21/07/2016

Servindo a Jesus ou servindo a instituição?

Ilustração. Créditos na imagem.


     Antes de iniciar este texto, se deve ficar claro que a proposta do mesmo não é despertar no leitor uma aversão a igreja enquanto instituição. A intenção deste texto é fazer uma análise das práticas religiosas e fazer a seguinte reflexão: você está servindo a Jesus ou servindo a instituição?
     A Bíblia fala que a igreja é toda aquela pessoa que aceita que a sua vida seja regida pelos ensinamentos sagrados. Foi também por esta mesma igreja que Jesus entregou Sua vida (Efésios 5: 25). Além dos fiéis serem a igreja de Cristo, eles também são templos do Espírito Santo, uma das pessoas da Santíssima Trindade (I Coríntios 6: 19). Com isso, os cristãos são a igreja de Cristo, um cargo de extrema responsabilidade. Isso porque representar Jesus implica ter uma vida de santidade baseada nos princípios bíblicos, longe de qualquer prática considerada pecaminosa. A igreja deve ser o testemunho vivo da ação transformadora do Espírito Santo, algo de muita responsabilidade, como já foi dito.
    Uma verdadeira conversão reflete nos vários aspectos da vida de uma pessoa. Se alguém se entregar genuinamente a Cristo, tal prática vai refletir na sua vida sentimental, conjugal, social, econômica e cultural. A questão é que o modo como as coisas são apresentadas dão a entender que uma conversão é simplesmente uma mudança de vestimenta e de hábitos sócio-culturais. No senso comum, ser um bom cristão é ir aos cultos nos dias de semana, ir aos cultos de domingo, ser assíduo na escola bíblica e ter um cargo na igreja. Não há uma exatidão acerca de quando isso começou, mas o fato é que os cristãos não costumam muito se ver como igreja: o que eles veem como igreja é o templo, onde costumam se reunir para seus cultos. Ainda de acordo com esta concepção, é do templo chamado erroneamente de igreja que emana as forças necessárias para um cristão seguir em sua caminhada e não desistir. Esta concepção é equivocada e até mesmo sem base bíblica. Isso porque quem dá sustentação a igreja é Cristo, a pedra viva, eleita e preciosa; a pedra que os edificadores reprovaram (1 Pedro 2: 4, 6, 7; Atos 4: 11).
     Esta noção de que o templo é o centro de tudo é tão forte e arraigada no meio cristão que é válido eu contar aqui algumas experiências com relação ao assunto. Nos primeiros meses de minha caminhada, quando ainda era adolescente, um obreiro da Assembleia de Deus que eu fazia parte disse que recusou uma proposta de emprego porque o mesmo não o deixaria participar das atividades da igreja como participava. No segundo semestre de 2011, eu estava atolado com as coisas da universidade e passando por problemas pessoais. Comentei com um amigo assembleiano que já tinha pouco mais de um mês não ia nos cultos. Ele reprovou a minha atitude e disse que isso era injustificável, já que uma vez que eu não ia aos cultos, eu estava deixando de receber um "alimento espiritual". Uma velha conhecida minha que é cristã disse que estava insatisfeita com o seu trabalho, pois tinha de trabalhar exaustivamente durante a semana e às vezes até aos domingos. Ela tinha medo de que suas ausências durante os cultos "esfriasse" sua fé. Relato semelhante eu vi em uma edição do programa global Profissão Repórter, onde uma diarista recusou uma proposta de trabalho porque ocasionalmente trabalharia aos domingos, dia em que a diarista se dedica as atividades religiosas. Quando disse para uma prima minha que é cristã que eu me desligaria da Assembleia de Deus, ela não gostou de minha atitude e disse que eu estava abrindo uma "brecha" para o inimigo, podendo até me afastar do Evangelho. Esta ideia de que o templo era o centro de tudo estava tão arraigada em mim que quando eu saí da Assembleia de Deus, a impressão que eu tinha era que tudo na minha vida estava perdido, eu estava desnorteado. Eu fazia da Assembleia de Deus o centro da minha vida, posição que deve ser única e exclusiva do Senhor Jesus. Hoje é Ele quem ocupa o centro da minha vida.
     Uma verdadeira conversão não se limita a uma troca de vestimenta, vocabulário e atividades diárias: vai muito além disso. Uma conversão genuína resulta em uma profunda mudança de caráter. Você pode ficar meses, dias e até anos sem visitar um templo cristão; mas se você for genuinamente convertido, você não vai largar a sua fé. Além disso, você não precisa ir em um templo somente porque o pregador é bom, o cantor é bom ou porque lá tem muitas revelações. Você é a igreja e se Deus tiver de falar com você, Ele vai falar, independente de onde você esteja. Por fim, se você se afastar do Evangelho somente porque deixou de frequentar uma denominação, sinto lhe dizer, mas a verdade é que você nunca se converteu de fato. 

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