21/06/2018

Maradona: o outro futebolista politizado

Maradona olha orgulhosamente para a taça quando a Argentina conquistou o mundial de 1986. Maradona foi o capitão da seleção argentina de 1986 e foi fundamental na conquista do mundial. Imagem: Reprodução.

     Diego Maradona, conhecido popularmente pelo seu sobrenome, é um jogador de futebol argentino. É um dos maiores nomes (talvez o maior) do futebol da Argentina e também um dos melhores jogadores de futebol que este mundo já viu. E, assim como foi o jogador Sócrates (1954 - 2011), Maradona é uma pessoa que não tem medo de expressar seu pensamento político livremente.
     Maradona, que também tem outros apelidos como Dieguito, El Pibe de Oro, El Diez e El Diego por exemplo; é um ex-jogador de futebol argentino que deixou sua marca no futebol mundial. Durante o período em que era jogador de futebol, Dieguito passou por clubes como Boca Juniors, Barcelona, Napoli e Sevilla. Além disso, Maradona jogou na seleção da Argentina nas categorias sub-20 e na seleção principal, onde disputou quatro Copas do Mundo (1982, 1986, 1990 e 1994), sendo que na Copa de 1986 a Argentina conquistou o bicampeonato. El Diego tem no currículo cerca de 703 jogos e 493 gols. Maradona é uma lenda viva do futebol mundial.

Maradona considera a prisão de lula como arbitrária e apoia o mesmo. Créditos na imagem.

     Diego é uma pessoa que acompanha de perto a política brasileira e a prova disso são as inúmeras vezes em que declarou seu apoio ao ex-presidente Lula e criticou abertamente o atual presidente Michel Temer. Em janeiro de 2018, Diego postou uma foto em suas redes sociais onde aparece segurando uma blusa nas cores verde e amarelo que tinha "Lula 18" escrito nas costas da mesma. Na legenda, Diego escreveu "Lula querido, o Diego está contigo". O número 18 é uma alusão às eleições presidenciais que ocorrerão em 2018 no Brasil. Vale lembrar que esta postagem foi feita durante o julgamento do recurso do ex-presidente Lula, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em Porto Alegre (RS). Além disso, em entrevista ao jornal Clarín, jornal de maior circulação na Argentina e que existe há 72 anos, Diego chama Michel Temer de traidor e acusa o mesmo de ser um instrumento de Donald Trump, atual presidente dos EUA. Além de apoiar o ex-presidente Lula, Maradona apoiou abertamente o presidente da Venezuela Hugo Chávez (1954 - 2013) e atualmente Dieguito tem declarado o seu apoio ao atual presidente da Venezuela Nicolás Maduro. Assim como foi com Hugo Chávez, Maradona com frequência posta fotos em suas redes sociais em apoio a Nicolás Maduro e chegou até a participar de comícios ao lado de Maduro durante sua campanha presidencial. Vale lembrar também que Maradona é um forte crítico de Mauricio Macri, atual presidente da Argentina.

A prática transgressora de beijar outros homens 


Registro do momento em que Maradona e Caniggia se dão um "beijo de alma". O omento icônico é até hoje lembrado. Imagem: Reprodução. 

     Pesquisando para este texto, chamou-me a atenção o fato de Maradona ter o hábito de beijar outros homens na boca como uma expressão de carinho. O ex-craque já fez isso com Caniggia e também com Carlitos Tevez. O beijo de Maradona e Caniggia é até hoje lembrado, embora tenha ocorrido há mais de 20 anos. O fato ocorreu em 1996, quando Diego e Claudio integravam o elenco do Boca Juniors. O Lanús e o Boca Juniors estavam em campo e o jogo estava 1x1. Faltando 20 minutos para o final, Caniggia fez um gol e deu vitória para o Boca. Na hora da comemoração, Caniggia e Maradona se beijaram na boca. E esta foi somente a primeira vez que eles fizeram isso em campo, em abril de 1996. No mês de julho do mesmo ano, Diego e Claudio repetiram o ato. Maradona e Caniggia eram muito amigos desde os anos 1980, quando o primeiro jogava no Napoli e o segundo no Verona. Eles eram tão amigos que Maradona exigiu que Claudio também fosse convocado para a Copa de 1990, coisa que Carlos Bilardo, então técnico da seleção argentina, não queria. Foi então que Diego disse: "Eu e Claudio somos um só. Se ele não for, também não vou". O então técnico cedeu e os jogadores simplesmente brilharam. Diego e Claudio não trouxeram a taça para a Argentina (quem ganhou foi a Alemanha), mas mostraram muito futebol e um ótimo entrosamento que se repetiriam nos próximos anos e clubes. Diego e Claudio eram muito amigos e muito ligados também e a forma que eles demonstravam isso era se beijando na boca. Além de Caniggia, Maradona e Carlitos Tevez, que jogou no Corinthians entre os anos de 2005 e 2006, também já deram uma "bitoquinha".
     Esta atitude de Maradona pode ser considerada no mínimo transgressora. Isso porque, se ainda é um tabu um homem beijar outro homem, imagina então como deve ser dois homens se beijarem na boca. Maradona nunca declarou apoio à causa LGBT, à causa feminista ou coisa parecida. Entretanto, ainda que esta possa não ser a sua intenção, este gesto de Maradona coloca em xeque o conceito de masculinidade, que não permite ao homem expressar os seus sentimentos, principalmente para com outro homem. E só lembrando que o machismo é uma realidade latente no futebol. Maradona não é o primeiro homem a beijar outro homem e muito menos o primeiro jogador de futebol a fazer isso. A questão é que se trata do astro Maradona. Então, tudo o que ele faz tende a tomar uma dimensão maior, ao contrário do que aconteceria com outras pessoas que não têm a fama de Maradona. Além disso, o fato de uma pessoa beijar na boca outra do mesmo sexo não significa que há uma atração sexual entre elas, mas isso é assunto para os próximos textos.

Conclusão

     Existem pessoas que falam de política e outras que não. As que não falam não significa necessariamente que tais sejam despolitizadas. Elas têm a visão político-ideológico delas, mas por uma série de razões, preferem não falar sobre. Maradona foi um jogador de futebol brilhante e também de comportamento transgressor, fato que causou inúmeras polêmicas. Além disso, o ídolo do futebol argentino usa de sua influência e prestígio para apoiar políticos de esquerda em toda a América Latina. 

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