de um indivíduo que presenciou um acontecimento. D. Tereza não é nenhuma acadêmica e nem gosta muito de ficar lendo (ela prefere atividades que a façam se movimentar), mas isso não impede que, através de sua fala, as práticas sociais sejam examinadas. Por meio das respostas simples de D. Tereza, é possível analisar a influência que o rádio tinha na sociedade, a chegada e a popularização da televisão no Brasil, o modo como alguns crimes que choraram o país ficaram na memória de algumas pessoas, as diferentes reações da sociedade ao Golpe Civil-Militar de 1964, bem como os preconceitos sociais e raciais que D. Tereza sofreu ao longo da vida. Cada entrevista para mim é especial e esta não é diferente. Confira:<br />
<br />
<b>A Hora: 1 - Costumo iniciar minhas entrevistas perguntando sobre a infância da pessoa entrevistada. A senhora pode me falar como foi a sua?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Tereza Crispim Esperotto: </b>Difícil, muito difícil. Eu não podia ir à escola porque ele achava que a gente não precisava aprender a ler e a escrever. E essa era a minha paixão. Depois, ele começou a fazer assim: se eu fizesse os trabalhos de casa, eu ia ao colégio e se não fizesse, eu não ia. E era só aos domingos, que era quando uma senhora saía de Copacabana e ia dar aulas lá no sítio. Primeiro eu tinha que pegar a água, encher tudo, pegar lenha na mata e depois de tudo feito, eu estava liberada para assistir às aulas. Essa fazenda ficava perto do Km 32, em Nova Iguaçu (RJ), e o meu pai quem era o caseiro. Aí eu cresci e sempre trabalhei como doméstica. O meu patrão me colocou para estudar em um colégio muito chique, o Colégio São Paulo, que funcionava em Copacabana (o atual endereço é a Avenida Vieira Souto, em Ipanema). Era um colégio particular e eu estudava à noite e quem dava aulas eram as freiras. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>AH: 2 - Quando a senhora chegou ao Morro do São Carlos?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCE: </b>No dia 28 de julho fez 54 anos que eu cheguei ao Morro do São Carlos. O morro era assim: o caminho era terra e as escadas eram feitas no barranco. Eu tenho quase certeza que o meu primeiro filho nasceu morto porque eu pisei em um barranco e o barranco desceu comigo. O meu marido na frente e eu atrás e quando ele olhou, eu estava estatelada no chão. Eu estava com quase nove meses de gestação e o meu bebê nasceu morto. Era uma época muito complicada porque não tinha água encanada e a gente tinha que descer e subir com bacias de roupa para lavar e baldes de água. As <i>kombis </i>não chegavam até aqui e quando a gente ia fazer compras, tinha que subir o morro carregando os pacotes. Na verdade, as <i>kombis </i>só chegaram muito tempo depois e não era nem <i>kombi</i>, eram uns carros antigos que a gente nem vê mais na rua. As motos (mototáxi) vieram muito, muito tempo depois, por volta dos anos 2000. Começaram com duas, três e agora passa um monte de motos pelo morro. Eu não gosto de moto, só ando em uma em último caso, como quando, tarde da noite, eu voltava com minha neta de Angra dos Reis e estávamos cansadas demais para subir todo o morro a pé [1]. Subimos de moto. Além disso, desde que a minha sobrinha e o filho dela se envolveram em um grave acidente quando andavam de moto no Túnel Santa Bárbara, eu tenho um medo ainda maior de moto. O menino sofreu ferimentos leves, mas a minha sobrinha não. Ela voou por cima dele, desmaiou e quando recobrou os sentidos, estava longe do local onde a moto estava caída. Ela se machucou bastante, ainda não se recuperou completamente e está encostada pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).</div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>AH: 3 - O Tiago comentou comigo que a senhora ouvia as narrações no rádio sobre o Crime do Sacopã [2]. O que os radialistas diziam sobre?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCE: </b>Era um crime cuja autoria nunca foi descoberta, mas o que eu me lembro mais é o da Aída Curi. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>AH: 4 - O rádio onde a senhora ouvia sobre tal crime era do patrão da casa onde trabalhava. Ele a deixava ouvir rádio?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCE: </b>A partir dos 16 anos, eu tinha permissão para o ouvir rádio, mas quando eu era ainda mais nova e morava no interior, eu não tinha permissão para isso. Eu trabalhava para uma família que era da nossa cor (negros), mas o menino dizia assim: "Não, empregada não pode ouvir rádio". Ele trancava a porta da sala e eu ficava na cozinha ouvindo o rádio pelas brechas que tinham e ouvia <i>Jerônimo, o Herói do Sertão </i>(1953) [3], eu amava. Comecei a trabalhar como doméstica quando tinha uns 7 anos de idade, tomando conta de crianças e nesta profissão permaneci até me aposentar, em 2002. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>AH: 5 - O rádio era muito popular, mas ao mesmo tempo, por conta do alto preço, não era acessível para todo mundo. Como a senhora fazia para ouvir rádio?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCE: </b>Quando eu vim para Copacabana, o tratamento mudou, era completamente diferente, apesar de eu ser uma empregada doméstica. Eu passei a trabalhar para um almirante da Marinha e ele era muito humano. Então, ele escrevia o número do ônibus para mim, escrevia meu nome e me mandava cobrir e à noite ele me fazia ir para a escola. Como eu ia chegar tarde, ele pedia que eu preparasse a janta deles antes de ir estudar. Então, eles (o almirante e sua família) me acolheram muito bem e me deixavam ouvir rádio (risos).</div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>AH: 6 - Um fato que fiquei sabendo que a senhora conta muito é que certa feita pegou uma barca rumo à Niterói onde Dalva de Oliveira (1917 - 1972) [4] estava presente. Como foi essa viagem?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCE: </b>Na verdade, eu peguei a barca de Niterói para o Rio de Janeiro. Foi uma viagem normal, antigamente não era como hoje, que a pessoa vê um cantor e vai em cima dele. A gente ficou admirado de ver ela ali falando com todo mundo, inclusive comigo. Eu estava com os filhos dos patrões, pois eu cuidava deles. Me lembro até hoje da roupa que ela usava nesse dia. Ela usava uma calça preta, blusa verde e o penteado dela era uma trança com uma fita na ponta. Estava ela e o marido dela na época, o Herivelto Martins (1912 - 1992) [5]. A Dalva estava com um menino bem pequeno no colo, mas eu não me lembro se era o Pery Ribeiro (1937 - 2012) [6] ou o outro, o Ubiratan Oliveira Martins. Eu não me lembro, eles eram garotos. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>AH: 7 - E quando a televisão chegou. Como a senhora fazia para ver TV e quando teve a sua?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCE: </b>Eu ainda peguei a época da televisão em preto e branco e assistia TV na casa dos patrões. Eu gostava das novelas <i>Sangue e Areia </i>(1968) e <i>Rosa Rebelde </i>(1969), ambas com Tarcísio Meira, mas pena que esqueci o nome de algumas outras novelas. Depois veio a TV a cores.</div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>AH: 8 - A senhora conta que viu o corpo de Aída Curi (1939 - 1958) [7] no chão, em Copacabana, depois da execução do crime. Quais as lembranças que a senhora tem desse dia e do crime em si?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCE: </b>Na verdade, não deu para a gente ver muita coisa porque tinha muita gente ao redor e jogaram um pano por cima do corpo dela. Ninguém viu muita coisa ali não. A gente só viu aquele movimento e a gente perguntando um e outro o que estava acontecendo e eles falaram: "uma moça foi jogada do prédio". Este fato era noticiado com frequência, até que descobriram que foi o Ronaldo Castro (um dos envolvidos no crime) que matou ela, mas ele era filho de gente muito rica e por conta disso não deu muita coisa para ele (Ronaldo foi absolvido da acusação de homicídio, sendo condenado somente por atentato violento ao pudor e tentativa de estupro). Contei o que vi para minha família quando cheguei em casa e não demorou muito tempo e as rádios começaram a noticiar o crime. Depois vim saber quem era ela e os homens que a mataram. O crime era mais falado no rádio do que na televisão porque na época a TV não era muito popular, quase ninguém tinha acesso e ela era muito nova no país.</div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>AH: 9 - Em 1964, o Brasil entrou em uma ditadura da qual só sairia em 1985. Onde a senhora estava quando a ditadura foi implantada e qual foi a reação das pessoas?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCE: </b>Eu estava trabalhando na Avenida Rainha Elisabeth, em Copacabana. Foi assim: quando botaram o presidente para fora do Brasil (João Goulart, que foi deposto e morreu no exílio), eu e uma amiga minha fomos comprar leite porque tudo estava fechando, as pessoas estavam com medo. No Forte de Copacabana, as pessoas que eram contra e a favor andavam para lá e para cá, mas tinha mais gente que era a favor da expulsão do João Goulart do Brasil do que contra. Eu e mais uma amiga que estava desempregada (o meu patrão deixou ela ficar comigo me ajudando até ela encontrar um emprego) estávamos entrando no prédio, passou um monte de <i>playboy </i>naqueles carros de luxo, olharam pra gente e falaram: "Ih, elas não estão satisfeitas". Eles arrasaram com a gente, teve um que até desceu do carro para nos agredir, mas o porteiro veio e empurrou a porta para não deixar ele bater na gente. Eles queriam que a gente comemorasse junto com ele. Deram tiros de canhão no Forte de Copacabana. Quando subi para o prédio da minha patroa, ela explicou que quando o avião com João Goulart decolou, os militares deram tiros de canhão comemorando a saída dele porque ele não era militar.<br />
Me lembro também de uma história engraçada durante a ditadura. Eu não sabia o que era comunismo e quando falavam disso, diziam que os ricos tinham que dar tudo o que tinham para os pobres e eu, na minha cabeça, ignorante (risos), falei com minha amiga: "Ih, Dorca. É bom mesmo o comunismo porque esses ricos vão ter que dar todo o dinheiro deles pra gente". Aí, o cara que trabalhava no estabelecimento onde eu estava com essa amiga falou: "Cala essa boca, sai daqui, porque se não a família de vocês nunca mais verão vocês e não volta aqui mais não". Aí, eu cheguei na casa do meu patrão, contei o que houve e ele disse: "como é que você foi falar uma coisa dessas?" e falou também: "Eu proíbo você de comprar leite no Mercadinho Azul [8], não vai mais lá". </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>AH: 10 - O esposo da senhora, falecido em 1997, era descendente de italianos. O que ele contava sobre a família dele? Mais especificamente falando, sobre a chegada e permanência no Brasil?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCE: </b>Meu marido não costumava falar com a família dele por causa da minha cor. Ele não gostava de comentar muita coisa não porque eles eram, não se ainda são (os mais novos são diferentes), muito racistas, principalmente a mãe dele. Quando eu estava esperando o meu primeiro filho, que nasceu morto, um primo do meu marido veio aqui em casa buscar uns documentos do meu marido porque o meu esposo veio para servir o Exército, ele ia até para a Guerra de Suez [9], mas acabou não indo. E esse primo do meu falecido esposo voltou e contou que eu estava grávida e a mãe dele disse que ia nascer um sangue podre na família. Isso gerou uma revolta muito grande em meu marido. Ele chegou até a ficar sem falar com a mãe, mas ela não tinha culpa no fato de o nosso filho ter nascido morto. Meu falecido marido enfrentou a família dele para casar comigo e chegou até a ficar sem falar com eles. Eu quem sempre insistia para ele manter contato com a família dele porque, apesar de tudo, eram os pais dele.<br />
Meu marido saiu da região sul do Brasil com 18 anos para servir ao exército no Rio de Janeiro. Ele era bem alto e forte e os militares gostavam de gente assim para servir. Como não tinha família na cidade, ele morava no quartel e quando saiu, passou por muitas necessidades porque ele dizia que não voltava para a casa dos pais. Conheci meu marido quando ele trabalhava em uma loja na Avenida Copacabana, no Caju. Eu tinha ido lá ver umas coisas para comprar e lá tinha uma liquidação de máquina de costura. A minha patroa havia pedido para eu ir lá e ver uma que me agradasse, que ela iria comprar para mim. Porém, as máquinas de costura tinham acabado e ele pegou o número do telefone do meu trabalho para ligar quando as máquinas de costura chegassem. E nessa, ele ficava ligando a toa para o meu trabalho (risos) e no fim, as máquinas de costura não chegaram e eu já nem pensava mais nisso. Às vezes, eu ia à Avenida Copacabana e encontrava ele fazendo entrega. Fomos conversando, conversando e no fim nos casamos. Meu marido era uma pessoa maravilhosa, todos da minha família gostavam dele.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFHygNHJtHy4c6wkGzVkjV2Wgv-TgQewUO8JXgfYGB_-aD2g2NQpZR9j8WA0Ekm1szNrdgbKxjE2xB1LwDpxZ1ktr_n7i2Y0BL32LDTjbI1oEvw_NUSmsAP3vwmTw6XkXcZDIUy3MoXAjE/s1600/tereza+5.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="684" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFHygNHJtHy4c6wkGzVkjV2Wgv-TgQewUO8JXgfYGB_-aD2g2NQpZR9j8WA0Ekm1szNrdgbKxjE2xB1LwDpxZ1ktr_n7i2Y0BL32LDTjbI1oEvw_NUSmsAP3vwmTw6XkXcZDIUy3MoXAjE/s400/tereza+5.jpg" width="285" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Jornal onde aparece a propaganda que o esposo de D. Tereza participou. A foto dele é a do canto inferior direito. Imagem: Arquivo pessoal. </td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>AH: 11 - Soube que seu falecido marido chegou a participar de um comercial. Que comercial foi esse?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCE: </b>Foi um comercial da Brastel [10]. Uma empresa que fazia filmagens foi no bairro de Usina ver os funcionários e dentre todos, o pessoal desta empresa gostou do meu marido. A gravação deste comercial foi no Recreio dos Bandeirantes e o meu marido estava com um certo receio porque até então ele nunca tinha participado de um comercial na vida dele. Meu esposo contava que eles gravavam várias vezes e ele tinha que ir e voltar com o caminhão o tempo todo, até que ficou bom. Ele ficou de saco cheio (risos). Esse comercial passou na televisão durante anos. Para onde a gente ia, as pessoas pensavam que meu marido era um artista. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjviqryYc11kimee02X1VOQ0lzbnLC1qV_MTVBHXdv-uM9L72ze2C2ZdBEgZDie6PGWwGsA2il-SgDvXMeR8xuyWqFMHRgsBVgdY6B-fjPk8btiK5ULJXSFpa-K0fprEIPYBMg9DIr4GCQZ/s1600/tereza+6.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="631" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjviqryYc11kimee02X1VOQ0lzbnLC1qV_MTVBHXdv-uM9L72ze2C2ZdBEgZDie6PGWwGsA2il-SgDvXMeR8xuyWqFMHRgsBVgdY6B-fjPk8btiK5ULJXSFpa-K0fprEIPYBMg9DIr4GCQZ/s400/tereza+6.jpg" width="262" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Esposo de D. Tereza em comercial de jornal. Imagem: Arquivo pessoal. </td></tr>
</tbody></table>
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>AH: 12 - Em História, o que a senhora gosta de estudar?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCE: </b>Eu não tenho mais muita paciência para ficar lendo não (risos). Sou mais de ficar fazendo as coisas de casa: vou lá fora e limpo o quintal por exemplo. Gosto de atividades que eu me movimente, coisas para eu ficar parada... </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>AH: 13 - D. Teresa, foi um prazer imenso entrevistar a senhora. Agora, eu só te peço uma última coisa: a senhora pode deixar uma mensagem para os leitores do <i>blog A Hora</i>?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCE: </b>Tudo isso que estou contando é real, aconteceu no passado comigo e com familiares meus. Nada aí é inventado. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Notas:</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b>
<b>1 - </b>O Morro do São Carlos é extremamente alto. Para vocês terem uma noção de sua magnitude, do alto deste morro é possível ver a Baía de Guanabara, a Ponte Rio-Niterói, a Igreja da Candelária, os Arcos da Lapa, a Catedral Metropolitana, o Edifício Sede da Petrobrás, a Fiocruz, a Igreja da Penha e o Aeroporto Internacional Tom Jobim, que fica na Ilha do Governador;<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>2 - </b>É como ficou conhecido o homicídio do bancário Afrânio Arsênio de Lemos, ocorrido no Rio de Janeiro no dia 06 de abril de 1952. O crime recebeu a atenção da imprensa por muitos anos e a autoria do mesmo nunca foi descoberta. O crime recebeu esse nome porque ocorreu na ladeira do Sacopã, nas imediações da Lagoa Rodrigo de Freitas, bairro nobre da cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil;</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<b>3 - </b>Foi uma radionovela brasileira ambientada no nordeste brasileiro de muito sucesso e que tinha a influência do faroeste norte-americano. Foi criada por Moysés Weltman para a Rádio Nacional e ficou no ar por 14 anos;<br />
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>4 - </b>Era o nome artístico de Vicentina de Paula Oliveira. Dalva é considerada até hoje uma das mais importantes cantoras do Brasil, fato que lhe rendeu os epítetos de <i>Rainha da Voz </i>e <i>Rouxinol do Brasil</i>. Sua extensão vocal ia do contralto ao soprano.Gravou cerca de 14 álbuns de estúdio e lançou dezenas de sucessos, como <i>Brasil </i>(1939), <i>Segredo </i>(1947), <i>Fim de Comédia </i>(1952), <i>Máscara Negra </i>(1967) e <i>Bandeira Branca </i>(1970) por exemplo;<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>5 - </b>Foi um grande compositor, cantor e músico brasileiro. Sua obra é considerada uma das mais importantes da MPB. Gravou discos com o grupo Trio de Ouro e também individuais. Foi casado com Dalva de Oliveira, com quem teve os filhos Pery Ribeiro (também cantor) e Ubiratan Oliveira Martins;<br />
<br />
<b>6 - </b>É o nome artístico de Peri Oliveira Martins, cantor e compositor brasileiro. Lançou cerca de 32 álbuns e ganhou dezenas de prêmios e troféus. Foi eleito em 2012 pela revista <i>Rolling Stone Brasil </i>o 64º dos 100 melhores cantores do Brasil;<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>7 - </b>Era uma jovem brasileira de ascendência síria que foi assassinada no dia 14 de julho de 1958. Três rapazes tentaram estuprar Aída, que lutou contra os três e foi agredida violentamente por causa disso. Por conta do cansaço físico, Aída desmaiou e os três rapazes, na tentativa de simular um suicídio, a jogaram do topo do Edifício Rio Nobre, na Avenida Atlântica, em Copacabana, no Rio de Janeiro;<br />
<br />
<b>8 - </b>Era um mercado tradicional que funcionava no bairro de Copacabana e que fechou suas portas;<br />
<br />
<b>9 - </b>Também conhecida como Crise de Suez ou Guerra do Sinai, foi uma crise política que começou no dia 29 de outubro de 1956, quando Israel, com o apoio da França e do Reino Unido, que usavam o canal para ter acesso ao comércio oriental, declarou guerra ao Egito. O Brasil teve participação no conflito ao mandar para a região, o Oriente Médio, 20 contingentes do Exército Brasileiro que ficaram conhecidos como Batalhão Suez;<br />
<br />
<b>10 - </b>Foi uma empresa de eletrodomésticos brasileira fundada no começo da década de 1970 e que faliria alguns anos depois. O fundador, Assim Paim Cunha, morreu no dia 22 de outubro de 2008 na pobreza. </div>
Marllon Alveshttp://www.blogger.com/profile/16401643299711219814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3932688701708172915.post-29338488106389946952018-08-28T06:55:00.002-07:002018-08-28T06:55:54.054-07:00O lucrativo e assustador mercado da venda de cachorros<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1xokqIm9oWNcuOHKOBMBXcf0RHy0o5bBF5IFj7dS28AvkPsKxdC0-2G5UVijQn42e7m_Tw4n6ZU2t6rAMfnak6buHyXvjhwa4sV5rQpi96-5VbGNbkpwAbQRXPsxjEqxIROPqmyQK-bte/s1600/bernardo+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="428" data-original-width="570" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1xokqIm9oWNcuOHKOBMBXcf0RHy0o5bBF5IFj7dS28AvkPsKxdC0-2G5UVijQn42e7m_Tw4n6ZU2t6rAMfnak6buHyXvjhwa4sV5rQpi96-5VbGNbkpwAbQRXPsxjEqxIROPqmyQK-bte/s400/bernardo+2.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Filhotes de cachorro da raça São Bernardo. Tal raça ficou conhecida por causa da sequência de filmes <i>Beethoven </i>(1992). Imagem: Reprodução. </td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O cachorro é o animal de estimação mais popular do planeta. Ele está presente em residências de pessoas mundo afora e podem ser encontrados nas mais diversas raças. Esta característica cultural impulsionou um mercado marcado por altos preços, maus tratos e críticas por parte dos defensores dos animais. Estou falando da venda de cachorros.</div>
<div style="text-align: justify;">
Animal de estimação mais popular do planeta, o cachorro está presente em muitas casas de todo o mundo, independente de religião, raça, etnia, gênero e classe social. Muitas são as pessoas que têm cachorros em casa. O hábito de ter um cachorro de estimação em casa é tão comum que o fato já foi retratado na televisão e no cinema. Em 1992, foi lançado o filme <i>Beethoven</i>, que ganharia uma sequência de cinco filmes nos anos posteriores. Graças a este filme, a raça São Bernardo (o protagonista do filme é um cachorro desta raça) se tornou bastante popular. Destaque também para <i>Marley & Eu </i>(2008), cujo protagonista é um labrador amarelo e que, assim como <i>Beethoven </i>(2008), teve uma sequência intitulada <i>Marley & Eu 2 - Filhote Encrenqueiro </i>(2011). E não podemos nos esquecer do emocionante longa baseado em uma história real intitulada <i>Sempre ao Seu Lado </i>(2009), onde o protagonista é um cão da raça Akita (o ator Henry Cavill, conhecido por interpretar o Super-Homem nos cinemas, tem um cão da mesma raça, sendo que na cor preta. O ator costuma postar fotos do seu "urso viajante" com frequência nas redes sociais). Estes são só alguns exemplos de cães protagonistas nas telas. Se todas as séries e filmes onde um cachorro aparece no elenco fossem postadas aqui, este texto seria muito maior.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhz1R5goTb02Aprb9x7nCNUAZ5DzsA8UJMaD0DJXMBNx1N5K2MvMp5-I4901EPkUPAPGn5P9S-S3a4DJlqbzHuWjRGRqUBpInOTRZifJrqmcadlvfY75thqAgfsjlV3LBW7871tU6JDSlrH/s1600/shin.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="454" data-original-width="680" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhz1R5goTb02Aprb9x7nCNUAZ5DzsA8UJMaD0DJXMBNx1N5K2MvMp5-I4901EPkUPAPGn5P9S-S3a4DJlqbzHuWjRGRqUBpInOTRZifJrqmcadlvfY75thqAgfsjlV3LBW7871tU6JDSlrH/s400/shin.jpeg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O cão da raça Shih Tzu estava em um criadouro fechado por fiscais em Diadema (SP), em dezembro de 2015. A gaiola onde foi encontrado não tinha nem água. Imagem: Jefferson Coppola/VEJA. </td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O capitalismo tem a incrível (e também assustadora) capacidade de se apropriar e lucrar em cima de tudo e todos a sua volta. Da mesma forma que tal sistema lucra <a href="http://marllon221190.blogspot.com/2017/10/o-potencial-lucrativo-dos-cabelos.html" target="_blank">em cima dos cabelos crespos e cacheados</a>, o mesmo também lucra em cima da venda de cachorros. <i>Pet shops </i>mundo afora costumam vender cachorros. E se a pessoa tiver o interesse de comprar um cachorro, ela terá de desembolsar um bom dinheiro para isso. Um cachorro da raça <i>Chow Chow </i>custa entre R$ 2.500 e R$ 4.000, já um da raça Akita custa entre R$ 300 e R$ 2.000 e um São Bernardo custa entre R$ 1.200 e R$ 1.500. Há ainda algumas raças que custam entre R$ 5.000 e mais de R$ 10.000. O Mastim Tibetano é considerado o cachorro mais caro do mundo. Para quem estiver disposto a ter um, tem que desembolsar uma quantia de aproximadamente US$ 750.000, o equivalente a R$ 1,5 milhão. </div>
<div style="text-align: justify;">
Com base nos dados acima, não é preciso ir muito longe para chegar à conclusão de que a venda de cachorros é uma coisa lucrativa em todo o mundo. Pessoas que vivem da venda de cachorros têm criadouros cuja finalidade é gerar cachorros para o comércio. Com frequência, aparecem na TV e na <i>internet </i><a href="https://veja.abril.com.br/brasil/a-crueldade-das-fabricas-de-filhotes/" target="_blank">reportagens</a> e <a href="https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/caes-de-corrida-de-raca-rara-sao-achados-esqueleticos-em-criadouro-clandestino-video.ghtml" target="_blank">denúncias</a> sobre cachorros vivendo em criadouros insalubres. Desidratação, desnutrição, irritações na pele e falta de higiene são coisas comuns em animais encontrados em criadouros ilegais. Se os animais tivessem uma religião, o homem seria o demônio.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1V8cTytsFFAFWUUF0nvTUxVc9FflQQLeqpGNVT6Gb_laICXRzb5WIg6lWqpggZfI93aK88WzXYYzvawhIg3-NjH62swnmWzTH1UJBjw7tovpL1VJiSEh9xP8lZVKa5SubbScAaug2budc/s1600/labrador.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="800" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1V8cTytsFFAFWUUF0nvTUxVc9FflQQLeqpGNVT6Gb_laICXRzb5WIg6lWqpggZfI93aK88WzXYYzvawhIg3-NjH62swnmWzTH1UJBjw7tovpL1VJiSEh9xP8lZVKa5SubbScAaug2budc/s400/labrador.jpeg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem: Reprodução. </td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Independente do fato de o criadouro ser legalizado ou não ou se os animais que ali vivem são ou não bem cuidados, o fato é que a compra de animais, em especial os cachorros (assunto deste texto), é algo contraditório. O animal, seja qual for, não deve ser visto como mercadoria e/ou peça de enfeite, podendo ser comprada e depois descartada. O animal, assim como eu e você, tem sentimentos. Ele se alegra, se entristece, fica feliz, fica com raiva e se apega aos seus donos. A dor que um animal sente ao ser abandonado por seu dono é a mesma que uma criança sente ao ser abandonada pelos pais e/ou ser devolvida para um abrigo depois que uma família a adotou. Outra prática que eu também considero inadequada é dar cachorros de presente para crianças, independente de o cachorro ser comprado ou não. A criança não tem ideia de que um cachorro precisa de uma série de cuidados (levar para passear, tomar vacina, comprar alimentos e brinquedos para os mesmos por exemplo) e tende a achar que o cachorro só quer brincar o tempo todo, o que não é bem assim. Desta forma, a responsabilidades com o cão cairá sobre os pais e não se sabe se os pais vão querer tais responsabilidades sobre si ou não. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Conclusão</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
A venda de cachorros é altamente lucrativa e chegar a esta conclusão não é tarefa difícil. Basta analisar o preço de um cão que, dependendo de sua raça, pode valer mais de R$ 10 mil. E isso é só o preço dos cachorros em si. Se levar em consideração o preço dos objetos para cães, o montante é muito maior. Alguns criadouros de cachorros mantém os cães em situações extremamente insalubres. Em tais, os animais não são bem alimentados, hidratados e higienizados. Ao comprar um cachorro, você está alimentando tais criadouros e mesmo que o cão que você venha comprar tenha sido oriundo de um criadouro legalizado e que cuida bem de seus cães, a compra de animais (não só o cachorro) continua sendo algo anti-ético. Animais não são peças de enfeite e o amor não se compra em uma <i>pet shop</i>. </div>
Marllon Alveshttp://www.blogger.com/profile/16401643299711219814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3932688701708172915.post-57947005096365226942018-08-23T05:52:00.000-07:002018-08-23T05:52:59.219-07:00Personalismo: uma grande característica da política brasileira<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6naTPnbdoExcE-Wu1dd-yZ9Gx44l660102M_wrv0lqP0G1-iIdAUQbkwSn5-C_zUEHwsn1CvPD8NU_TGTDiouxhUGUeY62D3oxRBGEpY30rPjjTiw3twNz33_B4voTBxfktaG0UuSAFnw/s1600/getulio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="428" data-original-width="640" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6naTPnbdoExcE-Wu1dd-yZ9Gx44l660102M_wrv0lqP0G1-iIdAUQbkwSn5-C_zUEHwsn1CvPD8NU_TGTDiouxhUGUeY62D3oxRBGEpY30rPjjTiw3twNz33_B4voTBxfktaG0UuSAFnw/s400/getulio.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Getúlio Vargas (1882 - 1954) foi o Presidente da República que mais tempo permaneceu neste cargo, totalizando 19 anos no poder. Foi em seu governo que o personalismo se consolidou na política brasileira. Imagem: Reprodução.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O personalismo, grande característica da política brasileira, ocorre quando uma pessoa está muito acima de seu partido. Isso acontece quando uma liderança política é carismática e extremamente popular, capaz de assimilar os anseios de um determinado partido e até mesmo da sociedade. O problema do personalismo é o esvaziamento ideológico, uma vez que, ao centrar em uma determinada pessoa, a discussão política tende a não ser aprofundada.<br />
Jogando a palavra aqui no <i>Google</i>, a definição que encontrei para personalismo foi: "atitude do indivíduo que tem a si próprio como ponto de referência de tudo o que ocorre à sua volta". O personalismo é algo comum na política brasileira e o mesmo se consolidou de vez no espaço político quando Getúlio Vargas (1882 - 1954) se tornou Presidente da República, em 1930. Vargas permaneceu no poder até 1945 e voltou ao mesmo em 1950 pelas vias democráticas, se suicidando quatro anos depois. Vargas foi um ditador que censurou a imprensa, perseguiu jornais opositores e prendeu opositores políticos. Getúlio Vargas entendeu que perseguir a imprensa não era suficiente: tinha que criar uma imagem de si próprio. E assim fez. O então presidente criou para si próprio a imagem de "pai dos pobres" e injustiçados. Em 1939, é criado o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), cuja função era criar uma boa imagem do presidente, do Brasil e censurar tudo aquilo que pudesse manchar tais imagens. A construção que Vargas construiu em torno de si deu certo. A prova disso é que o seu suicídio, em agosto de 1954, causou grande comoção nacional (a carta-testamento deixada por Vargas também contribuiu para isso) e uma grande multidão foi às ruas se despedir do presidente. Comoção semelhante só seria vista novamente em 1994, quando o piloto Ayrton Senna faleceu.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgL2Adz3WWzpsMvRHt2M70yyPyd9qtruQrX-Xqx9HfYv9orl2X_NjFp4zJKUkFrRTnW6H0QtaN5V5SoVBesY6yTaQDPR_j65R0_iXHtwdu3xNKo-MEycs_-HOiBStpThqbAW-vkB7gyrQXy/s1600/collor.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="300" data-original-width="615" height="195" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgL2Adz3WWzpsMvRHt2M70yyPyd9qtruQrX-Xqx9HfYv9orl2X_NjFp4zJKUkFrRTnW6H0QtaN5V5SoVBesY6yTaQDPR_j65R0_iXHtwdu3xNKo-MEycs_-HOiBStpThqbAW-vkB7gyrQXy/s400/collor.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Collor foi o Presidente da República entre os anos de 1989 e 1992, quando um processo de <i>impeachment </i>o tirou da presidência. Imagem: Vidal Cavalcante - 14/12/1989/Folhapress.</td></tr>
</tbody></table>
<br />
Depois de Vargas, todo presidente procurou criar uma imagem de si mesmo. Juscelino Kubitschek (1902 - 1976), presidente entre os anos de 1956 a 1961, entrou para a história como o homem que construiu Brasília, a capital do Brasil e também pelo s<i>logan </i>"50 anos em 5". Tal s<i>logan </i>era a propaganda de um ambicioso plano de modernizar o Brasil. Jânio Quadros (1917 - 1992), que governou o Brasil entre janeiro e agosto de 1961, teve como símbolo de sua campanha a vassoura (com direito a música e tudo), com a qual varreria os corruptos da política brasileira. Já os militares que ocuparam a Presidência da República durante a Ditadura Civil-Militar Brasileira (1964 - 1985) eram em geral homens que passavam uma imagem de seriedade, pulso firme e que não deixariam o comunismo entrar no Brasil. A ditadura acabou em 1985, mas somente a partir de 1989 que os brasileiros voltaram a votar para presidente, pois José Sarney chegou à Presidência da República por meio do voto indireto. Collor e Lula disputaram o segundo turno e o fim dessa história todo mundo já sabe. Durante toda sua campanha, Fernando Collor construiu em torno de si a imagem de um homem novo (e de fato era), bonito (o que não é mentira), empresário, dono de automóveis, praticante de esportes, rico e famoso. Fernando Collor era a materialização dos anseios da sociedade brasileira dos anos 1980. Destaque também para Lula, que depois de tentar chegar à Presidência da República três vezes, saiu vitorioso na quarta tentativa. Lula é o homem de origem humilde, assim como a maioria dos brasileiros e que procura defender os mais pobres. Seu carisma o faz ser uma figura maior que o PT (Partido dos Trabalhadores), partido da qual faz parte. As lembranças dos tempos áureos do governo Lula (2002 - 2010), bem como seu carisma, fazem com que o mesmo lidere as pesquisas de intenção de voto em 2018, mesmo estando preso.<br />
O problema do personalismo na política (seja no Brasil ou em qualquer lugar do mundo) é que, ao focar no indivíduo, a discussão político-ideológica tende a ser esvaziada porque o indivíduo recebe grande atenção. E quando há o esvaziamento da discussão política, a tendência é a contradição. Nas eleições presidenciais de 2018, muita gente vai votar no Lula, mas na impossibilidade de o mesmo ser candidato, votarão em Jair Bolsonaro, que aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenções de voto. Isso porque Lula e Bolsonaro assimilam os anseios sociais de modo diferenciado. Se Lula é o líder carismático de origem humilde e que melhorou significativamente a vida dos brasileiros depois que se tornou presidente, Jair Bolsonaro representa a sociedade conservadora, defensora da moral, machista, homofóbica e racista (e a grande visibilidade que Jair Bolsonaro vem tendo, bem como a boa receptividade de suas ideias retrógadas, se devem também ao período de barbárie que o Brasil está vivendo).Tem muito eleitor do Lula que é conservador. Aliás, o próprio, para chegar à presidência e posteriormente ser reeleito, fez aliança com setores reacionários da sociedade. Em 2016, teve no Brasil eleições para prefeito e vereador. Um colega meu votou em um certo candidato para vereador. O que ele não viu foi que este mesmo candidato era de um partido da base aliada de Pedro Paulo, político que disputava a Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro e que agrediu a esposa. Indaguei a ele sobre o fato e ele disse que seu candidato não agia como o Pedro Paulo e eu rebati dizendo que a partir do momento em que ele se alia a um partido que tem um agressor de mulher como candidato, de certa forma ele está compactuando com o ato. A discussão terminou depois que ele disse que, se eu não concordasse com o candidato em questão, era só não votar nele.<br />
O personalismo é algo tão forte na política brasileira que os políticos investem pesado em suas respectivas campanhas. Eles contratam estilista particular, adotam um novo corte de cabelo, passam a usar maquiagem, contratam fotógrafos particulares para registrarem suas respectivas campanhas políticas e usam e abusam do <i>photoshop </i>(alguns até exageram, criando uma imagem excessivamente jovial). Alguns políticos até tem propostas legais, mas antes de tudo eles investem no visual, que "abre as portas" para eles apresentarem suas propostas.<br />
<br />
<b>Conclusão</b><br />
<b><br /></b>
O personalismo é uma característica da política brasileira e quem a consolidou neste espaço foi Getúlio Vargas. O problema de tal prática é que a mesma esvazia o discurso político-ideológico ao dar grande atenção ao indivíduo. Este mesmo vazio abre espaço para determinadas contradições, como por exemplo votar para presidente em uma pessoa de um partido e votar para senador no candidato da oposição. Isso impede que o presidente coloque em prática suas ideias e até mesmo impede também a renovação do Congresso. </div>
Marllon Alveshttp://www.blogger.com/profile/16401643299711219814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3932688701708172915.post-74994179183119177612018-08-21T06:54:00.001-07:002018-08-21T06:54:40.959-07:00O objetivo da China por trás do pesado investimento no futebol<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh41jHI3C5bcd2PpS8xgCmTXWouozJTkb88nRiKO59os2mqYJPhxPfhboJ6u5cWUt-3eQ7_1rHTY30McPZ_E5VOf-tzcqEhymK2vLLvumCVfsmA1AOtblvUecfeKpSgbvEb9emNHX9UADX3/s1600/renato.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="956" height="208" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh41jHI3C5bcd2PpS8xgCmTXWouozJTkb88nRiKO59os2mqYJPhxPfhboJ6u5cWUt-3eQ7_1rHTY30McPZ_E5VOf-tzcqEhymK2vLLvumCVfsmA1AOtblvUecfeKpSgbvEb9emNHX9UADX3/s400/renato.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Renato Augusto em campo. Além de integrar a seleção brasileira, o meia defende o <i>Beijing Guoan Football Club</i>, da China. Imagem: Reprodução. </td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nos últimos anos, o mundo tem assistido ao pesado investimento da China no futebol. O esporte mais popular do planeta é o futebol e a China está disposta a entrar no mapa do futebol mundial. Este investimento não é feito por fazer: há um interesse geo-político por parte da China neste pesado investimento. </div>
<div style="text-align: justify;">
O investimento da China no futebol é relativamente recente, mas nem por isso é menos pesado. A China tem se destacado no mercado internacional da bola por contratar jogadores de futebol por altos preços. O brasileiro Oscar, o belga Axel Witsel, o colombiano Jackson Martínez e o argentino Carlitos Tevez são alguns exemplos.O primeiro foi contratado por 52 milhões de libras (R$ 218 milhões), o segundo por 50 milhões de euros (R$ 171 milhões), o terceiro foi contratado por 42 milhões de euros (R$ 183 milhões) e o último foi contratado por US$ 40 milhões (R$147 milhões). Desde o início de 2015 que a China investiu US$ 2 bilhões (R$ 6, 44 bilhões) no mercado do futebol europeu para comprar a fatia ou a totalidade de clubes como AC de Milão (Itália), o Inter de Milão (Itália) e o Manchester City (Inglaterra). O governo do Partido Comunista, ao divulgar o 13º Plano Quinquenal, indicou que a indústria esportiva deve alcançar US$ 433 bilhões (R$ 1,4 trilhão) ou 1% do Produto Interno Bruto (PIB) do país até 2020. A previsão é que até lá tenha 50 milhões de chineses jogando futebol, 20 mil centros de treinamento e 70 mil campos de futebol em território chinês. </div>
<div style="text-align: justify;">
Vários são os motivos que são apontados como os reais objetivos da China ao investir no futebol. O primeiro é o fato de a economia chinesa vir reduzindo o ritmo de expansão depois de décadas de crescimento na casa dos dois dígitos. Desta forma, os chineses estão determinados a buscar novas fontes de renda para o país e o rico mercado do futebol é uma possibilidade. Além disso, ocupar a 82ª posição no r<i>anking </i>mundial de futebol (posto que já foi ocupado pela China) não combina com o "s<i>tatus</i>" de segunda maior potência econômica mundial. Ser bom no futebol ajuda muito mais na influência do que várias medalhas de ouro em esportes considerados menores. No final de 2014, Jinping, presidente da China, disse que a China seria uma potência do futebol e em 2016 a Associação Chinesa de Futebol anunciou um plano ambicioso para colocar o país entre os melhores do planeta até 2050. Eles não estão para brincadeira.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigvQnssOZAWjHlcZg2LytUcW_9QyL4WI-q7Mloi4qSN5N7RqkQLsknwosOUKMJNtjjRjMRXtjGN_W8MMM5smbroMbLNG7H-upYhW1vUdhny23T-LkmXng5UtN5_f5d1_nDqr6DH93uqXU4/s1600/montagem.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="454" data-original-width="680" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigvQnssOZAWjHlcZg2LytUcW_9QyL4WI-q7Mloi4qSN5N7RqkQLsknwosOUKMJNtjjRjMRXtjGN_W8MMM5smbroMbLNG7H-upYhW1vUdhny23T-LkmXng5UtN5_f5d1_nDqr6DH93uqXU4/s400/montagem.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Da esquerda para a direita: Hulk, Hernanes, Oscar e Alexandre Pato são alguns dos muitos jogadores brasileiros que estão brilhando no futebol chinês. Imagem: Visual China - VCG - <i>Power Sport Images </i>- Lintao Zhang/<i>Getty Images</i>. </td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A China está disposta a entrar na elite do futebol mundial e neste plano ambicioso está o Brasil. Os chineses têm olhado com atenção para o futebol brasileiro e muitos jogadores de peso têm jogado em clubes chineses. Além de Renato Augusto, que também joga pela seleção brasileira, Hulk, Alexandre Pato, Oscar, Hernanes, Ricardo Goulart, Ramires, Alex Teixeira, Alan, Gil, Diego Tardelli e Elkeson são alguns dos muitos jogadores brasileiros que estão brilhando no futebol chinês. Se todos os jogadores brasileiros, bem como os técnicos brasileiros que também estão na China fossem citados aqui, eu teria que dedicar um espaço muito maior neste texto para listar todos os brasileiros que estão atuando no futebol chinês. A atenção da China no futebol brasileiro se deve a dois motivos. O primeiro é que o Brasil é o país que mais vezes ganhou uma Copa do Mundo, o evento futebolístico mais importante do planeta. Além disso, o Brasil tem muitos jogadores de futebol que são excelentes. E eles estão em clubes da Europa e também da China. Casemiro, Marcelo, Firmino, Daniel Alves, Alisson Becker, David Luiz, Vinícius Júnior e Arthur Melo são alguns exemplos. O segundo motivo para a atenção da China no futebol brasileiro se deve a razões político-econômicas. As grandes contratações de jogadores de futebol brasileiros por parte da China ocorre em um contexto político-econômico onde a China faz pesados investimentos no Brasil. Por volta dos anos 2000, Pequim, capital da China, passou a apostar em uma política de internacionalização de empresas chinesas ligadas a setores estratégicos, que buscam investir em recursos naturais, mercado consumidor e novas tecnologias. Sob a ótica geopolítica, há um interesse de "ocupação de espaços" por parte de Pequim, sendo interessante para a China ter um foco na América Latina. A história da região foi marcada pela grande influência dos Estados Unidos na América Latina, principalmente nos tempos de Guerra Fria (1945 - 1991). Passadas as tensões ideológicas, os EUA passaram a dar mais atenção para o terrorismo, a imigração e tensões na Ásia, levando a maior potência do mundo a se afastar um pouco da América Latina. Este fato abriu espaço para a China, a segunda maior potência econômica do mundo, atuar no continente, tendo o Brasil como ponto de partida. Isso porque o país é a maior potência econômica da América Latina, servindo de referência para os demais países da região. A China entendeu que, investindo no Brasil, a possibilidade de atuar nos demais países latino-americanos aumentam. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Conclusão</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
A China tem investido no futebol porque está determinada a entrar para o seleto grupo da elite mundial do futebol. Tal investimento é feito em um contexto onde a China procura ser a maior potência do mundo e os chineses perceberam que, para ser uma influência global, é preciso também ter um dos melhores (ou o melhor) futebol do mundo, uma vez que tal esporte é o mais popular do planeta. A contratação de jogadores brasileiros por parte dos chineses acontece porque o Brasil, além de ter o prestígio pelo fato de ser pentacampeão em uma Copa do Mundo, tem até hoje excelentes jogadores. Estas contratações (a altas cifras por sinal) ocorrem em um contexto em que a China tem investido cada vez mais no Brasil. O objetivo é estender sua influência por todo o planeta e, para ser influência na América Latina, a China entendeu que tem que ter o Brasil como ponto de partida, uma vez que o país é a maior potência regional. </div>
Marllon Alveshttp://www.blogger.com/profile/16401643299711219814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3932688701708172915.post-9757639224693587942018-08-16T11:07:00.000-07:002018-08-18T10:37:51.248-07:00Os maiores historiadores brasileiros da atualidade<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHeK448O3j9WMt_pHot09x1Orw2B4yBijUrl877LzLpqBUpcuMLRvIisq227NSyq9G_TFKjlQG7lm61urM8CHHY8zq_R7cpj8sQvUYLpLlHFajDKeqdWJGPkTAj4ggdsN6kpoRzzAH564F/s1600/ampulheta.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="1200" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHeK448O3j9WMt_pHot09x1Orw2B4yBijUrl877LzLpqBUpcuMLRvIisq227NSyq9G_TFKjlQG7lm61urM8CHHY8zq_R7cpj8sQvUYLpLlHFajDKeqdWJGPkTAj4ggdsN6kpoRzzAH564F/s400/ampulheta.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem: Reprodução.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br />
O Dia do Historiador é no próximo domingo, dia 19 de agosto. É o meu dia, uma vez que sou historiador e professor de História por formação. Por conta deste dia, eu resolvi este ano fazer uma lista com os maiores historiadores brasileiros da atualidade. Para compor esta lista, eu criei basicamente três critérios: o historiador tem que estar vivo, ter alta titulação e ter escrito obras relevantes para a historiografia brasileira. Venha dar uma conferida:<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>1 - Lilia Schwarcz:</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgi2HGXX9tNvZ1NTx76uXHced4n5AqHP5Or1oF3gQQR3uaOv3gKvFjfiaPMYaVZlLzX0rSwrHo0HEGmErhk9z61_Gr5vrfyvPIbs-U3GCAIpyo5xArXShgpShbNAW-nDiUzJKHl0Z0lbCZJ/s1600/lilia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="920" data-original-width="1380" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgi2HGXX9tNvZ1NTx76uXHced4n5AqHP5Or1oF3gQQR3uaOv3gKvFjfiaPMYaVZlLzX0rSwrHo0HEGmErhk9z61_Gr5vrfyvPIbs-U3GCAIpyo5xArXShgpShbNAW-nDiUzJKHl0Z0lbCZJ/s400/lilia.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Lilia Moritz Schwarcz. Imagem: Renato Parada/Companhia das Letras/Divulgação.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br />
A primeira a encabeçar esta lista é Lilia Schwarcz. Ela se graduou em História pela Universidade de São Paulo (USP) em 1980, mestrado em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (1986) e doutorado também em Antropologia Social pela USP em 1993. A contribuição de Lilia não se limita somente à historiografia brasileira, mas sim às Ciências Humanas em geral. É professora do Departamento de Antropologia da USP desde 2005, professora visitante na Universidade de Princeton (EUA) e já foi professora visitante na Universidade de Leiden (Holanda), na Universidade de Oxford (Reino Unido), Universidade Brown (EUA) e na Universidade de Columbia (EUA). Junto com o marido Luiz Schwarcz, fundou a Companhia das Letras, uma das maiores editoras do Brasil. Muitas são as obras de Lilia que impactaram a historiografia brasileira. Algumas destas obras são: <i>O Espetáculo das Raças: Cientistas, Instituições e Pensamento Racial no Brasil (1870 - 1930) </i>(1993), <i>As Barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos </i>(1998), <i>A Longa Viagem da Biblioteca dos Reis - Do Terremoto de Lisboa à Independência do Brasil </i>(2002), <i>O Sol do Brasil: NICOLAS-ANTOINE TAUNAY e as Desventuras dos Artistas Frances na Corte de D. João, 1816 - 1821 </i>(2008), <i>Brasil: uma Biografia </i>(2015) (escrito em parceria com Heloisa Murgel Starling), <i>Lima Barreto: Triste Visionário </i>(2017) e <i>Dicionário da Escravidão e Liberdade </i>(2018), livro organizado em parceria Flávio dos Santos Gomes. Além disso, Lilia Schwarcz dirigiu as coleções <i>Perfis Brasileiros </i>e <i>História do Brasil Nação</i>. Graças aos seus escritos de grande relevância, Lilia já foi vencedora duas vezes do Prêmio Jabuti, a premiação mais importante da literatura brasileira, além de ganhar a medalha Júlio Ribeiro, outorgada pela Academia Brasileira de Letras em 2008. Além disso, em 2017, junto com Dan Stulbach, apresentou a minissérie <i>Era Uma Vez Uma História</i>, na BAND.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>2 - Mary Del Priore:</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjm2VxXU1Tku0k96cWMdSDCHPoJEt2YR0rlBj50cgUhhmSUnZY3XvpHxeYcIOgcD1cA0RjNf6_Ovp2fz4j1cKzjoXLyeQbaj_2DZTpV3yC-AoKwwGLDCbBjT7iYjKjRTigpwqKmvS0AEHun/s1600/mary.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="472" data-original-width="620" height="303" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjm2VxXU1Tku0k96cWMdSDCHPoJEt2YR0rlBj50cgUhhmSUnZY3XvpHxeYcIOgcD1cA0RjNf6_Ovp2fz4j1cKzjoXLyeQbaj_2DZTpV3yC-AoKwwGLDCbBjT7iYjKjRTigpwqKmvS0AEHun/s400/mary.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mary Del Priore. Imagem: Reprodução.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Mary Del Priore se graduou em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC - SP) em 1983, se especializou na <i>Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales </i>(1993), que fica na França, e fez o doutorado na USP, em 1990 e o pós-doutorado foi feito onde fez a especialização, em 1996. Atualmente, é professora da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO/NITERÓI), além de ser acadêmica correspondente da <i>Academia Paraguaya de la Historia</i>, da <i>Academia Nacional de la Historia de Argentina</i>, da <i>Academia Colombiana de la Historia</i>, da <i>Real Academia de la Historia de Espanha</i>, da Academia Portuguesa de História e do <i>Instituto Historico e Geografico del Uruguay</i>. E estas são algumas das muitas atividades de Mary Del Priore. Além disso, Mary assina constante artigos de História em revistas científicas e não científicas. Entre os anos de 2013 e 2017, Mary foi colunista da revista <i>Aventuras na História</i> e ao longo de sua trajetória acadêmica lançou muitos livros, que foram sucesso de público e crítica. Alguns livros de Mary Del Priore são: <i>História das Crianças no Brasil </i>(1991), <i>Ao Sul do Corpo: condição feminina, maternidade e mentalidade no Brasil Colonial </i>(2003), <i>História das Mulheres no Brasil </i>(1997), <i>História do Amor no Brasil </i>(2005), <i>O Príncipe Maldito </i>(2007), <i>Condessa de Barral, a paixão do Imperador </i>(2008), <i>Histórias Íntimas: Sexualidade e Erotismo na História do Brasil </i>(2011), <i>A Carne e o Sangue </i>(2012), <i>O Castelo de Papel </i>(2013), <i>História dos Homens no Brasil </i>(2013), livro organizado em parceria com Marcia Amantino e <i>Histórias da Gente Brasileira </i>(uma coleção de quatro volumes que abarca desde o período colonial até o período republicano brasileiro).<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>3 - Ronaldo Vainfas:</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgybyLQm9SyxZ-QNE4df8wL9ZZ6u08tvYWJSzPBgmbtfd-S2YUp45Cf6I8QChejhjzXdsZX5AuEuKuOGmpKoG-qtjIcT4UB2AK95YQt_BAFt_S1fid6Osln0pXQfEAHh32PnLZkTnYttatU/s1600/vainfas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="520" data-original-width="780" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgybyLQm9SyxZ-QNE4df8wL9ZZ6u08tvYWJSzPBgmbtfd-S2YUp45Cf6I8QChejhjzXdsZX5AuEuKuOGmpKoG-qtjIcT4UB2AK95YQt_BAFt_S1fid6Osln0pXQfEAHh32PnLZkTnYttatU/s400/vainfas.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ronaldo Vainfas. Imagem: Reprodução.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Ronaldo Vainfas fez o curso de História na Universidade Federal Fluminense (UFF) em 1978, o mestrado na mesma instituição em 1983 e o doutorado foi na Universidade de São Paulo (USP), no ano de 1988. As suas obras mais conhecidas são: <i>Casamento, Amor e Desejo no Ocidente Cristão </i>(1986), <i>Ideologia e Escravidão </i>(1986), <i>História e Sexualidade no Brasil </i>(1986), onde foi o organizador, <i>Trópico dos Pecados </i>(1989), <i>A Heresia dos Índios: catolicismo e rebeldia no Brasil colonial </i>(1995), <i>Domínios da História: ensaios de teoria e metodologia </i>(1997), organizado em parceria com Ciro Flamarion Cardoso (1942 - 2013), <i>Dicionário do Brasil Colonial </i>(2000), <i>Dicionário do Brasil Imperial </i>(2002),<i>Dicionário do Brasil Joanino (1808 - 1821) </i>(2008), organizado em parceria com Lúcia Bastos e <i>Novos Domínios da História </i>(2011), livro organizado em parceria com Ciro Flamarion Cardoso.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>4 - Fernando Novais:</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5grgax66SasOmbxVhvPW8R26Yd6T-tasumrLxTsvb8vmB2phKnEz-p3ELFbR2R8z13YcADHHGrREqVc0igs9oGmNsG15HOswrafage_gqLP7lNVCBoo3vfe-uGuQwEse5KgAW4bNXC9ps/s1600/fernando.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5grgax66SasOmbxVhvPW8R26Yd6T-tasumrLxTsvb8vmB2phKnEz-p3ELFbR2R8z13YcADHHGrREqVc0igs9oGmNsG15HOswrafage_gqLP7lNVCBoo3vfe-uGuQwEse5KgAW4bNXC9ps/s400/fernando.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fernando Novais. Imagem: Reprodução. </td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Fernando Novais se graduou em História pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP), onde também deu aulas entre os anos de 1961 e 1975. Sua tese de doutorado, <i>Portugal e Brasil na Crise do Antigo Sistema Colonial (1777 - 1808)</i>, apresentada em 1973, tem um caráter inovador na análise do comércio e da administração colonial em seus aspectos mais intrincados, lançando as bases para um novo olhar sobre o assunto. Outra obra de destaque de Fernando Novais é <i>História da Vida Privada no Brasil </i>(1997), cujo historiador é o organizador. No ano de 1986, Fernando Novais se transferiu para o Instituto de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Além disso, Fernando já lecionou na Universidade do Texas (EUA), participou de debates e seminários na Universidade de Columbia e da California, também nos EUA. Já na França, Fernando Novais deu aulas no <i>Institut des Hautes Études de l'Amérique Latine</i>, ligado à Universidade de Paris III (<i>Sorbonne Nouvelle</i>) e na Bélgica, deu aulas na Universidade de Louvain. Já em Portugual, ministrou nas universidades de Coimbra e Lisboa. Em 2010, Fernando Novais foi agraciado com a comenda da Ordem do Ipiranga, dada pelo governo do estado de São Paulo.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>5 - Laura de Mello e Souza:</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgD3N9C2_BDqQ6LqS-TWf2ogtLiBCwgxS6m8bmrF8XRlTkWZeIptY2fRIDWUcLGqreiK3l3FrSydOQFUYrk4RYKZkC7OgH_iaq8-cfVWLl7e_adC7obr4Swge6b3EJ_gK3EktZU2FVA3U5l/s1600/laura.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="523" data-original-width="350" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgD3N9C2_BDqQ6LqS-TWf2ogtLiBCwgxS6m8bmrF8XRlTkWZeIptY2fRIDWUcLGqreiK3l3FrSydOQFUYrk4RYKZkC7OgH_iaq8-cfVWLl7e_adC7obr4Swge6b3EJ_gK3EktZU2FVA3U5l/s400/laura.jpg" width="267" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Laura de Mello e Souza. Imagem: Reprodução.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Laura de Mello e Souza é filha do crítico literário Antonio Candido (1918 - 2017) e da filósofa Gilda de Mello e Souza (1919 - 2005). Tem por irmãs a também historiadora Marina de Mello e Souza (de quem vou falar abaixo) e a <i>designer </i>Ana Luísa Escorel. Sempre ligada ao ambiente acadêmico, sua casa era frequentada por Sérgio Buarque de Holanda (1902 - 1982) e Florestan Fernandes (1920 - 1995). Algumas de suas obras são: <i>Desclassificados do Ouro: a pobreza mineira no século XVIII </i>(1983), <i>O Diabo e a Terra de Santa Cruz: feitiçaria e religiosidade popular no Brasil colonial </i>(1986), <i>Feitiçaria na Europa Moderna </i>(1987) e organizou a <i>História da Vida Privada no Brasil: cotidiano e vida privada na América Portuguesa </i>(1997). Laura é pioneira em estudos nas áreas história sócio-cultural e político-cultural. Foi professora de História Moderna na USP entre os anos de 1983 a 2014 e atualmente é professora titular de História do Brasil na <i>Université Paris - Sorbonne </i>(França).<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>6 - Marina de Mello e Souza:</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi21DRHMPay3OL27ScZPKjemfwDbayEvAlLXrBWCG-R6FoXe8P8gb_X6Q_M-zv-mXnbseZO-add_ck7WYvVTVhKzmHcyzLPf368PlGCysgQ0w1FZyRLFflcToqW1k1TeWFSIOj1XahBmPa4/s1600/marina.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="492" height="325" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi21DRHMPay3OL27ScZPKjemfwDbayEvAlLXrBWCG-R6FoXe8P8gb_X6Q_M-zv-mXnbseZO-add_ck7WYvVTVhKzmHcyzLPf368PlGCysgQ0w1FZyRLFflcToqW1k1TeWFSIOj1XahBmPa4/s400/marina.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Marina de Mello e Souza. Imagem: Reprodução. </td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<b> </b>Marina de Mello e Souza, assim como a irmã Laura de Mello e Souza, é historiadora. Se graduou em Ciências Políticas e Sociais pela PUC - Rio (1981), fez o mestrado em História da Cultura pela mesma universidade (1993) e fez o doutorado em História Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF) (1999). É especialista nos estudos sobre as relações entre o Brasil e a África, se tornando professora de História da África da USP. Dentre os livros de Marina, destaque para <i>África e Brasil africano</i>, ganhador do Prêmio Jabuti na categoria livros didáticos e para-didáticos no ano de 2006.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>7 - José Murilo de Carvalho:</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkTacWiremrt3qWmZt6xXXK_vZZ5O-Pyt75RdhVpVDR_MW2giu4NcEm9OgJck1PmHBAcxINcaG2U3bEGjJYKX2p7J0Lbl5AX_2KdlArDIg8mjnnrrhmk7WlmaYZtf2egeoXMhP1vpxYwmb/s1600/murilo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="551" data-original-width="980" height="223" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkTacWiremrt3qWmZt6xXXK_vZZ5O-Pyt75RdhVpVDR_MW2giu4NcEm9OgJck1PmHBAcxINcaG2U3bEGjJYKX2p7J0Lbl5AX_2KdlArDIg8mjnnrrhmk7WlmaYZtf2egeoXMhP1vpxYwmb/s400/murilo.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">José Murilo de Carvalho. Imagem: Reprodução.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br />
José Murilo de Carvalho se graduou em Sociologia e Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) (1965), fez o mestrado em Ciência Política na <i>Stanford University </i>(1969), o doutorado em Ciência Política na mesma instituição (1975) e o pós doutorado em História da América Latina foi feito na <i>University of London </i>(1977). Deu aulas na UFMG, foi professor visitante nas universidades de <i>Stanford </i>(EUA), <i>California-Irvine </i>(EUA), Notre Dame (EUA), Leiden (Holanda), <i>London </i>(Inglaterra), <i>Oxford </i>(Inglaterra) e na <i>École des Hautes Études en Sciences Sociales </i>(França). Além disso, José Murilo de Carvalho é membro da Academia Brasileira de Letras, é <i>Doutor Honoris Causa </i>pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e também pela Universidade de Coimbra (Portugal). As suas obras mais conhecidas são: <i>Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi </i>(1987), <i>A formação das almas: o imaginário da República no Brasil </i>(1990) e <i>D. Pedro II </i>(2007).<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>8 - Lúcia Maria Bastos Pereira das Neves:</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3tWfO94NpVmObObsIedf-W7ewu8WXPFlKKYQ2FrWGZg1THmBJ30kO9XiHJ13hzCMpUtfU4gwfDVx2vixVFZNsxDIAlze1uXn7tNGC4_KZjWtqTISk2_YSfTZnv9HnnIsDqDqqThhwt3VE/s1600/lucia+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="729" data-original-width="821" height="355" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3tWfO94NpVmObObsIedf-W7ewu8WXPFlKKYQ2FrWGZg1THmBJ30kO9XiHJ13hzCMpUtfU4gwfDVx2vixVFZNsxDIAlze1uXn7tNGC4_KZjWtqTISk2_YSfTZnv9HnnIsDqDqqThhwt3VE/s400/lucia+2.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Lúcia Bastos. Imagem: Reprodução/<i>Facebook</i>.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<b> </b>Lúcia Maria Bastos Pereira das Neves ou simplesmente Lúcia Bastos, se graduou em História na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1974), onde atualmente dá aulas de História Moderna, fez o mestrado na Universidade Federal Fluminense UFF (1986) e o doutorado na USP (1992). As suas obras mais conhecidas são: <i>Corcundas, constitucionais e pés-de-chumbo: a cultura política na época da Independência do Brasil</i> (1992), sua tese de doutorado, <i>O Império do Brasil </i>(1999), escrito com Humberto Machado, <i>História e Imprensa: entre práticas e representações </i>(2006), livro organizado junto com Tania Bessone e Marco Morel e <i>Dicionário do Brasil Joanino (1808 - 1821) </i>(2008), organizado em parceria com Ronaldo Vainfas.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>9 - Guilherme Paulo Castagnoli Pereira das Neves:</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8YKeZRt5T_SY4vFJ5vqtdJ03D4gWyi32HJiW3cN8FYsppD9AC5nSBbzLf_u2A7dw0ZnbFS-Poy3I0Sqi35ebyN-7db3CtEyYaKx8xVNa6cfv-yuD2WE8qe85rZcKnDp5ucLu6C2eW3dp7/s1600/guilherme.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="640" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8YKeZRt5T_SY4vFJ5vqtdJ03D4gWyi32HJiW3cN8FYsppD9AC5nSBbzLf_u2A7dw0ZnbFS-Poy3I0Sqi35ebyN-7db3CtEyYaKx8xVNa6cfv-yuD2WE8qe85rZcKnDp5ucLu6C2eW3dp7/s400/guilherme.jpg" width="266" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Guilherme Pereira das Neves ao lado da esposa Lúcia Bastos. Imagem: Reprodução <i>Facebook</i>.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b>
Guilherme Paulo Castagnoli Pereira das Neves ou simplesmente Guilherme Pereira das Neves, fez o bacharelado em História pela UFRJ (1973), a licenciatura em Historia pela UERJ (1976), o mestrado na UFF (1984) e o doutorado na USP (1994). Dentre as muitas obras de Guilherme, destaque para a sua tese de doutorado, intitulada <i>E Receberá Mercê: a Mesa da Consciência e Ordens, o clero secular e a sociedade no Brasil, 1808 - 1828 </i>(1994). Guilherme é casado com a também historiadora Lúcia Bastos, de quem falei acima. A parceria do casal também se estende para a vida profissional. A prova disso são as inúmeras vezes em que eu li um texto de Lúcia Bastos onde ela cita alguma obra do esposo, sempre mantendo o tom profissional. Guilherme e Lúcia são o casal 20 da historiografia brasileira.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>10 - Angela de Castro Gomes:</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrCL6bIXtyX98SABc6kVN19DIHc3fKurUGGuHiaYvKlSb5y8aWJwi4MKJ1nOABNANsKTFFGgTo8Y1BSNjGkOhi6a5ML5U1hNGDdUPO8PdX4322CtNDQ0Jk2PgyK6XSbFsOsKv7ni5xJgmJ/s1600/angela.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="183" data-original-width="275" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrCL6bIXtyX98SABc6kVN19DIHc3fKurUGGuHiaYvKlSb5y8aWJwi4MKJ1nOABNANsKTFFGgTo8Y1BSNjGkOhi6a5ML5U1hNGDdUPO8PdX4322CtNDQ0Jk2PgyK6XSbFsOsKv7ni5xJgmJ/s400/angela.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Angela de Castro Gomes. Imagem: Reprodução.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Angela de Castro Gomes possui graduação em História pela UFF (1969), mestrado em Ciência Política pela Sociedade Brasileira de Instrução (SBI/IUPERJ) (1978) e doutorado em Ciência Política pela mesma instituição (1987). É professora aposentada de História do Brasil da UFF e também foi professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), onde trabalhou entre os anos de 1976 a 2013. Os seus livros mais conhecidos são: <i>A Invenção do Trabalhismo </i>(1988), <i>Getulismo e Trabalhismo: tensões e dimensões do PTB</i> (1988), escrito em parceria com Maria Celina D'Araujo, <i>O Brasil de JK </i>(1991), <i>Vargas e a Crise dos Anos 50 </i>(1994), <i>História e Historiadores: a política cultural do Estado Novo </i>(1996), <i>Cidadania e Direitos do Trabalho </i>(2002) e <i>1964: o golpe que derrubou um presidente, pôs fim ao regime democrático e instituiu a ditadura no Brasil</i> (2014), livro escrito junto com Jorge Ferreira.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>11 - Keila Grinberg:</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNX2bpHdmjOqxWRH4X_pG0B3K3vd0HFIT91zIFb6EGpKygeb6I5u8UrqToMqE9LMJ9wiRVjVE6LIJqjnNnDmbmRVSPavtOxObRdjZ0YTm1oljz5LnLHFZQRIIDrwClNfaMQNDvYtJg5q_M/s1600/keila.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="261" data-original-width="193" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNX2bpHdmjOqxWRH4X_pG0B3K3vd0HFIT91zIFb6EGpKygeb6I5u8UrqToMqE9LMJ9wiRVjVE6LIJqjnNnDmbmRVSPavtOxObRdjZ0YTm1oljz5LnLHFZQRIIDrwClNfaMQNDvYtJg5q_M/s400/keila.jpg" width="295" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Keila Grinberg. Imagem: Reprodução.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b>
<b> </b>Keila Grinberg é graduada em História pela UFF (1993) e obteve o doutorado pela mesma instituição (2000). Já os pós-doutorados foram obtidos na <i>University of Michigan</i> (EUA)<i> </i>(2012) e na <i>New York University </i>(EUA) (2017). Keila Grinberg escreveu vários livros didáticos e alguns livros voltados para o público historiador. É autora de <i>Liberata: a lei da ambiguidade </i>(1994) e em parceria com Ricardo Salles organizou a coleção <i>Brasil Imperial</i> (2009), coleção dividida em três livros e que abrange todo o período imperial brasileiro (1822 - 1889). Na minha opinião, tal coleção é a obra mais completa sobre o Brasil monárquico.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>12 - Francisco Falcon:</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHFsL4BjhN8cG6hW8c0nXaNIhITKIoEB62FA9KlRRuElpwfWaed-Lp7IQuBoyQ6v7wzJDIj0lBZksrLkVPJG-Uoxqc2cyU8bZfJ2ojCk1-AcDxA4nY2acArBEg5j7M7GTNN_elDZCSOJdR/s1600/falcon.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1361" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHFsL4BjhN8cG6hW8c0nXaNIhITKIoEB62FA9KlRRuElpwfWaed-Lp7IQuBoyQ6v7wzJDIj0lBZksrLkVPJG-Uoxqc2cyU8bZfJ2ojCk1-AcDxA4nY2acArBEg5j7M7GTNN_elDZCSOJdR/s400/falcon.jpg" width="340" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Francisco Falcon. Imagem: Reprodução. </td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<b> </b>Francisco Falcon é graduado em História e Geografia pela UFRJ (1955), antiga Universidade do Brasil (UB), graduado em Museologia pelo Museu Histórico Nacional (1956), obteve o doutorado pela UFF (1976) e o pós-doutorado em História Moderna pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), em Portugal, no ano de 1984. Durante sua trajetória docente, passou pela UFF, UFRJ e PUC - Rio. Atualmente, é professor da Universidade Salgado de Oliveira, em Niterói. As suas obras mais conhecidas são: <i>Despotismo Esclarecido </i>(1987), <i>O Iluminismo </i>(1988) e <i>Estudos de Teoria da História e Historiografia Volume I </i>(2011).<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>13 - Hilário Franco Júnior:</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5u3pPGtA5anOduxr-9YVJfY1l7gNFYcq3rifAs_nay0OjskjcFIP3y0ed3tf7ttdayTZl5UWmFhqGyWnuKt6n4-Qp8w-LqhOBRv-ICJx1b8v4jilz11MVYPkbP-GY6fIPFl6XjGOMcZUF/s1600/hil%25C3%25A1rio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5u3pPGtA5anOduxr-9YVJfY1l7gNFYcq3rifAs_nay0OjskjcFIP3y0ed3tf7ttdayTZl5UWmFhqGyWnuKt6n4-Qp8w-LqhOBRv-ICJx1b8v4jilz11MVYPkbP-GY6fIPFl6XjGOMcZUF/s400/hil%25C3%25A1rio.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Hilário Franco Júnior. Imagem: Reprodução.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<b> </b>Hilário Franco Júnior é um historiador brasileiro especialista em Idade Média. Sem dúvidas, é a maior autoridade no assunto no Brasil quando se fala em Idade Média. Além disso, Hilário também se dedica à História Social do Futebol. É graduado em Administração (1972) pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV - SP), graduado em História (1976) pela USP e obteve o doutorado também pela USP (1982). Fez o pós-doutorado com Jacques Le Goff (1924 - 2014), o maior especialista em Idade Média do Mundo, na <i>École des Hautes Études en Sciences Sociales </i>(1993), na França. Além disso, Hilário também fez pós-doutorado em outras universidades da Espanha e na <i>École des Hautes Études en Sciences Sociales</i> mais de uma vez. Alguns livros escritos por Hilário Franco Júnior são: <i>A Idade Média, o Nascimento do Ocidente </i>(2006), <i>A dança dos deuses. Futebol, Sociedade, Cultura </i>(2007) e <i>Os Três Dedos de Adão </i>(2010). Hilário Franco Júnior já ganhou o Prêmio Jabuti duas vezes.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>14 - Bernardo Buarque de Hollanda:</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVxROuOBFNosg6evWwPzpJJyEbtsUPzhHOqldetQUOAR6VxjOBb5NkewEwGkQXGxT7atQMfLDf2PQSopg8bdl7d9e3E0vvkbFKl1guzAI5tS35wcefHswZH8IbS2c1XbqI9euECuAHr4sJ/s1600/bernardo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVxROuOBFNosg6evWwPzpJJyEbtsUPzhHOqldetQUOAR6VxjOBb5NkewEwGkQXGxT7atQMfLDf2PQSopg8bdl7d9e3E0vvkbFKl1guzAI5tS35wcefHswZH8IbS2c1XbqI9euECuAHr4sJ/s400/bernardo.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Bernardo Buarque de Holanda. Imagem: Reprodução.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b>
<b> </b>Bernardo Buarque de Hollanda é graduado em Ciências Sociais pela UFRJ (1996), mestrado em História Social da Cultura pela PUC - Rio (2003) e doutor em História Social da Cultura pela mesma instituição (2008), com período sanduíche na <i>École des Hautes Etudes en Sciences Socialies </i>(França). Já os dois pós-doutorados foram feitos na <i>Fondation Maison des Sciences de l'Homme </i>(França) (2009) e na <i>University of Birmingham </i>(Grã - Bretanha) (2018). Bernardo estuda a história social do futebol e torcidas organizadas, modernismo e vida literária no Brasil, cultura brasileira e pensamento social e história intelectual. Os seus livros de destaque são: <i>Torcidas organizadas na América Latina: estudos contemporâneos </i>(2017), em parceria com Onésimo Aguilar Rodrigues, <i>A Voz da Arquibancada: narrativas de lideranças da Federação de Torcidas Organizadas do Rio de Janeiro (FTORJ) </i>(2015), coleção organizada por Bernardo, Jimmy Medeiros e Rosana da Câmara Teixeira; <i>O clube como vontade e representação: o jornalismo esportivo e a formação das torcidas organizadas de futebol do Rio de Janeiro </i>(2010), <i>O esporte na imprensa e a imprensa esportiva no Brasil </i>(2012), livro organizado junto com Victor Andrade de Melo e <i>Olho no lance: ensaios sobre esporte e televisão </i>(2013), livro organizado por Bernardo, João Manuel C. Malaia Santos, Luiz Henrique de Toledo e Victor Andrade de Melo.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>15 - Maria Regina Cândido:</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5mU-SWRvPXsT5zIbkE41V9Sbw6Vz6F8wrwjSthC01aI7zmkxpHYI7nsDbxwUpAQC3hPFehX_q9BWMXfnqL1NxdPBxVSw9_HwB5ns0NQUYgWgSkbRrXGjdfLE2h3_TUR-Esa-WhI2lqtqD/s1600/maria.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="720" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5mU-SWRvPXsT5zIbkE41V9Sbw6Vz6F8wrwjSthC01aI7zmkxpHYI7nsDbxwUpAQC3hPFehX_q9BWMXfnqL1NxdPBxVSw9_HwB5ns0NQUYgWgSkbRrXGjdfLE2h3_TUR-Esa-WhI2lqtqD/s400/maria.jpg" width="300" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Maria Regina Cândido. Imagem: Reprodução. </td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<b> </b>Maria Regina Cândido é graduada em Estudos Sociais pela Universidade Veiga de Almeida (UVA) (1988), fez o mestrado em História Social pela UFRJ (1995) e o doutorado em História Social também pela UFRJ em 2001, com direito a um estágio na EFA: Escola Francesa de Atenas/Grécia. Maria Regina é professora da UERJ e suas aulas, bem como suas pesquisas, estão concentrados nas sociedades antigas grega e romana. Algumas de suas publicações em revistas e coletâneas de livros internacionais já foram publicados em Portugal, Chile, México e Cuba. Suas publicações de destaque são: <i>A Feitiçaria na Atenas Clássica </i>(2004) e <i>Mulheres na Antiguidade </i>(2012).<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>16 - Júnia Ferreira Frutado:</b><br />
<b><br /></b>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-xz1uZHGRiOM4ReC19pkVa-ZA2-ehiSucPkC3K4PyaKBXHVJWzwbssH5VTEx6sDRqoKXsJ4Vz-ltmRLjWqwg7r1_v8EENkcNJsVPmqHvehq54DvP9soMLOpychp2kJZuB-mWa6-Cyyzrs/s1600/junia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="801" data-original-width="600" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-xz1uZHGRiOM4ReC19pkVa-ZA2-ehiSucPkC3K4PyaKBXHVJWzwbssH5VTEx6sDRqoKXsJ4Vz-ltmRLjWqwg7r1_v8EENkcNJsVPmqHvehq54DvP9soMLOpychp2kJZuB-mWa6-Cyyzrs/s400/junia.jpg" width="298" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Júnia Ferreira Furtado. Imagem: Reprodução.</td></tr>
</tbody></table>
<b><br /></b>
Júnia Ferreira Furtado é graduada em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) (1983), fez o mestrado em História Social na Universidade de São Paulo (1991) e o doutorado em História Social foi feito na mesma instituição (1996). Realizou estudos de pós-doutorado na Universidade de Princeton (EUA) em 2000, na <i>École des Hautes Études en Sciences Sociales </i>(França) em 2008 e na UFF em 2014. Júnia também foi professora visitante em <i>Princeton University </i>(2001) e na <i>École des Hautes Études en Sciences Sociales </i>(2017) e na Universidade de Lisboa (Portugal) foi pesquisadora visitante. Júnia tem vários escritos publicados e, sem dúvidas, o mais conhecido de todos é <i>Chica da Silva e o contratador dos diamantes: o outro lado do mito </i>(2003), que também foi publicado no Reino Unido. Neste livro, a autora reescreve a história de Chica da Silva (1732 - 1796) longe dos estereótipos que cercam tal figura. Júnia é professora de História da UFMG e tem um Prêmio Jabuti no currículo.<br />
<br />
<b>17 - Ilmar Rohloff de Mattos:</b><br />
<b><br /></b>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRtcrDPhVoBKOIhZpdjwVeoYrFqBczXk7l6M4u_ZLsTpifb8REMbpmssHPmhoGu8X8xKywlsVvUTTEl-anLhei_vio4UvDFdm-IOh6aUFD66JwTGyuWn0H_uNOEOjEYsPwXAFmU4eA9h1J/s1600/ilmar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="640" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRtcrDPhVoBKOIhZpdjwVeoYrFqBczXk7l6M4u_ZLsTpifb8REMbpmssHPmhoGu8X8xKywlsVvUTTEl-anLhei_vio4UvDFdm-IOh6aUFD66JwTGyuWn0H_uNOEOjEYsPwXAFmU4eA9h1J/s400/ilmar.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ilmar Rohloff de Mattos. Imagem: PUC - Rio.</td></tr>
</tbody></table>
<b><br /></b>
<b> </b>Ilmar possui graduação em História pela UFRJ (1965) e doutorado em História Social pela USP (1985). É professor da PUC - Rio e já foi professor visitante da <i>Universidad de Buenos Aires </i>(Argentina). Os seus livros mais conhecidos são: <i>O Tempo Saquarema </i>(1987) e <i>O império da boa sociedade: a consolidação do Estado imperial brasileiro </i>(1991), livro escrito junto com Marcia de Almeida Gonçalves.<br />
<br />
<b>18 - Isabel Lustosa:</b><br />
<b><br /></b>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgr3bnExdenctBfGNM6kZhgHvOvoH0wPiJWvFW2PKXlsJzsntcPMRBZhqDoIQNW1cPl3isIHTY7Xs6yHQAXlMJ1Mc1_EumazSTWHNqkgyQeUVdXmvKMZXyamG-FS0fhFWUotKYzhi0kT9Pg/s1600/isabel+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1572" data-original-width="1600" height="392" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgr3bnExdenctBfGNM6kZhgHvOvoH0wPiJWvFW2PKXlsJzsntcPMRBZhqDoIQNW1cPl3isIHTY7Xs6yHQAXlMJ1Mc1_EumazSTWHNqkgyQeUVdXmvKMZXyamG-FS0fhFWUotKYzhi0kT9Pg/s400/isabel+2.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Isabel Lustosa. Imagem: Reprodução.</td></tr>
</tbody></table>
<b><br /></b> Isabel Lustosa é uma historiadora brasileira que se graduou em Ciências Sociais pela UFRJ em (1981), fez mestrado em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ) (1984) e o doutorado em Ciência política pela mesma instituição (1995). É pesquisadora da Fundação Casa de Rui Barbosa, do Ministério da Cultura e já foi professora visitante de diversas universidades francesas. Escreveu e organizou vários livros e o mais conhecido de todos é <i>D. Pedro I: um herói sem nenhum caráter </i>(2006).<br />
<br />
<b>19 - Antonio Edmilson Martins Rodrigues:</b><br />
<b><br /></b>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQLPBAD-jTyOpFG1GHNlFTLlebQ0EpuCYob9Ys7-M_fpKzt9Ir5I-smquN27NgiKNtgB1zJbIYufAsJPMdIBCg4HNk_cGQL8xMJZMgR9c5DHMNuzRItzvosU2oxxvvD-ziwp1E9GJCYEXG/s1600/edmilson.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="851" data-original-width="858" height="396" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQLPBAD-jTyOpFG1GHNlFTLlebQ0EpuCYob9Ys7-M_fpKzt9Ir5I-smquN27NgiKNtgB1zJbIYufAsJPMdIBCg4HNk_cGQL8xMJZMgR9c5DHMNuzRItzvosU2oxxvvD-ziwp1E9GJCYEXG/s400/edmilson.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Antonio Edmilson Martins Rodrigues. Imagem: Reprodução <i>Facebook</i>.</td></tr>
</tbody></table>
<b><br /> </b>Antonio Edmilson Martins Rodrigues é graduado em História pela UFF, é professor da PUC - Rio e também da UERJ. É, sem sombra de dúvidas, a maior autoridade quando o assunto é história do Rio de Janeiro, pois tem um conhecimento profundo sobre o tema. Edmilson, como é chamado pelos estudantes e professores, já deu diversas entrevistas em programas de rádio e televisão onde falou sobre a história do Rio de Janeiro. As suas obras mais conhecidas são: <i>João do Rio: a cidade e o poeta - olhar de flâneur na belle époque tropical </i>(2000), <i>José de Alencar: o poeta do século XIX </i>(2001), <i>Nair de Teffé - vidas cruzadas </i>(2002) e <i>As Mulheres de Machado de Assis </i>(2004). Além disso, Edmilson ficou em segundo na edição do Prêmio Jabuti de 2005 e foi vencedor deste mesmo prêmio no ano de 2007 em duas categorias. </div>
Marllon Alveshttp://www.blogger.com/profile/16401643299711219814noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3932688701708172915.post-44727527282392326702018-08-14T06:39:00.001-07:002018-08-14T06:39:13.036-07:00Futebol brasileiro: um esporte cada vez mais evangélico<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTvL0bImbW5LJsiL-hbUs0RiH06Zhzgr2Tq5tI-QtqLGbZRgNrWxPFvmnpyczcLG_7e-NQ7nnoY5e_40Wj79JRtN0UuyNep3l5TBKcu4wR3_g0im-jP4hIGMB5sAsaYrqvCttzCy14iKw6/s1600/kaka.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="512" height="281" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTvL0bImbW5LJsiL-hbUs0RiH06Zhzgr2Tq5tI-QtqLGbZRgNrWxPFvmnpyczcLG_7e-NQ7nnoY5e_40Wj79JRtN0UuyNep3l5TBKcu4wR3_g0im-jP4hIGMB5sAsaYrqvCttzCy14iKw6/s400/kaka.png" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O ex-jogador Kaká orando em campo.Em sua blusa, a frase em inglês significa: "Eu pertenço a Jesus". Imagem: Reprodução.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O futebol é o esporte mais popular do planeta e também o mais popular do Brasil. Por conta disso, ele acaba refletindo a sociedade na qual está inserido. Não é atoa que em algumas universidades existem núcleos de pesquisa cuja finalidade é analisar comportamentos sociais a partir do futebol. O número de futebolistas evangélicos no Brasil tem aumentado cada vez mais e isso é um reflexo da sociedade brasileira, que tem se tornado cada vez mais evangélica ao longo dos anos.<br />
O futebol é, sem dúvidas, o esporte mais popular do Brasil e também do mundo. A grosso modo, tal esporte consiste em um grupo determinado de pessoas de equipes diferentes correndo atrás de uma bola. Acerta o time que colocar a bola no gol e fizer isso mais vezes. Este esporte aparentemente simples é capaz de despertar emoções intensas e unir o país em torno de algo comum. O esporte em questão também pode ser usado para fins políticos. A imagem do Brasil em quanto país do futebol foi construída durante o primeiro governo do presidente Getúlio Vargas (1930 - 1945), que depois voltaria a governar o país em 1950. O Brasil vivia um período ditatorial iniciado em 1964 quando ganhou a Copa do Mundo de 1970, conquistando o tricampeonato. Era um período de ufanismo e também o auge do regime, onde o país vivia a euforia do chamado "Milagre Econômico". O general Médici (1905 - 1985), então presidente da república, aproveitou o fato para fazer propaganda política. O feito deu certo por um momento, mas passado um tempo o regime começou a ruir e começaram a discutir a possibilidade de uma abertura "lenta e gradual". Desde pelo menos 2013, quando começaram os protestos que entraram para a História como as Jornadas de Junho, que os brasileiros têm um descontentamento profundo com a política e isso tem refletido no futebol. Na Copa do Mundo de 2014, sediada no Brasil, o número de brasileiros torcendo contra a seleção já era grande e esta tendência se estendeu para a Copa de 2018. Como dito neste parágrafo, no Brasil futebol e política andaram juntos em alguns momentos e isto ainda está assimilado pelos brasileiros, que descontam na seleção brasileira o desgosto para com a classe política.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8XLyRJoq6_ZcBrsIrN-3j1CLRmPfxZiuDrfgyhq1Imht_aidGWe9kh02hkAyNdpGpKkric81VtOc1vzT42v9MtOoUkIF_bNXNS_0sW4XwBH8tx6T8ZvhFC-IGg8qPns5NfrKRGhf4jlcZ/s1600/david+e+ney.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="424" data-original-width="656" height="257" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8XLyRJoq6_ZcBrsIrN-3j1CLRmPfxZiuDrfgyhq1Imht_aidGWe9kh02hkAyNdpGpKkric81VtOc1vzT42v9MtOoUkIF_bNXNS_0sW4XwBH8tx6T8ZvhFC-IGg8qPns5NfrKRGhf4jlcZ/s400/david+e+ney.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Neymar e David Luiz agradecem a Deus após vencerem a seleção chilena em uma disputa que foi para os pênaltis, na Copa do Mundo de 2014. Imagem: Reprodução. </td></tr>
</tbody></table>
<br />
Desde os anos 2000, pelo menos, que o número de jogadores evangélicos é cada vez maior no futebol brasileiro. Eles jogam em times brasileiros e também em times do exterior. E chegar a esta conclusão não é difícil. Basta dar uma rápida olhada nas redes sociais deles. Eles postam lá fotos com a família em um culto evangélico, postam fotos com versículos bíblicos e se reconhecem como cristão. Dentro de campo, é comum vê-los orando com frequência durante os jogos, principalmente quando fazem gol. Há um quadro no <i>Fantástico</i>, programa dominical da TV Globo que está no ar há mais de 40 anos, onde o jogador tem o direito de pedir música quando faz três gols em uma determinada sequência. Muitas foram as vezes em que foi visto um jogador pedir música de Cassiane, Damares e Fernandinho por exemplo. Para quem não sabe, tais pessoas são cantores evangélicos conhecidos em todo o Brasil. É comum também ver jogadores evangélicos na seleção brasileira e a quantidade não é pequena. Durante a Copa de 2014, sediada no Brasil, os jogadores chegaram até a realizar cultos na concentração, tamanha a presença de jogadores que professam a religião evangélica. Entretanto, tal prática nunca foi unanimidade: alguns críticos viam nisso um traço de uso do futebol para proselitismo, além do risco de divisões e incômodos no grupo. O fato é que em 2015 Dunga, então técnico da seleção brasileira, proibiu os cultos na concentração e a medida foi mantida por Tite.<br />
O número de jogadores evangélicos no Brasil é um reflexo da sociedade, que está se tornando cada vez mais evangélica. Segundo matéria publicada no <i>G1 </i>em 2012, o número de evangélicos aumentou 61% em 10 anos de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O instituto disse também que em 2000 cerca de 26,2 milhões de brasileiros se diziam evangélicos, o equivalente a 15,4% da população. Em 2010, este número subiu para 42,3 milhões, o equivalente a 22,2% da população. Em 1991, o percentual de evangélicos no Brasil era de 9% e em 1980 este mesmo percentual era de 6,6%. O número de evangélicos no Brasil não para de aumentar, mas mesmo assim o Brasil continua sendo um país de maioria católica.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPKHKxBorilGO4khsJcQ_H9r1RD6meCulNPD5Imym4l8n_LjlkelXaDbxKDHKVfan4mqyOmvGywfDNzxxoMxUNN6-OUPDtIAsxagfuwLllPwlzlV-tyLdy2XHuhZK-ves5Irm1vWgNXbC4/s1600/neymar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="272" data-original-width="531" height="203" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPKHKxBorilGO4khsJcQ_H9r1RD6meCulNPD5Imym4l8n_LjlkelXaDbxKDHKVfan4mqyOmvGywfDNzxxoMxUNN6-OUPDtIAsxagfuwLllPwlzlV-tyLdy2XHuhZK-ves5Irm1vWgNXbC4/s400/neymar.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Neymar, então jogador do Santos, agradece a Deus após vitória do clube santista sobre o Mogi Mirim Esporte Clube em uma disputa que foi para os pênaltis, em maio de 2013. Imagem: Reprodução.</td></tr>
</tbody></table>
<br />
Segundo especialistas, os evangélicos serão maioria em 2020. Este segmento religioso possui infinitas vertentes, sendo um grupo cujas diferenças culturais e teológicas são evidentes. Dentro deste grupo existem os chamados evangélicos não praticantes, que são como os católicos não praticantes, grupo há muito tempo conhecido pelos brasileiros: são pessoas que têm a fé delas baseada na crença evangélica, mas que por alguma (ou algumas) razão, deixaram de frequentar a igreja, não abandonando por completo as suas práticas. Muitos jogadores de futebol vieram de famílias evangélicas e/ou pertenceram a religião evangélica em algum momento de suas vidas. Entretanto, romperam parcialmente com a vida religiosa. Não romperam totalmente porque, se por um lado eles vão a baladas nada <i>gospel</i>, se envolvem com várias mulheres e possuem um vocabulário recheado de palavrões que não agradariam nem ao mais liberal dos cristãos, estes mesmos jogadores oram em campo com frequência, agradecem a Deus na vitória ou na derrota e colocam fotos com versículos bíblicos nas redes sociais. Estes atletas podem ser encaixados no grupo dos evangélicos não praticantes, nomenclatura que muitos cristãos evangélicos estão aprendendo a usar. Este fato já gerou certas polêmicas em portais voltados para o público evangélico e canais no <i>Youtube </i>também voltados para este segmento. Os mesmos fizeram listas com os nomes dos futebolistas evangélicos e a polêmica veio pelo fato de alguns jogadores que não têm um comportamento nada religioso estarem em tais listas. O fato de uma pessoa orar, compartilhar trechos da Bíblia de vez em quando e ouvir músicas <i>gospel </i>não faz da mesma automaticamente uma pessoa evangélica. É como diz aquela frase que muitos cristãos gostam de falar: "você conhece a árvore pelos frutos".<br />
<br />
<b>Conclusão</b><br />
<b><br /></b>
O aumento do número de jogadores evangélicos no Brasil é um reflexo da sociedade brasileira, que tem se tornado mais evangélica a cada ano que passa. Os evangélicos estão presentes na política, no esporte, na saúde e na educação por exemplo. Particularmente, eu não tenho nada contra o crescente número de evangélicos no país, desde que os mesmos não procurem controlar o corpo alheio, impedir a liberdade de culto do amigo que é de outra religião e acharem que só a religião deles é a certa. </div>
Marllon Alveshttp://www.blogger.com/profile/16401643299711219814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3932688701708172915.post-11370367878306130992018-08-09T07:39:00.000-07:002018-08-09T07:44:11.712-07:00O machismo presente no golpe parlamentar que tirou Dilma Rousseff do poder<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiMiUqVtIp73WZLXQhwF95GOfsk0hTjojEvJP1MbqL8NWWqQEoM6I0ifMTDJvMjis5YOmXcTIfhFmnLXCPEUwbLDnSiEwuw86l8BYQa4EhYNv69H7kHNuUlC6yvcBKdTo1JCIjncWCoUXc/s1600/dilma.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1067" data-original-width="1600" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiMiUqVtIp73WZLXQhwF95GOfsk0hTjojEvJP1MbqL8NWWqQEoM6I0ifMTDJvMjis5YOmXcTIfhFmnLXCPEUwbLDnSiEwuw86l8BYQa4EhYNv69H7kHNuUlC6yvcBKdTo1JCIjncWCoUXc/s400/dilma.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Dilma Rousseff foi a primeira mulher a chegar ao posto mais alto da política brasileira: a Presidência da República. Foi eleita para um segundo mandato, mas foi impedida de concluir o mesmo. Imagem: Roberto Stuckert Filho/PR. </td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dilma Rousseff foi a primeira mulher a ser eleita presidente da república. Isso foi em 2010 e em 2014 ela foi reeleita para mais um mandato de quatro anos. Entretanto, um golpe Judiciário, parlamentar e midiático a tirou do poder em 2016. Além disso, este mesmo golpe tem um forte viés machista com relação à Dilma Rousseff.</div>
<div style="text-align: justify;">
Em 2010, Dilma Rousseff foi eleita presidente da república. Era a primeira vez que uma mulher chegava neste posto no Brasil, que por sinal é o mais alto da política brasileira. A grande popularidade de Lula, bem como o seu prestígio e a promessa de dar continuidade ao programa de governo de seu antecessor e aliado, Dilma foi eleita. Dilma chegou ao poder em um momento em que mulheres em todo o mundo chegavam ao posto mais alto da política de seus respectivos países. Michelle Bachelet foi presidente do Chile entre os anos de 2006 e 2010, retornando em 2014 para mais um mandato presidencial que findou em março de 2018. Cristina Kirchner foi a presidente da Argentina entre os anos de 2007 e 2015. E Destaque também para Angela Merkel, que desde 2005 é a chanceler da Alemanha. E estes são só alguns exemplos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguYoeTicastkpXBqcTEiGhOxZqJYi352PJb4rw6zdfbvvKFTwQR7oFOM66vgudXeOOK3SURfPjsJFSGz-P5pVK7htS-do8XUJJQTK-3O7uGK2rN7Iny2_elnI6CXpjZwj_6cMVRvJ81nsB/s1600/dilma+e+filha.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="304" data-original-width="696" height="139" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguYoeTicastkpXBqcTEiGhOxZqJYi352PJb4rw6zdfbvvKFTwQR7oFOM66vgudXeOOK3SURfPjsJFSGz-P5pVK7htS-do8XUJJQTK-3O7uGK2rN7Iny2_elnI6CXpjZwj_6cMVRvJ81nsB/s320/dilma+e+filha.jpeg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Dima ao lado da filha em desfile de cerimônia da posse de seu segundo mandato como presidente da república, em janeiro de 2015. Imagem: Reprodução.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Com muito esforço e em uma disputa extremamente acirrada no segundo turno das eleições presidenciais de 2014 com Aécio Neves, Dilma é reeleita para mais um mandato de quatro anos. A oposição não se mostrou insatisfeita em nenhum momento e antes mesmo das eleições tentou impedir que Dilma chegasse ao poder: tentaram associar o nome de Dilma à Operação Lava-Jato, que começou em 2014, disseram que Dilma recebeu verba para sua campanha de empresas com problemas com a justiça e, mesmo com o resultado das eleições, a oposição não se conformou. Exigiram a recontagem dos votos e disseram que Dilma tinha feito uma campanha eleitoral irregular. Como todos estes argumentos caíram por terra, não lhes restaram outra opção, a não ser as ruas. O ano de 2015 foi marcado por manifestações que pediam o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência da República. Tais manifestações, que foram amplamente cobertas pela grande mídia, faziam críticas ao governo Dilma e também ao fato da mesma ser mulher. Em meio aos protestos, se viu muitas vezes os manifestantes atacando Dilma verbalmente por meio de cartazes e também de forma verbal. Nestes protestos, era muito comum ver e ouvir palavras como: "puta", "vaca" e daí por diante. Além disso, como "forma de protesto" pela alta do preço da gasolina, fizeram um adesivo para carros onde Dilma aparecia de pernas abertas e o mesmo era colocado sobre o buraco onde se coloca a gasolina.</div>
<div style="text-align: justify;">
Durante todo o processo de golpe que culminou na retirada de Dilma Rousseff do poder era visto dentro e fora dos espaços políticos (entende-se aqui por câmara dos vereadores, dos deputados e câmara do senado) uma fúria e ataques sem iguais a figura da então presidente da república. Isso nada mais é do que machismo. Era um machismo velado (embora em alguns momentos ele tenha se manifestado de forma descarada), onde se mostrava um incômodo e até mesmo uma aversão a uma mulher que estava ocupando um espaço que não foi feito para ela. É interessante notar que, embora haja claros indícios de que Michel Temer está envolvido em corrupção, fazendo com que o pedido de seu afastamento fosse votado na câmara dos deputados (e rejeitado), o ódio que é visto quando se trata de Dilma não é visto quando o assunto é Temer. Isso acontece porque, além de Michel Temer atender aos interesses da elite, o mesmo é homem. Vale destacar também o que acontece com Luiz Fernando Pezão, atual governador do estado do Rio de Janeiro. Pezão levou o estado a pior crise econômica de sua história. Os protestos contra ele existem, mas os manifestantes são poucos e não se vê ninguém chamando Pezão de "galinho", "quengo", "piranho", "vadio" e por aí vai. Não se vê pessoas atacando como "forma de protesto" a vida particular de Pezão e Temer. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGgBRgXBGrbQclEolJChKvdpJ_JlinC412hWOnyhgByPc03nwJp_geiPMOvOG6jvgj4P0gz5XOiD2p1OJxBjCREdjBmlYmVL4y_3zL-cqhvlvJ7lgy0UKW1BEW_2EcOpGlYwZRA_bR1MKZ/s1600/dilma+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="904" data-original-width="1600" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGgBRgXBGrbQclEolJChKvdpJ_JlinC412hWOnyhgByPc03nwJp_geiPMOvOG6jvgj4P0gz5XOiD2p1OJxBjCREdjBmlYmVL4y_3zL-cqhvlvJ7lgy0UKW1BEW_2EcOpGlYwZRA_bR1MKZ/s400/dilma+2.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A trajetória de Dilma Rousseff na Presidência da República foi marcada pelo machismo. Imagem: Roberto Stuckert Filho/PR. </td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br />
A verdade é que o machismo permeou todo o governo Dilma, não se manifestando somente quando começaram a pedir seu afastamento. Me lembro que quando Dilma ainda era uma pré-candidata à Presidência da República, já existiam boatos e especulações acerca de sua vida pessoal. Queriam saber se ela era casada, cogitaram que Dilma era lésbica, as pessoas passaram a ficar atentas com relação ao vestuário de Dilma, queriam saber quem era seu estilista, seu cabeleireiro... Me lembro também que quando Dilma tomou posse de seu segundo mandato, após ser reeleita presidente da república, em janeiro de 2015, muita gente comentou o vestido que Dilma usava na cerimônia. Comentaram o fato dela estar desconfortável em trajar tal vestido e até descobriram a estilista que fez o mesmo. Foi como foi dito lá em cima: muita gente se mostrou incomodada com o fato de Dilma estar ocupando um lugar que não foi feito para mulheres. Não é atoa que quando Dilma sofreu o golpe parlamentar, em 2016, a "normalidade machista" foi retomada. Isso foi evidente em pelo menos duas situações. Primeiro, Temer foi alvo de críticas ao apresentar seu grupo ministerial, composto somente por homens. Para sanar as críticas, Temer chamou a advogada Grace Maria Fernandes Mendonça para ser a chefe da Advocacia Geral da União (AGU). E o segundo fato envolve Marcela Temer, esposa de Michel Temer. Se antes do marido ser presidente da república, Marcela Temer aparecia imponente e super produzida em cerimônias oficiais, depois que o marido assumiu a Presidência da República, Marcela abandonou as maquiagens e <i>looks </i>poderosos e passou a usar maquiagens discretas, penteados igualmente discretos e figurino mais sóbrio. Além disso, Marcela também passou a se envolver com obras de caridade, assim como fizeram outras esposas de presidentes da república no passado. O golpe de 2016 também serviu para colocar a mulher "no seu lugar".<br />
<br />
<b>Conclusão</b><br />
<b><br /></b>
O machismo esteve presente durante todo o governo Dilma e não somente quando começaram a pedir o seu afastamento. O patriarcado/machismo (tais conceitos estão tão imbrincados que chega a ficar difícil diferenciar um do outro) estrutura toda a sociedade brasileira, inclusive a política institucional do Brasil. O fato de uma mulher ter ocupado o posto mais alto da política brasileira não rompeu com a estrutura patriarcal, que é um dos sustentáculos da sociedade brasileira. Entretanto, a presença de Dilma na Presidência da República foi muito importante para o ponto de vista da representatividade, além de levantar questões com relação ao machismo e à situação das mulheres no Brasil. </div>
Marllon Alveshttp://www.blogger.com/profile/16401643299711219814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3932688701708172915.post-35531396156023654012018-08-07T07:45:00.001-07:002018-08-07T07:45:43.866-07:00O episódio do Chaves que faz muita gente chorar<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjOzLq_vu5f1rKU08mPQsEzw7ThZN0P4DxswShlAmlgsWjei2OUgoJvgFc_OOPm4kTyXQFZ7EuZfL0eswlbYw1V91cOrpRxcUW4tAvpAPROJhOSk3GuXdLsGbdKzT0mqLpYX_I09vp_e7C/s1600/chaves.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="480" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjOzLq_vu5f1rKU08mPQsEzw7ThZN0P4DxswShlAmlgsWjei2OUgoJvgFc_OOPm4kTyXQFZ7EuZfL0eswlbYw1V91cOrpRxcUW4tAvpAPROJhOSk3GuXdLsGbdKzT0mqLpYX_I09vp_e7C/s400/chaves.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Chaves (Roberto Bolaños) vai embora da vila onde morava após ser acusado injustamente de roubo. Créditos na imagem.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>El Chavo del Ocho </i>(1971), conhecido no Brasil como <i>Chaves</i>, é um seriado mexicano que há décadas faz sucesso em todo o mundo, divertindo crianças e também adultos. É uma série marcada pelo humor e irreverência. Entretanto, há um episódio do seriado em questão que já fez muita gente chorar e/ou sentir pela de Chaves (Roberto Bolaños). É sobre esse episódio que eu vou falar aqui e cuidado porque há s<i>poilers</i>. Bem, acredito que não tem como existir <i>spoilers </i>em uma série extremamente popular e que até hoje é reproduzida incansavelmente na televisão, sempre rendendo ótimos índices de audiência por sinal.<br />
<i>Chaves</i>, como o seriado é conhecido no Brasil, dispensa apresentações. Sem sombra de dúvidas, é um dos maiores seriados de todos os tempos e tem condições de ficar ao lado das grandes produções norte-americanas que fizeram história e fazem sucesso até hoje. O protagonista é Chaves, menino órfão cujo nome verdadeiro nunca foi revelado, que mora em uma vila cujo número da casa é o oito (é por isso que o nome original do sério é <i>El Chavo del Ocho</i>, que em tradução livre ficaria como "O Menino do Oito". E não. O Chaves não mora em um barril, ele só se esconde lá). Nesta mesma vila, tem a Chiquinha (María Antonieta de las Nieves), filha do Seu Madruga (Ramón Valdés), o Quico (Carlos Villágran), filho da Dona Florinda (Florinda Meza), a Dona Clotilde (Angelines Fernández), o Senhor Barriga (Edgar Vivar), dono da vila onde moram os personagens e que vai a mesma mensalmente cobrar o aluguel, o filho Nhonho (que também é interpretado por Edgar Vivar) e o Professor Girafales (Rubén Aguirre). Há também os personagens que entram e saem da trama ao longo dos anos. Os moradores da "Vila do Chaves" vivem às turras uns com os outros, mas no final permanecem unidos e também se completam. Chaves também é marcado por sutis, mas não imperceptíveis críticas político-sociais. Já falei sobre o assunto <a href="http://marllon221190.blogspot.com/2017/04/o-lado-politico-social-do-seriado-chaves.html" target="_blank">aqui</a>.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgom0xez3ZyjeMpp5YhRM2BqzCaNmhD77JrOyRBwFQJWafaZaJS_ngGodkamcf7DTabO9RHvWGuA30SsEchWDaf6L5dMPtke2USi9udthqAvugz5LJ8u0t2d9qbfb2qKX89whxVa-4BQUY5/s1600/furtado.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="640" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgom0xez3ZyjeMpp5YhRM2BqzCaNmhD77JrOyRBwFQJWafaZaJS_ngGodkamcf7DTabO9RHvWGuA30SsEchWDaf6L5dMPtke2USi9udthqAvugz5LJ8u0t2d9qbfb2qKX89whxVa-4BQUY5/s400/furtado.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Chaves e Seu Furtado (Ricardo de Pascual) em cena do seriado <i>Chaves </i>(1971). Créditos na imagem.</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O episódio que faz muita gente ter compaixão do Chaves e até mesmo ir às lágrimas é intitulado <i>O Ladrão da Vila</i>. O episódio começa começa dentro da normalidade: Chaves tentando equilibrar uma vassoura na palma de sua mão quando Seu Madruga o chama e pergunta se ele pode pedir a Dona Clotilde o ferro de passar roupa emprestado porque o dele sumiu misteriosamente e é neste momento que percebemos que o episódio não será tão engraçado como os demais. As crianças levanta a hipótese dele ter sumido misteriosamente por mágica da "Bruxa do 71" (é desta forma que Dona Clotilde é chamada pelas crianças, que acham que ela é uma bruxa). Dona Clotilde, eternamente apaixonada por Seu Madruga, logo se prontifica a emprestar o ferro de passar para aquele que nunca correspondeu ao seu amor. Entretanto, ela não poderá emprestar o ferro de passar porque o dela também some e é neste momento que vemos a razão do sumiço dos objetos: o Seu Furtado (Ricardo Pascual), trocadilho com a palavra furto, aparece roubando o ferro de passar da moradora do 71 e colocando em seguida no barril onde Chaves costuma se esconder. Logo, o telespectador conclui que foi ele quem também roubou o ferro de passar do Seu Madruga.<br />
Quico, ao procurar o Chaves, olha o barril em que ele costuma se esconder e lá encontra o ferro que o Seu Furtado roubou e colocou lá. Não demora muito e em uma cena que emociona muita gente, Chaves é acusado de ladrão por toda a vizinhança. É sério, eu conheço pessoas que sentem pena e até já choraram vendo este episódio. Eu mesmo posso servir de exemplo. Certa feita, estava em casa sozinho e como tinha um tempinho que eu não via <i>Chaves</i>, eu resolvi assistir. Entretanto, ao perceber que o episódio a ser exibido era o analisado neste texto, eu tratei logo de mudar de canal porque sabia que ele não ia me fazer rir como os demais episódios. Quando anoitece e todos se recolhem, Chaves junta suas coisas em uma pequena trouxa e vai embora. Antes disso, ele olha demoradamente para toda a vila e acaricia o barril que muitas vezes lhe serviu de esconderijo em um silêncio sepulcral. A cena tem um significado: aquela vila foi o lar dele e ele construiu laços com aquela vila, bem como com os moradores da mesma. E o barril, que muitas vezes lhe serviu de esconderijo, não vai servir mais.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9TwT51wR4K43UUcDvJGAooQW7amb9gA_vMOWMQrBX95k1g3GYcUBu_uYkegxug_i5muMpFSfg44FjK0v_zOZbK-SkJe2eWO1y3EdKsD3qnMqxwFB0Clj5cJaIQTD1AV1B5LAflmtR80KA/s1600/chaves+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="454" data-original-width="600" height="302" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9TwT51wR4K43UUcDvJGAooQW7amb9gA_vMOWMQrBX95k1g3GYcUBu_uYkegxug_i5muMpFSfg44FjK0v_zOZbK-SkJe2eWO1y3EdKsD3qnMqxwFB0Clj5cJaIQTD1AV1B5LAflmtR80KA/s400/chaves+2.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Chaves se delicia com o sanduíche de presunto dado por Seu Furtado. Créditos na imagem.</td></tr>
</tbody></table>
<br />
No dia seguinte, todos estão sentindo a falta do Chaves. Quico chora por não encontrar o amigo e um cabisbaixo Seu Madruga aparece em cena, também sentido a falta do Chaves. Não é de estranhar que todos estejam sentindo a falta do Chaves. Os moradores da vila são uma grande família e, apesar das constantes brigas, eles são muito unidos e ligados. Vale lembrar que ninguém ali tem uma família completa: Seu Madruga é viúvo e consequentemente a Chiquinha é órfã de mãe, a Dona Clotilde não se casou e nem teve filhos (ela tem uma sobrinha bebê que aparece em um episódio onde se é discutida a presença de bebês e animais na vila), a Dona Florinda é viúva e consequentemente o Quico é órfão de pai. E, claro, tem o Chaves, que não tem pai, nem mãe e muito menos irmãos, mas que no fim das contas é acolhido por todos da vila, inclusive pelo Senhor Barriga (este também parece não ter uma família completa porque a mãe de Nhonho nunca apareceu no seriado e o mesmo dá a entender que Nhonho é criado pelo pai), que o leva para Acapulco. Isso aconteceu em um episódio onde todos os moradores da vila viajam para Acapulco e o Senhor Barriga vai também, mas ao perceber que Chaves ficaria só, resolve levar o menino com ele. A única que parece estar indiferente ao sumiço de Chaves é Dona Florinda. Sempre arrogante, a mãe de Quico diz que o menino deve agradecer por ter se livrado de um "ladrão". É neste momento que Chaves aparece na vila ao lado de Chiquinha. O choro de Quico dar lugar à alegria e ele vai correndo abraçar o Chaves. A felicidade é geral entre as crianças. Outro morador da vila que fica feliz com a volta de Chaves, mas que não expressa isso abertamente é Seu Madruga. Quando Chaves reaparece, Dona Clotilde entra em cena dizendo que seu ferro de passar havia sumido novamente. Seu Madruga se mostra feliz e aliviado por ver que não tinha como o Chaves ter feito isso porque quando o ferro sumiu, ele não estava na vila. E Chaves completa dizendo que o fato de não ser ladrão foi o que o motivou a voltar.<br />
Chaves volta para a vila e as coisas dos moradores continuam a sumir, como por exemplo as ceroulas de Dona Florinda e a espingarda de Seu Madruga. Chaves, enquanto tais objetos estavam sumidos, conta para Quico e Chiquinha o que fez depois que saiu da vila. O menino disse que andou por longo período até encontrar uma igreja, entrar na mesma e ir procurar o padre para se confessar. Foi o padre quem o recomendou a voltar à vila de cabeça erguida, uma vez que ele não era ladrão e deveria ter a consciência limpa por conta disso. O padre recomendou também que Chaves rezasse para que as coisas se normalizassem. Em resposta a uma indagação de Chiquinha, Chaves disse que não rezou para que o ladrão fosse encontrado, mas sim para que ele se arrependesse de seus crimes. Seu Furtado passa no momento em que Chaves diz tais coisas e sua consciência pesa. Em seguida, a ceroula da Dona Florinda reaparece, assim como o ferro de passar da Dona Clotilde e a espingarda do Seu Madruga. Além disso, Chaves ganha do Seu Furtado a sua comida preferida: um sanduíche de presunto. De fato, os moradores da vila, nem mesmo o Chaves, a grande vítima em meio a tudo isso, descobriram a identidade do ladrão. Só quem soube da mesma foi o telespectador. Uma das muitas lições passadas neste seriado é a de que devemos pagar o mal com o bem, algo muito pregado por Jesus (lembrando que Chaves foi a uma igreja e o padre lhe deu este conselho). Mesmo sendo acusado por um crime que não cometeu, Chaves não quis que a real identidade do ladrão fosse revelada, mas sim que ele parasse de fazer o que estava fazendo. O ladrão fica sentido com o que ouve, devolve o que roubou e dá ao Chaves, em um gesto de retribuição pelo fato de ter ouvido dele as palavras que o motivaram a fazer isso, um sanduíche de presunto.<br />
Outra importante lição passada neste episódio é a de que não se deve acusar sem provas. Quico achou um ferro de passar roupas dentro do barril do Chaves e em seguida todos começam a chamar o menino de ladrão, da criança ao adulto. Ninguém se interessou em ouvir o que Chaves tinha a dizer, foram logo acusando o mesmo injustamente. No seriado, a situação não foi tão grave, mas na vida real pessoas inocentes perderam a vida por serem acusadas de coisas que não fizeram. Em 2014, a dona de casa Fabiane Maria de Jesus foi espancada por centenas de moradores de Guarujá (SP) após um boato de uma rede social que dizia que uma mulher havia sequestrado uma criança para um ritual de magia negra. Esta mulher foi confundida com Fabiane, a mesma foi gravemente espancada, não resistiu aos ferimentos e veio a óbito. Cinco dos envolvidos no linchamento foram condenados. A lição passada pelo episódio do seriado <i>Chaves</i> analisado em questão é atual e também urgente, uma vez que boatos falsos insistem em circular pela <i>internet</i>, destruindo reputações e instituições.<br />
<br />
<b>Conclusão</b><br />
<b><br /></b>
Ao contrário dos demais episódios do seriado <i>Chaves</i>, <i>O Ladrão da Vila </i>não é tão engraçado quanto os demais. Pelo contrário. É um episódio que faz as pessoas sentirem pena e até mesmo chorarem ao verem o Chaves sendo acusado por uma coisa que ele não fez. O que conforta o telespectador é que no fim descobrem que ele é inocente, os moradores da vila voltam a permanecer unidos e o telespectador aprende grandes lições com este episódio. </div>
Marllon Alveshttp://www.blogger.com/profile/16401643299711219814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3932688701708172915.post-39918161682132704132018-08-02T06:52:00.001-07:002018-08-02T06:52:56.207-07:00O desafio de incentivar as pessoas a entrarem no ensino superior quando o governo faz exatamente o contrário<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPQxm1FQy3V0CZwDaqr4POWw_TqWOqay-Zy_gpxIet268Z6HLST_ejLexUy-ABfDLo7NcokC_FzpTni6byVoL8wiYoIaIV3mJI5jbRqmJF-rQ9PLdT6a4VVafZ1G7iv0la0wtCoKRUs4Nu/s1600/estudante.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPQxm1FQy3V0CZwDaqr4POWw_TqWOqay-Zy_gpxIet268Z6HLST_ejLexUy-ABfDLo7NcokC_FzpTni6byVoL8wiYoIaIV3mJI5jbRqmJF-rQ9PLdT6a4VVafZ1G7iv0la0wtCoKRUs4Nu/s400/estudante.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem: Reprodução.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vivemos uma época onde o atual governo não incentiva os jovens a ingressarem no ensino superior. Isso é feito por meio de políticas que sucateiam ainda mais a educação pública e a pesquisa no Brasil. Desta forma, os jovens (jovens pobres, quero frisar isso desde já) se sentem desmotivados a entrarem na universidade. Diante disso, fica a pergunta: o que fazer?</div>
<div style="text-align: justify;">
Michel Temer assumiu a Presidência da República por meio de um golpe judiciário-midiático-parlamentar executado em 2016. Ele tem índices de popularidades extremamente baixos, mas se mantém no poder porque a sua agenda neoliberal atende aos interesses do grupo dominante. E mesmo com os evidentes indícios de corrupção que envolvem Temer, ele não é tirado do poder. É em momentos como esse que eu me pergunto onde está o povo que em 2015 bateu panelas e foi às ruas pedir o afastamento de Dilma Rousseff sob o argumento da corrupção, quando na verdade ela era inocente. Eles dizem que não vão às ruas contra o Temer e/ou Aécio por conta do foro privilegiado. Entretanto, a Dilma também tinha foro privilegiado e ninguém titubeou em ir às ruas contra ela. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglIDNbUuu-S1QgsmsPsb6svjbvhH94fNeGImqQgTYcHiONGrPXzFQyyz5JcDFQ5S0jQgPrIaSBhNoNoU68MMRqKkfTqlzoZMEzGhGP0EvohEVUGj6DS7MuGYB5UpdE4FpSRFQuZEwQ9eeS/s1600/pec.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglIDNbUuu-S1QgsmsPsb6svjbvhH94fNeGImqQgTYcHiONGrPXzFQyyz5JcDFQ5S0jQgPrIaSBhNoNoU68MMRqKkfTqlzoZMEzGhGP0EvohEVUGj6DS7MuGYB5UpdE4FpSRFQuZEwQ9eeS/s400/pec.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Charge fazendo uma alusão à PEC 241/16, conhecida também como PEC do Fim do Mundo. Créditos na imagem.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Contradições à parte, o governo Michel Temer tem sufocado ao máximo o trabalhador brasileiro. O "rolo compressor" de Michel Temer se estende para todos os setores da sociedade brasileira, esmagando sempre os mais vulneráveis. Entretanto, neste texto, eu vou destacar a política de sucateamento da educação pública de Michel Temer na educação e como isso tem refletido na mesma. A PEC 241, também conhecida como a "PEC do Fim do Mundo", é um projeto que foi aprovado e que limita os gastos em saúde e educação por 20 anos. Com essa PEC, a verba destinada a saúde e à educação permanecerá a mesma por duas décadas, independente da inflação. Isso é problemático porque, por conta da inflação, o dinheiro não tem o mesmo valor daqui a dez anos ou até menos que isso. Em 2000, com R$ 50,00 você fazia uma compra de mês. Em 2018, com este mesmo valor, você tem que selecionar entre os itens básicos o que vai levar. Este é um exemplo simples do que vai acontecer, ou melhor: está acontecendo com a saúde pública brasileira. Em nenhum país do mundo, seja ele com um governo de esquerda ou de direita, os gastos em saúde são cortados. Isso porque doenças antes erradicadas podem retornar e novas epidemias podem surgir. É por essas e outras que o sarampo, pólio, difteria e rubéola, doenças antes consideradas erradicadas, estão voltando com força. E isso se soma com o número cada vez maior de pessoas que se recusam a tomar vacinas e o governo parece fazer pouco ou nada diante disso.E com relação à educação, não há muito o que dizer de tão óbvia que é a situação. Todo país que almeja uma igualdade social começa pela educação. Logo, quando a mesma não merece a devida atenção, o futuro da nação fica ameaçado. </div>
<div style="text-align: justify;">
Além da PEC do Fim do Mundo, a outra proposta do atual governo é a Reforma do Ensino Médio. Na teoria é tudo muito bonito, mas na prática é totalmente diferente. A Reforma do Ensino Médio propõe a separação do conhecimento por áreas onde o estudante terá a opção do que estudar. Poucas serão as disciplinas obrigatórias e as demais serão optativas e/ou interdisciplinares. Além disso, os professores não precisarão de diploma para ele lecionar: basta ele ter notório saber na área na qual deseja dar aulas. O governo argumenta que isso está sendo feito para tornar o Ensino Médio mais atrativo, uma vez que a evasão nessa fase escolar ainda é alta. Entretanto, se o objetivo é esse, porque não melhorar as estruturas das escolas Brasil afora? Porque não aumentar o salário dos professores e criar um plano de carreira para o mesmo? Além disso, a questão do "notório saber" é um tremendo desrespeito com a classe docente. Ser professor não é chegar em sala e começar a falar como se não houvesse amanhã e/ou reproduzir aquilo que está no livro didático. O professor para ser professor precisa cumprir horas de estágio obrigatório, fazer inúmeras disciplinas obrigatórias e eletivas na educação para só assim tirar o diploma e poder lecionar. Esta reforma desrespeita ainda mais a classe docente, que nunca teve o merecido respeito no Brasil. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjw2oxuouO8EjhfB9xa3a_BObdMXcjhh32PEVg4YVqwNCMLlm6-v-v_1cG_YQo1DnzGE2M8ZSxZp8DXjZhEFQUIRCDCbV8nolwiBvQVY7e-PpphKc4_Tt9v-wiv3fc5R6Oyit9f-sExpyr/s1600/estudantes.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="960" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjw2oxuouO8EjhfB9xa3a_BObdMXcjhh32PEVg4YVqwNCMLlm6-v-v_1cG_YQo1DnzGE2M8ZSxZp8DXjZhEFQUIRCDCbV8nolwiBvQVY7e-PpphKc4_Tt9v-wiv3fc5R6Oyit9f-sExpyr/s400/estudantes.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem: Reprodução. </td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na prática, estas reformas na educação tiram o sonho da juventude. Eles se veem sem expectativa: não sabem se vão se formar ou se formados, se conseguirão construir carreira na área em que escolheram. E isso tem se mostrado na prática: em 2018, 6.774.891 pessoas se inscreveram no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), mas somente 5.513.662 inscrições foram confirmadas, uma vez que pagaram a taxa de inscrição. Houve uma redução de 1.261.229 inscritos. O jovem da periferia está parando de sonhar com o ensino superior. E é de extrema importância ressaltar que estas reformas visam apenas a população da periferia. Quem tem dinheiro (coisa que muita gente não tem, a não ser o básico para sobreviver), vai para o hospital particular e matricula os filhos em escolas particulares. Aliás, é difícil crer que as instituições privadas de ensino irão aderir a Reforma do Ensino Médio porque na prática a mesma sucateia o ensino e as escolas particulares não vão querer isso. Tais escolas preparam os estudantes para serem diplomatas, médicos, advogados, engenheiros, presidentes de empresa e até mesmo governantes políticos. O jovem de classe média e até mesmo rico vai continuar sonhando com seu curso superior, em se formar e seguir carreira na profissão que escolheu. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Conclusão</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
Não há uma fórmula mágica para soluçar o que está acontecendo. A única certeza que se tem é que devemos ser resistentes, embora isso seja cansativo. Desistir é tudo o que esse governo quer. Desta forma, mesmo parecendo impossível, continue sonhando com seu curso superior, sua profissão e não se esqueça de lutar para tirar Temer do poder junto com suas reformas repugnantes. </div>
Marllon Alveshttp://www.blogger.com/profile/16401643299711219814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3932688701708172915.post-43909968300855183592018-07-31T20:28:00.000-07:002018-08-01T13:31:46.508-07:00Entrevista com Tiago Crispim Salvador<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMuV9-ogbpXQCJAaxaMEmTxVyDbf6xrrhDTXikx5HXY7QD4e159o0Rpge1ibsMe-vG7R52UL5wk7eMLAw1fHfc8TjVRhlJeuPMXPB9ezu5k2LfvYzok8eUe35VS1Lw-q6zblEQIi696Dc0/s1600/tiago.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="720" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMuV9-ogbpXQCJAaxaMEmTxVyDbf6xrrhDTXikx5HXY7QD4e159o0Rpge1ibsMe-vG7R52UL5wk7eMLAw1fHfc8TjVRhlJeuPMXPB9ezu5k2LfvYzok8eUe35VS1Lw-q6zblEQIi696Dc0/s400/tiago.jpg" width="300" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Tiago Crispim Salvador, o entrevistado do mês de julho do <i>blog A Hora</i>. Imagem: Reprodução. <i>Facebook</i>.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O mês de julho chega ao fim e com ele a entrevista mensal aqui do <i>blog</i>. O entrevistado do mês é Tiago Crispim Salvador, graduado em História pela Universidade Estácio de Sá, graduando em Ciências Sociais pela Universidade do Estado Rio de Janeiro (UERJ), faz mestrado em Ciências Sociais também pela UERJ e é um dos professores e fundadores do Pré-vestibular do São Carlos (PREVESC), cursinho comunitário que desde 2016 atua no Morro do São Carlos. Eu sou amigo e, portanto, suspeito para falar, mas o fato é que o Tiago é uma pessoa com uma inteligência fora da média e tem uma sede insaciável de conhecimento, uma mente brilhante! Ele tem um conhecimento profundo sobre muita coisa e nesta entrevista podemos ver a sua opinião sobre os mais diversos assuntos, como História, política, gênero, Marielle Franco e também novelas (sim, Tiago é um noveleiro inveterado). Ainda assim, esta entrevista não foi suficiente para dar conta da totalidade de assuntos da qual Tiago entende profundamente, pois uma postagem de um b<i>log </i>é muito pequena para este grande homem. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>A Hora: 1 - Costumo iniciar minhas entrevistas perguntando sobre a infância do entrevistado. Você pode me falar como foi a sua?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Tiago Crispim Salvador: </b>A minha infância em suma não foi uma infância muito diferente de qualquer criança da época em que eu nasci. Sou de 1988, pode-se dizer que sou filho do neoliberalismo, um dos momentos mais tristes e árduos da história do país. E, apesar das dificuldades, por conta da minha origem social, por morar em uma favela da área central da cidade, eu só fui ver as diferenças de possibilidade de mundo relacionadas às outras favelas que a gente veio quando vi outros jovens como eu na questão de oportunidades. Eu tive uma infância muito diferenciada até dos estigmas que se colocam em cima de uma criança negra e pobre de uma favela. Apesar de tudo, eu tive uma infância muito protegida, muito centralizada no mundo em que eu estava inserido. Vivi os primeiros momentos da minha vida até 1997, quando tinha por volta de 8, 9 anos de idade, eu vivi na parte mais precarizada da favela onde moro. Eu brincava na torre da <i>Light</i>, mas era uma infância meio que idílica, meio que separada entre as coisas mais idílicas e o mundo que me cercava. Mas também não era tão idílico porque estava de frente com a violência, lembro que eu vi uma cabeça de traficante na minha frente neste período. Foi onde comecei a presenciar a realidade da violência. A violência sempre foi colocada para mim em dois focos: ao mesmo tempo que eu via e vivenciava, eu não sofria fisicamente, mas psicologicamente me afetava. Eu sempre fui uma pessoa muito assustada, sempre tinha medo de tudo, até os meus 12 anos de idade eu dormia com minha mãe e bisavó, eu não ficava sozinho, tinha medo do escuro e tinha medo da noite. Não que isso tivesse uma relação direta com a violência em si. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>AH: 2 - Há quanto tempo você mora com sua família no Morro do São Carlos?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCS: </b>A minha família está aqui desde praticamente 1964. Quem veio primeiro para o Morro do São Carlos foi uma tia minha, que faleceu em 1985, mas a minha família está aqui no São Carlos desde 1964, 1965 praticamente. Vale destacar que a família Crispim é uma família de mineiros oriundos de Juiz de Fora, a minha bisavó é fruto do êxodo rural, ela chega no Rio de Janeiro no início dos anos 1940 e ela se estabeleceu na zona oeste quando na mesma existiam as antigas freguesias rurais, quando a zona oeste era uma área rural e esse êxodo para o Morro do São Carlos ocorre na década de 1960. Progressivamente, no mesmo período em que tínhamos o Carlos Lacerda (1914 - 1977) na gestão do antigo estado da Guanabara (antigo nome do estado do Rio de Janeiro) com a política de remoção das favelas, a minha família consegue se estabelecer em uma favela da área central da cidade do Rio de Janeiro, que é o Morro do São Carlos. Eu nasci em 1988 e estou a minha vida inteira neste morro. Já vi e acompanhei vários processos ocorridos desde então. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>AH: 3 - Você pode falar um pouco sobre o que está pesquisando no mestrado?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCS: </b>Eu estou trabalhando com mães de traficantes que perderam o filho em situação de violência policial, elas não fogem deste estigma, eles foram mortos pela polícia e elas não fogem do estigma de serem mães de traficantes. Eu trabalho a vertente delas como muitas vezes a atitude destas mães é colocada com relação ao Estado e à sociedade como resignação, como se elas não entram com inquérito, com pedido de indenização e em movimentos sociais porque elas têm o desdém da sociedade e do Estado. Muito pelo contrário. Esse silêncio que elas trabalham é uma forma política, é um silêncio com outro significado e não resignado. Eu entrei neste tema por conta da minha pesquisa, sou pesquisador do PROEALC (Programa de Estudos de América Latina e Caribe), programa que existe há 20 anos. Sou estagiário e pesquisador vinculado ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) nas áreas de questão social e violência no Brasil, na qual eu faço um recorte para discutir violência policial contra "juventudes" "negras"(com destaques para as aspas) na favela. E desde 2018 eu dou aulas no DEGASE (Departamento Geral de Ações Sócio Educativos). De certa forma, entre o que eu pesquiso e a minha experiência docente, está tudo relacionado. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>AH: 4 - O que o motivou a criar o PREVESC (Pré-vestibular do São Carlos), cursinho comunitário que atua no Morro do São Carlos? Como tem sido trabalhar no mesmo?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCS: </b>O PREVESC sempre foi uma ambição minha em detrimento dos problemas locais daqui de onde eu moro, que sempre me chamou a atenção a inexistência de um curso pré-vestibular. Na época que eu procurei, quando queria fazer minha primeira graduação em História, entre os anos de 2007 e 2008, não tinha um curso pré-vestibular propriamente na comunidade. Tinha em uma paróquia local na subida do morro, próximo à subida na verdade, que era uma igreja católica e eu nunca soube da existência de um pré-vestibular aqui. Já teve até algumas oficinas de alfabetização, mas um cursinho não tinha. Então eu contei a ideia para amigos meus, inclusive o Marllon (sim, o autor deste <i>blog </i>também atua no cursinho citado), o Rhian e a Fernanda (que são sociólogos). Enfim, conversei com professores que são da mesma área que a minha e daí fomos conversando com outros professores, todos oriundos da rede pública de ensino e também moradores de comunidades que já tinham uma experiência anterior em cursinhos. O professor Marllon, inclusive, já vinha de uma experiência anterior de cursinhos e movimentos sociais pela educação na Maré. Então, decidimos nos reunir e vale destacar que tudo isso não foi uma ação só minha, me incomodou muito a ausência de um curso pré-vestibular, mas vale destacar que foi uma ideia coletiva. Eu contei muito com estes amigos para estabelecer este curso aqui.</div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>AH: 5 - De uma forma ou de outra, sua família participou de eventos que entraram para a História, como o assassinato de John Kennedy (1917 - 1963), o assassinato de Aída Curi (1939 - 1958) e o naufrágio do <i>Bateau Mouche</i>, em 31 de dezembro de 1988. Fale um pouco sobre isso.</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCS: </b>As histórias que a minha família presenciou no cenário político, cultural e nacional brasileiro começam com a minha bisavó. Ela era uma mulher matriarca, que liderou a família e é uma das primeiras a vir para o Morro do São Carlos depois que uma tia que já faleceu veio e a minha bisavó sempre contava fatos históricos que sempre me intrigaram. Na época eu até não dava muita importância, mas depois que eu passei a me interessar mais pelas ciências humanas, eu fui vendo que estes fatos eram interessantes e tinha curiosidade em saber mais. Mas as questões que mais me chamaram a atenção foram a da relação que os sertanejos que viviam não somente no sertão da zona oeste do estado do Rio de Janeiro, mas também no sertão mineiro, tinham com os indígenas. A minha bisavó contava muito dessa relação do encontro com o outro. Ela me falava muito do índio, que ela ridicularizava o fato da mulher ter um filho na cultura indígena e o homem ficar de resguardo. E depois que fui estudar Antropologia, eu vi mesmo que são práticas do Xingu e que não são disseminadas em toda tribo indígena, mas que são arranjos sociais possíveis. E ela contava também na década de 1940 sobre o estabelecimento dos japoneses e chineses em Santa Cruz, que fazia parte de uma política agrícola do governo Vargas (1930 - 1945) de criar colônias. As mesmas existiram em Caxias, em Santa Cruz e ela vivenciou isso, tanto é que tinha a reta do japonês, que hoje é reta de São Fernando. E ela contava muito estas histórias do encontro com o outro, que são fatos que estão marcados na história do Brasil. E ela também contava muito sobre o governo de Artur Bernardes (1875 - 1955), não situando o tempo porque minha bisavó era analfabeta, mas ela conseguia contar isso com uma proeza muito grande. A minha família tem até hoje essa habilidade de memorizar o fato oralmente como se eles tivessem sido vivenciados naquele momento presente, mesmo contado atualmente e mesmo eles não tendo uma precisão de datas, eu como historiador consigo ver a verdade dos fatos porque consigo situar os personagens. E ela contava também muitos detalhes sobre a Revolução Constitucionalista e foi daí que ela pegou "ranço" dos paulistas. </div>
<div style="text-align: justify;">
A minha tia Teresa, filha mais velha de minha bisavó, que fala mesmo que presenciou os acontecimentos do Caso Aída Curi, ela chegou a ver o corpo da Aída caído em uma rua em Copacabana. A minha avó trabalhou na casa dos parentes de John Kennedy que viviam no Brasil. Ela conta que no dia que ele foi assassinado, em 1963, houve uma grande comoção nesta casa. Já o meu padrinho trabalhava na Praia Vermelha, ele era do Exército e no dia que o <i>Bateau Mouche </i>afundou, em 1988, ele estava de serviço e ajudou no resgate das pessoas. Então, eu sempre tive uma aproximação muito grande com a História, principalmente com os fatos históricos ocorridos entre os anos 1940 e 1950. A minha tia Teresa conta que certa feita viajou de barca com Dalva de Oliveira (1917 - 1972) e a Dalva e outros personagens foram presentes no imaginário da minha família. Mesmo eles tendo baixa escolaridade, é possível comprovar a veracidade dos fatos contados e identificá-los na História por conta da riqueza de detalhes com que eles contam os mesmos. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>AH: 6 - Você tem um vasta pesquisa nas áreas de gênero, sexualidade, tráfico de drogas, milícia e segurança pública. De que forma as relações homoafetivas são encaradas em um espaço tão machista que é o tráfico de drogas? É sabido que elas existem...</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCS: </b>Bom, sobre a experiência na área de gênero, não é uma experiência que eu tenho pelo CNPq. É uma vivência olhada com o olhar investigativo do sociólogo e do historiador, mas não é meu campo de pesquisa. A minha pesquisa é letalidade, violência e juventude. A questão da homossexualidade no tráfico é que o tráfico está associado a uma cultura viril e masculina no sentido de comprar os estereótipos machistas, reproduzindo as heranças do patriarcado. Isso não significa que a existência da homossexualidade em qualquer um destes setores seja nula e isso é uma reprodução mais ampla do que acontece na sociedade. O crime não é um fato social isolado, ele está dialogando com o social e a sociedade é machista e patriarcal. Logo, o tráfico de drogas tende a reproduzir isso. A polícia e o Exército também veriam a questão da homossexualidade de uma forma não muito diferenciada do que é visto no tráfico de drogas.Eu acho que não é uma questão só de escandalizar ou criar um estereótipo para o crime: a questão do machismo e da homofobia é central na sociedade brasileira como um todo. Além disso, o que seria homossexualidade? Há uma confusão muito mal colocada entre prática sexual e gênero. Identidade de gênero é uma coisa e prática sexual é outra completamente diferente. A gente deveria aprender essa aulinha desde Roma, mas falta muito ainda. O que seria o homossexual? Por que chama a atenção um traficante ter uma relação de coito com outro homem? Porque foge ao discurso especialista. Não sei se seria elucidativo discutir esta temática sob o olhar de velhos clichês e temos de tomar cuidado para não reproduzir certas vulgarizações feitas sobre papel de gênero, identidade de gênero e performances sexuais. Isso é muito mais complexo do que a gente imagina.</div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>AH: 7 - Uma coisa que você gosta muito fazer é analisar novelas. Quando e porque você começou a fazer isso?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCS: </b>O que mais me espanta é que as pessoas, principalmente os intelectuais, acham que novela e futebol são coisas que alienam, que não devem ser discutidas, mas o fato é que de uma certa forma estão representando o social, nada escapa ao social. Não sei se isso é uma bizarrice da minha formação, pois eu tenho uma influência da formação francesa, uma herança da <i>Escola dos Annales </i>porque, por mais que se tente discutir micro-história, a gente não quebrou com certos paradigmas. Isso é na História. Nas Ciências Sociais, a gente tem a predominância da tradição sociológica francesa, que tem essa leitura do social muito forte. O social tem uma primazia fundamental que não deve ser descartada. O que que acontece? A novela, por mais que sua proposta seja o entretenimento, é o social quem está falando ali o tempo inteiro, principalmente nas novelas do horário nobre. Então, negligenciar a novela é negligenciar o que está sendo reproduzido ali. A novela não é apolítica, ela tem um jogo de cintura que por mais que ela se mostre neutra, ela está dentro do seu formato colocando valores, expressões sociais e culturais. A novela é fundamental para discutir o que a sociedade está pensando. A novela não foge ao seu tempo. Um exemplo: a novela <i>Que Rei Sou Eu? </i>(1989) foi uma novela voltada para as questões da Revolução Francesa (1789), mas que expressava problemas políticos da sociedade brasileira em 1989. E o que tínhamos em 1989? As eleições presidenciais, depois de um período ditatorial que durou mais de 20 anos cujo primeiro presidente do pós - Ditadura foi eleito de forma indireta (Tancredo Neves é eleito, mas morre e quem assumo é o vice José Sarney). Então, olhar a novela como algo isolado é impossível. Um dos artigos que escrevi em 2017 que falava da criminalização do pobre, a novela das nove colocava a questão da segurança pública, que é uma questão que está sendo alardeada na mídia e também foi apropriada pela novela. As novelas apropriam fenômenos sociais e colocam ali dentro de seu formato. Escamotear isso do debate social é muito complicado. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>AH: 8 - Você assistiu religiosamente a reprise de <i>Explode Coração </i>(1995), que acabou de ser reprisada há pouco tempo no <i>Canal Viva</i>. O que lhe chamou a atenção nesta novela?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCS: </b>Ao longo da minha curta carreira acadêmica, eu tenho discordado muito das visões da Glória Perez (autora de <i>Explode Coração</i>). Eu critico bastante o modo como o social é colocado ali. A Glória Perez é historiadora e então eu tenho umas críticas mais diretas a ela do que com outros autores, pois é uma questão do campo. E ela gosta muito de trabalhar a questão da alteridade, que é uma questão antropológica e como sou muito ligado à Antropologia, então eu sempre me volto. Além disso, eu sempre chamo a atenção ao modo como ela trabalha o outro, sempre com um olhar etnocentrista. Mas <i>Explode Coração </i>é uma novela que eu admiro por conta do trabalho que Glória Perez faz em torno da campanha sobre as crianças desaparecidas. Isso foi um impacto muito grande para a época e eu me lembro disso muito bem. Era uma época onde o desaparecimento de crianças alcançava altos índices. Haviam automóveis que circulavam pelas favelas a procura de crianças negras e pobres. E isso foi muito bem explorado na novela. Eu acho que assim como a gente tem que ter o bom senso acadêmico de saber reconhecer as críticas, o que é a favor também deve ser colocado. É isso o que me chama a atenção em <i>Explode Coração</i> e não é nem a história em si, mas esta campanha específica. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>AH: 9 - A Sarita (Floriano Peixoto), personagem de <i>Explode Coração </i>(1995), nasceu homem, mas se identifica como mulher. Na sua opinião, foi uma ousadia da Glória Perez, que em plena década de 1990, criou uma personagem como esta?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCS: </b>Olha, ao mesmo tempo que você me fez elogiar a Glória Perez, você está me fazendo voltar atrás (risos). A construção da Sarita funciona da seguinte forma: ao mesmo tempo que é uma ousadia, ainda que muito tímida por conta da época e isso não é culpa da Glória porque ela não podia fazer muita coisa. A Sarita é uma personagem que reproduz os machismos. Para ela, a mulher tem que ser contida sempre. Além disso, a Sarita criminaliza as mulheres que são ousadas, ela espera que a mulher seja do lar, que se ajuste ao machismo e à heteronormatividade. Eu não vejo avanços, mas para a época tocar minimamente no assunto, levando a possibilidade da existência de alguém como Sarita na vida real, pode ser visto como um grande mérito. Agora, achar que é revolução? Aí, não. E eu volto a falar:a questão das crianças desaparecidas me interessou muito mais que a Sarita (risos). </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>AH: 10 - Na célebre cena da explosão do <i>shopping Tropical Towers </i>em <i>Torre de Babel </i>(1998), todos os personagens mortos eram estigmatizados pela sociedade. Qual o perfil destes personagens?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCS: </b>Vale lembrar que <i>Torre de Babel </i>era uma novela que me assustava muito (risos). É uma novela que trabalha com a violência em todos os sentidos, que é uma característica do Silvio de Abreu (autor da novela), trabalhar com questões policiais. Você falou em ousadia e eu acho que o Silvio tentou ousar muito mais que a Glória Perez porque foi colocada a questão da homossexualidade e as personagens (Rafaela e Leila, interpretadas respectivamente por Christiane Torloni e Silvia Pfeifer) não se reprimiam, mas havia uma diferença muito grande: elas eram lésbicas da alta elite paulistana. Então, elas poderiam optar por essa liberdade. Além disso, você tinha a questão do dependente químico (Guilherme, personagem interpretado por Marcello Antony), que era muito mal trabalhada, mas não era uma questão do autor: era uma questão do momento. Enfim, todos estes personagens tiveram uma aceitação muito negativa do público e na trajetória da novela todos estes personagens explodiram no <i>shopping</i>. Foi uma novela que tentou ousar, mas não conseguiu. </div>
<div style="text-align: justify;">
Na questão do gênero, é muito importante destacar a Ângela Vidal (Cláudia Raia). Ela é uma mulher que comanda tudo. A Ângela era o espírito do <i>Tropical Towers</i>, mas o que acontece com ela? A Ângela Vidal é invejosa, ela não é realizada, é uma mulher que coloca o trabalho acima de tudo, ela é vista como "amigão", "parceirão" porque o Henrique (Edson Celulari) só via ela como amigo, ele não via ela como uma mulher que tinha sentimentos. A Ângela Vidal é colocada como uma personagem fria e a alma do <i>shopping </i>era ela. Então, ela teve um preço a pagar: ela sobreviveu a explosão, mas virou a vilã e se suicidou. A Marta (Glória Menezes) era o drama da burguesia. Ela me lembra muito a música do Chico Buarque chamada <i>O Casamento dos Pequenos Burgueses </i>e tem o César (Tarcísio Meira), que virou o "galãzão", que seu papel de gênero e poderoso propõe e todas as mulheres que querem ser bem aceitas, elas se enquadram. A Celeste (Letícia Sabatella) deixa de ser uma prostituta e passa a ser uma boa executiva, acolhedora, do lar e responsável com seu trabalho. Mas a Ângela, que era a mulher que conseguiu ser realizada profissionalmente, é demonizada e os outros morrem. Em 1998, era impossível que personagens como estes fossem até o último capítulo. Então, <i>Torre de Babel </i>é uma novela muito boa para estudar esses leques. Vale lembrar que adoro os escritos do Silvio de Abreu. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>AH: 11 - Você mora perto do local onde a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram assassinados. Onde você estava quando Marielle e Anderson foram mortos?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCS: </b>Na casa de uma amiga e eu soube da notícia por lá. Coincidentemente, como eu moro no Estácio, passei e a rua estava fechada. Eu acabei vendo a cena, o Marcelo Freixo (PSOL) estava lá, havia também pessoas que militam comigo no movimento em prol da educação e eu acabei vendo tudo. O que mais me chocou nisso é como uma pessoa com uma expressividade tão grande só passa a ser reconhecida principalmente nos meios sociais e a sua repercussão como ícone depois de morta. Se ela não morresse, ela não seria lembrada e isso é o que mais me chocou. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>AH: 12 - Você discordava do discurso do empoderamento que Marielle pregava, preferindo a representatividade no lugar disso. Por quê?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCS: </b>Empoderar o outro é muito complicado para qualquer pessoa. E isso nada tem a ver com a questão do gênero, etnia ou qualquer outra coisa. Eu tento fugir da pegada marxista, mas às vezes acabo pegando. É muito complicado empoderar uma pessoa, um grupo e nós já vimos isso ao longo da História. Eu acho que a questão é a inclusão de todos. Agora, você empoderar um em detrimento de outro pode ser muito perigoso, por mais que você queira trabalhar reparações históricas, que eu sou totalmente a favor, como ao povo negro, que eu faço parte, devem realmente ser feitas e não são medidas paliativas que vão inserir a gente na sociedade. É só ver o genocídio nas favelas, onde quem mais morre são negros e a abolição da escravidão em 1888 não nos levou a nada, a não ser o mercado de trabalho barato e não nos inseriu na sociedade até hoje. Mas a questão do empoderar é muito complicada porque você vai empoderar quem? É sempre uma nata, uma oligarquia porque é isso o que se vê. Então, isso de uma certa forma não me atrai muito. Eu luto muito mais pela inclusão. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>AH: 13 - Tiago, para encerrar esta entrevista maravilhosa e enriquecedora, você pode deixar uma mensagem para os leitores do <i>blog A Hora</i>? </b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TCS: </b>Gente, leiam o <i>blog A Hora</i>. É bom que medidas como essa se popularizem porque é ate um meio de a gente estar transpondo as nossas ideias em canais assim, principalmente quem não consegue publicar nada em CNPq porque a gente sabe a dificuldade que é para ter as primeiras publicações e tudo mais. E a <i>internet </i>é uma forma de ser notado. Muitas coisas mais para contra do que para mais, mas se existem coisas que favoreçam, então façam. </div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b>
<b><br /></b>
<h2>
<span style="color: red;">Errata 1: Tiago Crispim Salvador não é bolsista CNPq;</span></h2>
<h2>
<span style="color: red;">Errata 2: embora o texto possa sugerir tal coisa, o fato é que Tiago Crispim Salvador não testemunhou o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. Ele chegou na cena do crime depois que o mesmo foi executado, encontrando vários militantes de esquerda no local que se direcionaram para lá depois do ocorrido. </span></h2>
</div>
Marllon Alveshttp://www.blogger.com/profile/16401643299711219814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3932688701708172915.post-76522888997143754292018-07-26T08:35:00.000-07:002018-07-26T08:35:52.570-07:00Beijo na boca: uma prática que nem sempre foi restrita a casais<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuqVTzyosXdeLorWnikSnhghrdvsh_mPEh7iJ9ZFz3PloLHV2Qg589YkwMmSF4oIWcEUSfLuXspbNKbgQIJse48tHjEPPzFpHlfKMIJZwoqW646HS5TI2bjImHF9-HxrBU2ejqK-5OZpaU/s1600/maradona+4.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="970" height="246" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuqVTzyosXdeLorWnikSnhghrdvsh_mPEh7iJ9ZFz3PloLHV2Qg589YkwMmSF4oIWcEUSfLuXspbNKbgQIJse48tHjEPPzFpHlfKMIJZwoqW646HS5TI2bjImHF9-HxrBU2ejqK-5OZpaU/s400/maradona+4.jpeg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Maradona e Caniggia se beijam após a goleada do Boca Juniors (clube que eles integravam na época) de 4 a 1 sobre o River Plate. Este beijo é um dos mais lembrados da história do futebol. Ao longo do texto, será colocada inúmeras fotos de jogadores que se beijaram na boca. O objetivo é matar a saudade da Copa do Mundo 2018. Imagem: Reprodução.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O beijo na boca é uma prática comum e exclusiva a pessoas que nutrem um forte amor e paixão entre si. Ele é a prova indiscutível de que duas pessoas se amam, como também é a prova de uma traição, caso um dos cônjuges esteja praticando o adultério. Entretanto, olhando para a história, é possível chegar a conclusão de que o fato de duas pessoas se beijarem na boca não significa necessariamente que há um desejo sexual entre elas.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhal7D69D-s7gMq7TI997CHuXJppnsg4JYTxuFGPd7rdOR17lujkwh7vBD6YAvn2Ep6wMBowcpoOPQhKJZtVS973Ik6Ifd2dPm7KDoTc16pQZv9xVEWEsyYiK2xvRDu92thy00edo8Yq05G/s1600/rakitic.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="331" data-original-width="600" height="220" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhal7D69D-s7gMq7TI997CHuXJppnsg4JYTxuFGPd7rdOR17lujkwh7vBD6YAvn2Ep6wMBowcpoOPQhKJZtVS973Ik6Ifd2dPm7KDoTc16pQZv9xVEWEsyYiK2xvRDu92thy00edo8Yq05G/s400/rakitic.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ivan Rakitic, atualmente no Barcelona, e Daniel Carriço se beijam após o Sevilla conquistar a UEFA Europa League, em maio de 2014. Imagem: Reprodução.</td></tr>
</tbody></table>
<br />
Uma prática exclusiva e restrita a casais é o beijo na boca. Podemos identificar um casal na rua pelo modo como se olham, como se tocam, mas principalmente pelo beijo na boca. A gente pode nunca ter visto um casal específico anteriormente na rua, mas a partir do momento em que eles se beijam na boca (seja selinho ou beijo de língua), a gente tem a prova definitiva de que as pessoas que se beijaram são um casal. Agora, os pormenores da relação (se são namorados, casados, amantes ou "ficantes"), a gente nunca vai saber, a não ser que perguntemos. Mas quem teria a audácia de fazer isso?<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDPqNTA8kv7JMdgqhDdcvu_u3YL4D9HuiwsbS3gksb0ift8OJiLV7gU2x-efcSEFwb4BgMX-8F450LbitUsYq8Tbt7nf0q01NIyiUMBdNflvFg8xYZY1OriZ8Ti14c68pN_POK97fGRJdx/s1600/rooney.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="321" data-original-width="600" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDPqNTA8kv7JMdgqhDdcvu_u3YL4D9HuiwsbS3gksb0ift8OJiLV7gU2x-efcSEFwb4BgMX-8F450LbitUsYq8Tbt7nf0q01NIyiUMBdNflvFg8xYZY1OriZ8Ti14c68pN_POK97fGRJdx/s400/rooney.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Wayne Rooney beija Tomasz Radzinski, integrantes do Everton na época, após Tomasz fazer um gol. Imagem: Reprodução.</td></tr>
</tbody></table>
<br />
Ao olharmos para a história, se conclui que nem sempre o beijo na boca foi uma prática exclusiva de casais apaixonados. Na Roma Antiga, era comum os homens se beijarem na boca como demonstração de afeto e amizade. Não tem como saber o momento preciso em que isso aconteceu, mas o fato é que com o passar do tempo, o beijo na boca se tornou algo restrito a casais, a marca inconfundível de que duas pessoas se amam e se desejam. Desta forma, as demonstrações de carinho entre amigos se tornaram limitadas e o desejo de beijar outra pessoa na boca, principalmente se a outra pessoa for alguém do mesmo sexo, passou a ser visto como algo com conotação sexual e motivo suficiente para colocar a sexualidade de outra pessoa em dúvida. Com isso, a sexualidade humana e as demonstrações de afeto passaram a ser pouco discutidos por grande parcela da sociedade.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDyUFq57By7vETZ746G6HQ452gM-UKvUeRDlNkN4-ErhsKpoJ78dJYVfgK38JApgCWIdAaAwE2oLUjPcEKHzsItxNVw_ZT7LdBmM_AaG97Ummia9lfb6vy5pMbANLM3A7fKKHbcghYWzp3/s1600/paul+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="320" data-original-width="600" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDyUFq57By7vETZ746G6HQ452gM-UKvUeRDlNkN4-ErhsKpoJ78dJYVfgK38JApgCWIdAaAwE2oLUjPcEKHzsItxNVw_ZT7LdBmM_AaG97Ummia9lfb6vy5pMbANLM3A7fKKHbcghYWzp3/s400/paul+2.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Gary Neville e Paul Scholes, que na época integravam o time do United, se beijam após o segundo ter feito um gol, em 2010. Imagem: Reprodução. </td></tr>
</tbody></table>
<br />
O que quero dizer é que o fato de duas pessoas se beijarem na boca, independente de serem do mesmo sexo ou não, não significa necessariamente que há um desejo sexual entre elas. O beijo na boca é uma demonstração de afeto, assim como o abraço ou o beijo no rosto. E se uma pessoa quiser beijar outra na boca, principalmente se a pessoa a ser beijada for do mesmo sexo, não significa que tal pessoa seja homossexual. Mas e se a pessoa fosse de fato <i>gay</i>, que mal haveria nisso? Atualmente, como vocês podem ver pela foto, há pessoas que se beijam na boca como demonstração de carinho e sem nenhuma conotação sexual. Entretanto, há uma problemática com relação a esta prática. Em apresentações mundo afora, há cantores que costumam beijar seus fãs como uma "demonstração de carinho". Entretanto, os fãs beijados são sempre do sexo feminino, além de serem mulheres muito belas. E quando estes cantores se casam com uma mulher, eles deixam de beijar as fãs na boca como sinal de "afeto". A pergunta que fica é: este cantor beijava as mulheres na boca como uma "demonstração de carinho" ou com desejo sexual mesmo?<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEif0tj8ezX4Yu_z_0Wk8MBtfbfEhQTInEv_fawTPVuEyWsLiVEva23_Ol2FJumSBXm4fbn919B2-jLgYf6H9m8XAaGhi5J7R3Regq0xL7on8wS0MeMsUufZWwu-NnesFr5U_NiAL4KfwlXU/s1600/ally.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="321" data-original-width="600" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEif0tj8ezX4Yu_z_0Wk8MBtfbfEhQTInEv_fawTPVuEyWsLiVEva23_Ol2FJumSBXm4fbn919B2-jLgYf6H9m8XAaGhi5J7R3Regq0xL7on8wS0MeMsUufZWwu-NnesFr5U_NiAL4KfwlXU/s400/ally.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Na Copa da Escócia de 1996, Paul Gascoigne e Ally McCoist chocaram suas cabeças acidentalmente. Gascoigne se desculpa com seu amigo lhe dando um beijo na boca. Imagem: Reprodução. </td></tr>
</tbody></table>
<br />
<b>Conclusão</b><br />
<b><br /></b>
O beijo na boca é visto como uma prática restrita somente a casais. Entretanto, a história nos mostra que nem sempre foi assim. Beijar uma pessoa na boca é a mesma coisa que dar um abraço, um beijo no rosto ou um tapinha nas costas por exemplo. Porém, o tabu na sociedade impede que o beijo na boca seja algo comum entre pessoas que não se desejam sexualmente. </div>
Marllon Alveshttp://www.blogger.com/profile/16401643299711219814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3932688701708172915.post-61223117296954044702018-07-24T07:11:00.001-07:002018-07-24T07:11:12.680-07:00Racismo na Igreja: algo muito mais comum do que podemos imaginar<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPLuIWVu8kH-VpzYnCMG4m8_Pvss7whMYocp-Zm_5XBIUrMOwsQ6bSjzNFKFB91ekQimmiTUqE0R5M75-yo65ev5abhRDYzUwcHJUotG99gNSBKVI4L-99zmJSU7bOtxfYMCBOuE54tyaZ/s1600/jesus.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="394" data-original-width="600" height="262" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPLuIWVu8kH-VpzYnCMG4m8_Pvss7whMYocp-Zm_5XBIUrMOwsQ6bSjzNFKFB91ekQimmiTUqE0R5M75-yo65ev5abhRDYzUwcHJUotG99gNSBKVI4L-99zmJSU7bOtxfYMCBOuE54tyaZ/s400/jesus.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pintura representando o episódio bíblico conhecido como "Santa Ceia", que ocorreu momentos antes de Jesus ser traído por Judas e posteriormente crucificado. Há fortes evidências de que Jesus era negro. Créditos na imagem.</td></tr>
</tbody></table>
<br />
Jesus, a figura central do cristianismo, disse para que amássemos o nosso próximo incondicionalmente. Partindo dessa premissa, o racismo é algo inconcebível para um cristão. Entretanto, diante de evidências históricas e experiências pessoais, se percebe que o racismo é uma realidade dentro da Igreja. Estou usando Igreja com "i" maiúsculo porque neste texto eu não me refiro a uma corrente e/ou denominação específica do cristianismo, mas sim às muitas vertentes que existem dentro da religião cristã.<br />
Embora não tenha o seu devido valor reconhecido, a História é um curso que dá base para vários outros cursos, inclusive para aqueles que não são da área de ciências humanas. Desta forma, para entender o racismo dentro da Igreja, vamos fazer uma volta no tempo. A Igreja Católica esteve ao lado do Estado na colonização das Américas Hispânica e Portuguesa e também na escravização e colonização do continente africano. Com o argumento de trazer a "salvação aos perdidos", a Igreja endossou o discurso do colonizador. No caso dos negros que foram escravizados, a Igreja disse que os mesmos deveriam passar por esta situação para que fossem redimidos de seus pecados e até a teologia foi usada para justificar a escravidão. Acreditavam (ainda há quem acredite, por incrível que pareça) que os moradores do continente africano eram descendentes de Cam, o filho de Noé que ao ver o pai bêbado e nu, zombou do mesmo. Ao recuperar a sobriedade, Noé amaldiçoou a descendência de Cam. Estes descendentes seriam aqueles que mais tarde habitariam a África, continente marcado pela servidão e miséria extrema. Somado este fato às religiões de matriz africana, muita gente acredita que a África convive com tamanha miséria por conta de seu "misticismo". Não, não e não. A África não é um continente pobre por conta de sua religiosidade, mas sim por causa da exploração secular e sistemática de seus vastos recursos naturais.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbXGxHqiLfH8TQmLf1scDKMg810MNgTxEqwZhtJiU4SZyZovOzPI8rADb0yxmgU1zGNF8whTeMwg30hvLXXSJtK4dt1cK2Jb_T3YXdyndBzlTiOyisvdM96nkxBEcrp2SZXwM5FQzll_ZI/s1600/isabel.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="570" data-original-width="940" height="242" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbXGxHqiLfH8TQmLf1scDKMg810MNgTxEqwZhtJiU4SZyZovOzPI8rADb0yxmgU1zGNF8whTeMwg30hvLXXSJtK4dt1cK2Jb_T3YXdyndBzlTiOyisvdM96nkxBEcrp2SZXwM5FQzll_ZI/s400/isabel.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A Princesa Isabel (1846 - 1921) abraçou com fervor a causa abolicionista. Entrou para a história por ter abolido a escravidão no Brasil. Imagem: Joaquim José Insley Pacheco (1830 - 1912) .</td></tr>
</tbody></table>
<br />
Se antes, a Igreja apoiava a escravidão, já no século XIX, mais especificamente na segunda metade do mesmo, a mesma vai ser fervorosamente a favor da abolição da escravatura. A princesa Isabel (1846 - 1921), cuja religiosidade era conhecida, abraçou com ardor a causa da abolição. Ela acolheu e alimentou escravos fugitivos em seu palácio e criou campanhas com o objetivo de levantar fundos para a compra de alforrias por exemplo. A motivação da princesa cresceu a partir de 1887, quando o episcopado brasileiro, afinado com as orientações papais, promoveu intensa campanha abolicionista. Os bispos católicos do Brasil convocaram os católicos do país a promoverem a libertação dos escravos. Como católica praticante, D. Isabel atendeu ao clamor da igreja católica no Brasil. Assim, após uma "queda de braço" que envolveu a demissão do Gabinete Cotegipe (1815 - 1889), a Lei Áurea foi assinada em 1888 pela princesa Isabel, que era princesa regente, uma vez que D. Pedro II (1825 - 1891) estava afastado de suas funções por motivos de saúde. Dias depois, ainda como princesa regente, ajudou a organizar uma grande missa campal em agradecimento pelo fim da escravidão. A abolição da escravatura foi o golpe final no Império do Brasil, que na época da abolição da escravatura já se mostrava cambaleante, chegando ao fim em 1889.<br />
A escravidão acabou, mas a estrutura escravista que até hoje sustenta a sociedade brasileira não. Além disso, a Igreja tende a absorver os discursos de sua época das mais diferentes formas porque a mesma é um produto de seu tempo. Dadas estas observações, é possível afirmar que o racismo é uma realidade em muitas igrejas brasileiras. <a href="http://marllon221190.blogspot.com/2016/06/porque-me-desliguei-da-assembleia-de.html" target="_blank">Frequentei a Assembleia de Deus por muitos anos</a> e vi alguns casos de racismo na mesma. Quando tinha por volta de 13, 14 anos de idade, eu era integrante do conjunto de adolescentes na época quando um menino de pele retinta passou a fazer parte do conjunto. Os demais adolescentes, assim como as crianças, chamavam o mesmo de macaco. A liderança pouco fazia diante do fato. Outro caso que me recordo é de um homem que entrou para o conjunto de novos convertidos. Ele não tem alguns dentes, não fala corretamente e é negro. Por conta disso, os membros da igreja não o cumprimentavam com a "paz do Senhor" quando o viam na rua. A situação chegou em um ponto tão extremo que o pastor teve que intervir, repreendendo os demais membros durante um culto. É fato que atualmente as Assembleias de Deus mudaram bastante, mas eu me questionava porque que o cabelo <i>black </i>é sinônimo de "bagunça" e que até as mulheres deveriam manter os mesmos presos em um coque (em uma AD tradicional, não é permitido ao homem ter cabelos longos). Quando assumi os meus cachos, eu ainda frequentava a AD e eu lembro de ter ouvido muitas "piadas" dos "irmãos" por conta do meu novo estilo. E o pior de tudo isso é o fato de a existência do racismo não ser reconhecida dentro desta igreja. Me lembro que quando comentei em minha conta pessoal no <i>Facebook </i>que a Assembleia de Deus era racista, houve uma repercussão muito grande que rompeu as barreiras da <i>internet</i>. Eu fui dado como louco e que o que eu havia dito não tinha fundamento nenhum, além de quase ter sido apedrejado. Para contraporem a minha afirmação, disseram que Brasil afora existem pastores negros e que também algumas cantoras pentecostais são negras. Como se a existência de negros em um espaço é suficiente para inibir a presença do racismo, coisa que não é verdade.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGqvGafofOuU6fDi5_ESdwJA4M7AIBs-Z_c5LdQJUu1UpjNLRqrTzFIl_QyuyFyqbLAZYdCM0kGvDHEUoVIOGU2zTq964AtdtmKETS7EGJ4qhfc1vqG5KiBcDfEfvakY4OQ_YE5sRc1xqF/s1600/claudia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGqvGafofOuU6fDi5_ESdwJA4M7AIBs-Z_c5LdQJUu1UpjNLRqrTzFIl_QyuyFyqbLAZYdCM0kGvDHEUoVIOGU2zTq964AtdtmKETS7EGJ4qhfc1vqG5KiBcDfEfvakY4OQ_YE5sRc1xqF/s400/claudia.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Claudia di Moura integra o elenco da novela <i>Segundo Sol </i>(2018). Imagem: Divulgação/ TV Globo. </td></tr>
</tbody></table>
<br />
Claudia di Moura é uma atriz com longa trajetória no teatro que fez sua esteia na televisão em 2018, aos 53 anos de idade. A atriz conta que escolheu a dramaturgia por causa do preconceito da Igreja Católica. Ela sempre queria ser o anjo em peças teatrais da igreja e nunca podia ser por conta da cor de sua pele. Ela era sempre a primeira menina a colocar o nome na lista, mas diziam que a mesma já estava lotada. Ela cansou de chegar primeiro e até mesmo madrugar, mas a oportunidade de interpretar um anjo não lhe foi dada. Percebendo a tristeza de Claudia, davam para a então menina uma poesia para ela declamar, onde ela depositava toda a tristeza por não poder ser o anjo.E tudo isso por conta da concepção racista de que crianças negras não podem interpretar anjos. Na Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) de 2017, a professora de Educação Física aposentada Diva Guimarães fez os presentes, inclusive o ator Lázaro Ramos, também presente no evento, irem às lágrimas. Diva disse em um <a href="https://www.youtube.com/watch?v=zBg8Rh0XHSw" target="_blank">emocionante depoimento</a> que as freiras do colégio onde ela estudou certa feita contou a seguinte história para justificar o tom de pele das pessoas negras: Jesus criou um rio e mandou todos se banharem ali. Estas freiras contaram que as pessoas brancas têm a pele clara porque não são preguiçosas e chegaram primeiro ao rio. Já as pessoas negras, por serem preguiçosas, chegaram ao rio por último, encontrando uma água suja e só molhando as palmas da mão e as solas dos pés. Seria por isso que os negros têm as palmas da mão e as solas dos pés brancos. Repugnante é pouco para esta história.<br />
<br />
<b>Conclusão </b><br />
<b><br /></b>
O racismo é uma realidade em muitas igrejas brasileiras (e também de outros países) e isto é algo contraditório, pois Jesus ensinou a amar ao próximo "como a ti mesmo". Este amor que Jesus ensinou não foi um amor sujeito às condições financeiras, raça, gênero e religião de alguém. Jesus ensinou o amor incondicional, que independe de tudo isso. É por esta razão que é contraditório um cristão ser racista. Provavelmente, este não colocou em prática e/ou não aprendeu o amor ensinado por Cristo. </div>
Marllon Alveshttp://www.blogger.com/profile/16401643299711219814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3932688701708172915.post-7914061761009155462018-07-19T15:08:00.000-07:002018-07-19T15:08:08.932-07:00MC Serginho e Lacraia: uma dupla que dificilmente teria espaço nos dias atuais<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQi-3VQ6cBf23TrXxsL_RulFUfI0Eaf0nHVQdaABdhU-FBK3JCbnDdHr32uguEE8XEwIt-p-Zen5mdbdED34GmwNUMBaLeiLfsBiv3he0epI4Y6Mvt5jkBwHNydlRH-gPWsqPsh4qdfcWJ/s1600/lacraia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1063" data-original-width="1417" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQi-3VQ6cBf23TrXxsL_RulFUfI0Eaf0nHVQdaABdhU-FBK3JCbnDdHr32uguEE8XEwIt-p-Zen5mdbdED34GmwNUMBaLeiLfsBiv3he0epI4Y6Mvt5jkBwHNydlRH-gPWsqPsh4qdfcWJ/s400/lacraia.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Lacraia (à esquerda) e MC Serginho (à direita), uma dupla que fez muito sucesso nos anos 2000. Imagem: Reprodução. </td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
MC Serginho & Lacraia foi uma dupla de <i>funk </i>que fez muito sucesso nos anos 2000. O sucesso desta dupla se explica em parte pelo bom humor e irreverência presentes nas letras que cantavam e também nas apresentações. Foi um sucesso de uma época e refletia a mesma, mas dificilmente uma dupla como esta conseguiria fazer sucesso na atualidade.<br />
O primeiro grande sucesso da dupla veio em 2002, com <i>Vai Serginho</i>, música que descreve uma relação sexual. Destaque também para <i>Eguinha Pocotó</i>, muito tocada nas rádios brasileiras em 2003. Entretanto, não foi somente pelas músicas que MC Serginho & Lacraia se tornaram conhecidos nacionalmente: a dupla em si, sem as músicas, era um espetáculo à parte. MC Serginho nunca foi de figurinos extravagantes, preferindo roupas discretas. O <i>show </i>mesmo ficava com Lacraia, apelido de Marco Aurélio Silva da Rosa (1977 - 2011). Nas apresentações da dupla, Lacraia sempre aparecia com blusas justas que mostravam parte da barriga, minissaia, calça <i>legging</i>, chapéu, pendentes e também maquiagem. Não pense que este era um personagem criado por Lacraia: no dia a dia, era desta forma que ela se vestia. Era uma dupla perfeita e também complementar: MC Serginho cantava e Lacraia dançava, se bem que vez por outra Lacraia tinha uma pequena participação nas músicas. A dupla fazia um sucesso tão grande que em fevereiro de 2003 a mesma foi ao Domingo Legal, que na época era apresentado por Gugu Liberato, que desde 2009 está na Rede Record. Naquela época, o Domingo Legal era um forte candidato na sangrenta batalha dominical pela audiência que existe na televisão brasileira. MC Serginho & Lacraia eram tão populares que, graças a eles, o programa atingiu a liderança na audiência.<br />
As apresentações da dupla eram descontraídas e Lacraia era um s<i>how </i>à parte, se tornando popular pelo modo como se vestia e dançava. Naquela época, as letras da dupla em questão passavam despercebidas por muita gente e hoje, olhando para trás, se percebe o quanto as mesmas eram problemáticas. Um dos maiores sucesso da dupla em questão e que teria uma polêmica enorme nos dias de hoje, contém o seguinte trecho: "Se tu quer uma gatinha/ E que ela não te traia/ Ela é quase mulher/ Eu tô falando é da Lacraia". Procurei o nome desta música na <i>internet</i>, mas não achei e eu creio que, assim como eu, muita gente lembra desta música. "Quase mulher" é um termo considerado ofensivo e antigamente ele era usado para se referir às mulheres trans e as travestis. Estas mulheres não seriam mulheres "por completo" pelo fato de terem um pênis e não uma vagina, órgão sexual feminino. Hoje, devido aos avanços do movimento LGBT, bem como dos estudos de gênero, se sabe que a definição de gênero vai muito além do binômio homem e mulher. Além disso, muitos meninos "valentões" fizeram <i>bullying </i>nas escolas Brasil afora com essa música nos meninos mais afeminados que ainda estavam conhecendo sua sexualidade.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/7medFIDYJUA/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/7medFIDYJUA?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<br />
<br />
Outra coisa que me chama a atenção nesta dupla é o costume que MC Serginho tinha de oferecer dinheiro para quem beijasse Lacraia na boca por uma recompensa de R$ 50,00. Os vídeos presentes no <i>Youtube </i>que revelam esta prática é datado entre os anos de 2007 e 2009. Desta forma, passando para os valores atuais, MC Serginho pagava cerca de quase R$ 100,00 ou mais para quem beijasse a Lacraia. Se engana quem pensa que os rapazes não iam. Eles iam sim e não eram poucos. Em troca de dinheiro, eles aceitavam beijar Lacraia na boca diante do público presente (e não era selinho não: era beijo de língua mesmo e os rapazes poderiam ficar ali a noite toda beijando a Lacraia se não fossem interrompidos). Esta prática é problemática porque o que se vê é a ridicularização de um LGBT. Se Lacraia fosse heterossexual e cisgênero, MC Serginho faria uma coisa dessas? Ou se Lacraia fosse mulher cisgênera, MC Serginho faria o mesmo? Por que o beijo na boca de um LGBT ainda causa polêmicas? Não tem como ignorar as músicas cantadas por MC Serginho enquanto Lacraia se revesava entre os homens que queriam beijá-la. Em um único vídeo, o MC canta os seguintes versos: "Ado a-ado/ Eles gostam de viado" e "Ôôôôô/ Todo viado que eu conheço é tricolor". O segundo e último verso faz coro à "piada" de que os torcedores do São Paulo são em sua maioria homossexuais. E quanto aos rapazes, acredito que eles não beijavam Lacraia pensando somente na recompensa financeira do ato. Eles também queriam curtir, eram homens que curtiam beijar outros homens na boca (ou até algo mais talvez). Vale lembrar que eles não foram até lá obrigados, muito pelo contrário: eles foram beijar a Lacraia por livre e espontânea vontade. Vale lembrar também que o fato de um homem beijar ou até mesmo transar com outro homem não faz do mesmo um homossexual. Há vários homens que fazem isso e não se consideram <i>gays</i>. <a href="https://www.buzzfeed.com/florapaul/homens-heteros-contam-como-foi-ficar-com-homens?utm_term=.ftDwVPEWP#.jeq315n65" target="_blank">Os relatos são muitos</a>.<br />
E quanto ao MC Serginho, acredito que ele amava a Lacraia, embora seu tratamento para com ela tenha traços LGBTfóbicos. Por mais complexo e contraditório que possa parecer, isso é possível. Quem aí não tem um amigo que é fã do Bolsonaro? Quem aí não tem um amigo que apoia Donald Trump? Quem aí não tem um amigo machista e/ou uma amiga racista? As relações humanas são complexas e o preconceito pode se manifestar de infinitas formas. Uma mulher pode se indignar com a violência policial sofrida pelos jovens negros e ao mesmo tempo não ter preferência por homens negros na hora do relacionamento amoroso porque eles não fazem o "tipo" dela. Um homem machista e homofóbico pode muito bem ter um amigo homossexual e ao mesmo tempo não gostar de beijos e abraços vindos de outro homem por considerar que isso não é "coisa de macho". O preconceito é muito complexo e isso é uma realidade. A amizade de MC Serginho e Lacraia era verdadeira, tanto é que quando ela faleceu (dizem que Lacraia morreu de complicações causadas pelo HIV, o que nunca foi confirmado, uma vez que a causa de sua morte nunca foi revelada), ele ficou inconsolável. MC Serginho, que sempre apoiou incondicionalmente a família da Lacraia (na verdade, um cuidava do outro), disse que continuaria apoiando a família da Lacraia e uma das razões para isso é que a mãe dele já era falecida quando Lacraia morreu e a mãe da mesma sempre tratou MC Serginho como filho.<br />
<br />
<b>Conclusão</b><br />
<b><br /></b>
A dupla MC Serginho & Lacraia fez sucesso em uma época e dificilmente faria este mesmo sucesso agora porque os tempos são outros. Na época que a dupla em questão surgiu no cenário musical, os LGBTs eram tratados de forma jocosa, superficial e até mesmo preconceituosa pela grande mídia. O movimento LGBT já existia na época (vale dizer que este movimento tem quase cinco décadas ou mais de existência), mas não tinha o alcance que tem hoje. Este alcance foi possível graças à Era PT (2003 - 2016), que criou algumas políticas em benefício deste público e também pela popularização da <i>internet </i>e das redes sociais, que ampliaram as vozes daqueles que não têm voz na grande mídia (se bem que tais assuntos tem sido cada vez mais abordados em programas de televisão). Apesar de tudo, MC Serginho e Lacraia eram muito amigos, fato que mostra que as relações humanas são muito mais complexas do que podemos imaginar. </div>
Marllon Alveshttp://www.blogger.com/profile/16401643299711219814noreply@blogger.com1