Homem ajudando em tarefas domésticas. Foto: Philip Lee Harvey/Cultura Creative/Arquivo AFP |
Origens do Dia Internacional da Mulher
As origens do Dia Internacional da Mulher (08 de março) são controversas. Entretanto, um incêndio em uma fábrica de tecidos em Nova York (EUA) onde 129 mulheres e meninas morreram é o símbolo deste dia. No dia 25 de março de 1911 (sábado), aproximadamente 600 operários e operárias de uma fábrica de roupas em Nova York trabalhavam quando teve início um incêndio no prédio. Dois anos antes, a fábrica havia sido um dos principais alvos da greve dos trabalhadores da indústria do vestuário, que por sua vez foi liderada por mulheres do Sindicato de Trabalhadoras dos EUA, tendo Clara Lemlich à frente. O movimento pedia melhores salários, jornada de trabalho de 10 por dia (e não 12) e a igualdade entre homens e mulheres. O incêndio na Triangle Shirtwaist Factory vitimou 14 homens e 129 mulheres; 49 não resistiram às queimaduras ou foram sufocados pela fumaça, 36 morreram no poço do elevador e 58 por pular o edifício.Vale lembrar que os trabalhadores tentaram fugir de qualquer maneira, mas as saídas de emergência estavam trancadas por fora.
Os donos da Triangle Shirtwaist Factory possuíam um histórico de incêndios suspeitos, possivelmente para ganahr o dinheiro do seguro. Apesar dos indícios de o incêndio ser criminoso, a Justiça norte-americana absolveu os proprietários da fábrica. O incêndio da Triangle Shirtwaist Factory é considerado o mais mortal acidente de trabalho da história de Nova York e o fato resultou na modificação das leis trabalhistas dos Estados Unidos da América.
Mesmo que a origem exata do Dia Internacional da Mulher seja controversa, a morte das trabalhadoras da fábrica em questão é sempre lembrada como um dos eventos que o motivaram. As 129 mulheres e meninas se tornaram símbolo deste dia. Com o movimento socialista que agitava a Europa no começo do século XX, março se fortaleceu como o mês da luta pela emancipação da mulher, com datas varriadas. Acredita-se que acabou se tornando o dia 8 porque um dos primeiros, em 1914, caiu em um domingo.
Conquistas femininas ao longo da história
Se for feita uma análise da história, veremos que as mulheres não se calaram em nenhum momento (houve várias tentativas para tal fim). Além disso, as conquistas femininas não é algo linear e seguem até os dias de hoje. Embora não seja este o objetivo do texto, vale citar algumas conquistas das mulheres de diversos países. Dilma Rousseff se tornou a primeira mulher a chegar a Presidência da República no Brasil, rompendo com uma tradição que durava mais de cem anos onde apenas homens desempenhavam tal função. Cristina Kirchner foi Presidente da Argentina de 2007 à 2015. Antes dela, outra mulher já havia sido Presidente da Argentina. Isabelita Perón, esposa de Juan Domingo Perón, se tornou presidente após a morte de seu marido, em 1974. Isabelita seria deposta em 1976 pela junta militar liderada por Jorge Rafael Videla. Em 1979, Margareth Thatcher (também conhecida como "Dama de Ferro") entrou para a história do Reino Unido ao ser a primeira mulher eleita para o cargo de Primeiro-Ministro. Em 1903, Marie Curie ganhou um Prêmio Nobel de Física por suas descobertas no campo da radioatividade. Marie Curie foi a primeira mulher a ser laureada com um Prêmio Nobel. Desde 1776, quando houve a independência dos EUA, que o país vive em uma democracia. De lá para cá, nenhuma mulher foi eleita Presidente dos EUA. Hillary Clinton é a preferida na corrida presidencial da Casa Branca e se for eleita, será a primeira mulher a chegar ao cargo máximo da política norte-americana.
Os exemplos acima citados servem para mostrar que as conquistas femininas não segue uma linearidade e nem acontecem ao mesmo tempo. Pelo contrário. Há séculos que as mulheres lutam por seus direitos. Especificando o Brasil, as mulheres ainda são minoria na política (mesmo sendo maioria entre os eleitores), recebem menos que os homens (para exercer as mesmas funções), são vítimas de assédio moral, sexual, agressões e estupro. Desta forma, o feminismo é um movimento que ainda se faz necessário no Brasil.
Mudança no papel da mulher na sociedade e a persistência do patriarcado
Independente desta ter sido ou não a intenção, o fato é que as lutas das mulheres e suas respectivas conquistas fizeram com que o papel da mulher na sociedade fosse revisto. Antes se entendia que era função da mulher cuidar do lar, dos filhos e ser submissa ao marido; ao passo que o homem exercia o papel de provedor.
Se as conquistas femininas não é algo linear e que acontece ao mesmo tempo em todas as partes do mundo, com relação a mentalidade humana a situação não é muito diferente. As mulheres conquistaram muita coisa e hão de conquistar muito mais. Entretanto, a noção de que a mulher deve se ocupar somente dos afazeres domésticos ainda se faz presente na sociedade atual. Comerciais de supermercados quase sempre são protagonizados por mulheres e, além disso, a imagem da mesma está sempre atrelada as atividades domésticas. Os homens até protagonizam comerciais de supermercados, mas não é algo comum e os mesmos aparecem em datas esporádicas, como por exemplo o Natal e o Ano Novo e a imagem dos mesmos nunca está relacionada com os afazeres domésticos. Além disso, a educação ensinada as novas gerações ainda é muito sexista. No ano passado, eu fiz estágio em uma escola onde eu acompanhava crianças especiais. Durante as aulas de Educação Física das crianças, eu notei algo: os meninos em sua maioria iam jogar futebol e/ou brincar de corrida por exemplo, ao passo que as meninas ficavam sentadas em um canto, brincando com bonecas, de casinhas ou qualquer outra brincadeira que não as fizessem correr. No retorno para a sala de aula, os meninos estavam suados, exaustos e com a blusa encardida. Por sua vez, as meninas estavam intactas e limpinhas. Sou nascido no ano de 1990 e digo com todas as letras que eu tive uma educação sexista. Vem a mim neste exato momento uma lembrança que nem eu mesmo sabia que lembrava. Quando estava começando a estudar, quando tinha entre 3 e 4 anos de idade, meu pai me perguntou se eu chorei na escola. Respondi que não e ele disse que "homem não chora". Anos mais tarde, um tio meu estava chorando e meu primo perguntou o porque de o pai estar em lágrimas. Em resposta (é algo pessoal e eu não vou colocar isso aqui), o pai disse que às vezes o homem chora, mas que no Exército por exemplo ele não deveria fazer tal coisa. Aliás, foi a esposa deste mesmo tio que certa feita proibiu eu e meu primo de brincarmos de pular corda, pois esta era uma "brincadeira de menina". Além disso, minha mãe e minha irmã tentaram a todo custo me dar uma "educação de menino". Sentar de pernas cruzadas, sentar com as pernas fechadas, dobrar a mão, brincar com meninas e usar "linguajar de mulher" era proibido. Bem, elas tentaram me ensinar, mas se eu sigo estas regras ou não é outra história.
É importante destacar o papel das fábricas de brinquedos infantis diante deste cenário. Se você for em uma loja de brinquedos e/ou uma loja que venda brinquedos para crianças, verá que a organização dos brinquedos é feita de modo sexista, onde os "brinquedos de menino" ficam de um lado e os "brinquedos de menina" ficam para o outro lado. Vou mais além: a seção dos "brinquedos de menino" quase sempre é pintada na cor azul e a seção dos "brinquedos de menina" quase sempre é pintada na cor rosa. Fazendo uma análise destas seções, percebemos que os brinquedos voltados para meninos faz os mesmos sonharem que podem ser pilotos de avião, de carros luxuosos, que podem ter muito dinheiro e donos de muitas propriedades. Analisando os brinquedos voltados para meninas, o que se vê é que os mesmos dão a chance de as mesmas sonharem que são mães, cozinheiras e donas de casa; isso sem contar com os brinquedos que incentivam meninas a pintarem as unhas e usarem maquiagem. A mais pura erotização do corpo infantil. Absurdo! A indústria de brinquedos enxergou no sexismo uma possibilidade de lucro.
As jornalistas Cássia Almeida e Daiane Costa publicaram um texto no site do jornal O Globo que dizia que as mulheres trabalham cada vez mais que os homens e a base para tal afirmativa são os dados estatísticos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em uma década, a diferença aumentou em mais uma hora. Em 2004, as mulheres trabalhavam quatro horas a mais que os homens por semana, quando se soma a ocupação remunerada e o que é feito dentro de casa. Em 2014, dez anos depois, a dupla jornada de trabalho feminina passou a ter cinco horas a mais, segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), que reúne informações de mais de 150 mil lares. Nestes dez anos, os homens viram a sua jornada de trabalho fora de casa cair de 44 horas por semana para 41 horas e 36 minutos, em um resultado influenciado pela formalização do mercado de trabalho e pelo aumento do número de homens inativos nos últimos anos (uma das razões para esta situação está na estagnação econômica, fazendo com que as taxas de desemprego aumente). Entretanto, o tempo extra não se converteu em maior dedicação aos afazeres domésticos. A jornada de trabalho dos homens dentro de casa permaneceu a mesma de dez anos atrás: dez horas semanais. No mesmo período, as mulheres mantiveram seu ritmo de trabalho fora de casa em 35 horas e meia. Entretanto, dentro de casa, a jornada delas chega a 21 horas e 12 minutos por semana, mais que o dobro da jornada dos homens.
Conclusão
As conquistas femininas, como já dito, não acontece de forma linear e simultânea. No Brasil, por exemplo, as mulheres conquistaram muita coisa e pretendem conquistar muito mais. Além disso, as taxas de assédio moral, sexual, estupro, violência doméstica e feminicídio (quando a pessoa é assassinada apenas pelo fato de ser mulher) são alarmantes no país. Entretanto, para que as mulheres possam seguir na conquista de seus direitos é necessário que as funções dentro e fora do lar sejam revistas e divididas. Porém, fazer isso não é tarefa fácil, pois a mentalidade das pessoas muda muito lentamente. É importante lembrar também que vivemos em um país machista, cujo homem é o privilegiado. Portanto, deixar o machismo de lado e rever os papéis implica em perda de privilégios por parte dos homens.
As origens do Dia Internacional da Mulher (08 de março) são controversas. Entretanto, um incêndio em uma fábrica de tecidos em Nova York (EUA) onde 129 mulheres e meninas morreram é o símbolo deste dia. No dia 25 de março de 1911 (sábado), aproximadamente 600 operários e operárias de uma fábrica de roupas em Nova York trabalhavam quando teve início um incêndio no prédio. Dois anos antes, a fábrica havia sido um dos principais alvos da greve dos trabalhadores da indústria do vestuário, que por sua vez foi liderada por mulheres do Sindicato de Trabalhadoras dos EUA, tendo Clara Lemlich à frente. O movimento pedia melhores salários, jornada de trabalho de 10 por dia (e não 12) e a igualdade entre homens e mulheres. O incêndio na Triangle Shirtwaist Factory vitimou 14 homens e 129 mulheres; 49 não resistiram às queimaduras ou foram sufocados pela fumaça, 36 morreram no poço do elevador e 58 por pular o edifício.Vale lembrar que os trabalhadores tentaram fugir de qualquer maneira, mas as saídas de emergência estavam trancadas por fora.
Os donos da Triangle Shirtwaist Factory possuíam um histórico de incêndios suspeitos, possivelmente para ganahr o dinheiro do seguro. Apesar dos indícios de o incêndio ser criminoso, a Justiça norte-americana absolveu os proprietários da fábrica. O incêndio da Triangle Shirtwaist Factory é considerado o mais mortal acidente de trabalho da história de Nova York e o fato resultou na modificação das leis trabalhistas dos Estados Unidos da América.
Mesmo que a origem exata do Dia Internacional da Mulher seja controversa, a morte das trabalhadoras da fábrica em questão é sempre lembrada como um dos eventos que o motivaram. As 129 mulheres e meninas se tornaram símbolo deste dia. Com o movimento socialista que agitava a Europa no começo do século XX, março se fortaleceu como o mês da luta pela emancipação da mulher, com datas varriadas. Acredita-se que acabou se tornando o dia 8 porque um dos primeiros, em 1914, caiu em um domingo.
Conquistas femininas ao longo da história
Se for eleita presidente dos EUA, Hillary Clinton entrará para a história do país pelo fato de ser a primeira mulher a chegar a presidência dos EUA. Foto: Rhona Wise - 01.03.16/AFP. |
Se for feita uma análise da história, veremos que as mulheres não se calaram em nenhum momento (houve várias tentativas para tal fim). Além disso, as conquistas femininas não é algo linear e seguem até os dias de hoje. Embora não seja este o objetivo do texto, vale citar algumas conquistas das mulheres de diversos países. Dilma Rousseff se tornou a primeira mulher a chegar a Presidência da República no Brasil, rompendo com uma tradição que durava mais de cem anos onde apenas homens desempenhavam tal função. Cristina Kirchner foi Presidente da Argentina de 2007 à 2015. Antes dela, outra mulher já havia sido Presidente da Argentina. Isabelita Perón, esposa de Juan Domingo Perón, se tornou presidente após a morte de seu marido, em 1974. Isabelita seria deposta em 1976 pela junta militar liderada por Jorge Rafael Videla. Em 1979, Margareth Thatcher (também conhecida como "Dama de Ferro") entrou para a história do Reino Unido ao ser a primeira mulher eleita para o cargo de Primeiro-Ministro. Em 1903, Marie Curie ganhou um Prêmio Nobel de Física por suas descobertas no campo da radioatividade. Marie Curie foi a primeira mulher a ser laureada com um Prêmio Nobel. Desde 1776, quando houve a independência dos EUA, que o país vive em uma democracia. De lá para cá, nenhuma mulher foi eleita Presidente dos EUA. Hillary Clinton é a preferida na corrida presidencial da Casa Branca e se for eleita, será a primeira mulher a chegar ao cargo máximo da política norte-americana.
Os exemplos acima citados servem para mostrar que as conquistas femininas não segue uma linearidade e nem acontecem ao mesmo tempo. Pelo contrário. Há séculos que as mulheres lutam por seus direitos. Especificando o Brasil, as mulheres ainda são minoria na política (mesmo sendo maioria entre os eleitores), recebem menos que os homens (para exercer as mesmas funções), são vítimas de assédio moral, sexual, agressões e estupro. Desta forma, o feminismo é um movimento que ainda se faz necessário no Brasil.
Mudança no papel da mulher na sociedade e a persistência do patriarcado
Independente desta ter sido ou não a intenção, o fato é que as lutas das mulheres e suas respectivas conquistas fizeram com que o papel da mulher na sociedade fosse revisto. Antes se entendia que era função da mulher cuidar do lar, dos filhos e ser submissa ao marido; ao passo que o homem exercia o papel de provedor.
Se as conquistas femininas não é algo linear e que acontece ao mesmo tempo em todas as partes do mundo, com relação a mentalidade humana a situação não é muito diferente. As mulheres conquistaram muita coisa e hão de conquistar muito mais. Entretanto, a noção de que a mulher deve se ocupar somente dos afazeres domésticos ainda se faz presente na sociedade atual. Comerciais de supermercados quase sempre são protagonizados por mulheres e, além disso, a imagem da mesma está sempre atrelada as atividades domésticas. Os homens até protagonizam comerciais de supermercados, mas não é algo comum e os mesmos aparecem em datas esporádicas, como por exemplo o Natal e o Ano Novo e a imagem dos mesmos nunca está relacionada com os afazeres domésticos. Além disso, a educação ensinada as novas gerações ainda é muito sexista. No ano passado, eu fiz estágio em uma escola onde eu acompanhava crianças especiais. Durante as aulas de Educação Física das crianças, eu notei algo: os meninos em sua maioria iam jogar futebol e/ou brincar de corrida por exemplo, ao passo que as meninas ficavam sentadas em um canto, brincando com bonecas, de casinhas ou qualquer outra brincadeira que não as fizessem correr. No retorno para a sala de aula, os meninos estavam suados, exaustos e com a blusa encardida. Por sua vez, as meninas estavam intactas e limpinhas. Sou nascido no ano de 1990 e digo com todas as letras que eu tive uma educação sexista. Vem a mim neste exato momento uma lembrança que nem eu mesmo sabia que lembrava. Quando estava começando a estudar, quando tinha entre 3 e 4 anos de idade, meu pai me perguntou se eu chorei na escola. Respondi que não e ele disse que "homem não chora". Anos mais tarde, um tio meu estava chorando e meu primo perguntou o porque de o pai estar em lágrimas. Em resposta (é algo pessoal e eu não vou colocar isso aqui), o pai disse que às vezes o homem chora, mas que no Exército por exemplo ele não deveria fazer tal coisa. Aliás, foi a esposa deste mesmo tio que certa feita proibiu eu e meu primo de brincarmos de pular corda, pois esta era uma "brincadeira de menina". Além disso, minha mãe e minha irmã tentaram a todo custo me dar uma "educação de menino". Sentar de pernas cruzadas, sentar com as pernas fechadas, dobrar a mão, brincar com meninas e usar "linguajar de mulher" era proibido. Bem, elas tentaram me ensinar, mas se eu sigo estas regras ou não é outra história.
É importante destacar o papel das fábricas de brinquedos infantis diante deste cenário. Se você for em uma loja de brinquedos e/ou uma loja que venda brinquedos para crianças, verá que a organização dos brinquedos é feita de modo sexista, onde os "brinquedos de menino" ficam de um lado e os "brinquedos de menina" ficam para o outro lado. Vou mais além: a seção dos "brinquedos de menino" quase sempre é pintada na cor azul e a seção dos "brinquedos de menina" quase sempre é pintada na cor rosa. Fazendo uma análise destas seções, percebemos que os brinquedos voltados para meninos faz os mesmos sonharem que podem ser pilotos de avião, de carros luxuosos, que podem ter muito dinheiro e donos de muitas propriedades. Analisando os brinquedos voltados para meninas, o que se vê é que os mesmos dão a chance de as mesmas sonharem que são mães, cozinheiras e donas de casa; isso sem contar com os brinquedos que incentivam meninas a pintarem as unhas e usarem maquiagem. A mais pura erotização do corpo infantil. Absurdo! A indústria de brinquedos enxergou no sexismo uma possibilidade de lucro.
As jornalistas Cássia Almeida e Daiane Costa publicaram um texto no site do jornal O Globo que dizia que as mulheres trabalham cada vez mais que os homens e a base para tal afirmativa são os dados estatísticos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em uma década, a diferença aumentou em mais uma hora. Em 2004, as mulheres trabalhavam quatro horas a mais que os homens por semana, quando se soma a ocupação remunerada e o que é feito dentro de casa. Em 2014, dez anos depois, a dupla jornada de trabalho feminina passou a ter cinco horas a mais, segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), que reúne informações de mais de 150 mil lares. Nestes dez anos, os homens viram a sua jornada de trabalho fora de casa cair de 44 horas por semana para 41 horas e 36 minutos, em um resultado influenciado pela formalização do mercado de trabalho e pelo aumento do número de homens inativos nos últimos anos (uma das razões para esta situação está na estagnação econômica, fazendo com que as taxas de desemprego aumente). Entretanto, o tempo extra não se converteu em maior dedicação aos afazeres domésticos. A jornada de trabalho dos homens dentro de casa permaneceu a mesma de dez anos atrás: dez horas semanais. No mesmo período, as mulheres mantiveram seu ritmo de trabalho fora de casa em 35 horas e meia. Entretanto, dentro de casa, a jornada delas chega a 21 horas e 12 minutos por semana, mais que o dobro da jornada dos homens.
Conclusão
As conquistas femininas, como já dito, não acontece de forma linear e simultânea. No Brasil, por exemplo, as mulheres conquistaram muita coisa e pretendem conquistar muito mais. Além disso, as taxas de assédio moral, sexual, estupro, violência doméstica e feminicídio (quando a pessoa é assassinada apenas pelo fato de ser mulher) são alarmantes no país. Entretanto, para que as mulheres possam seguir na conquista de seus direitos é necessário que as funções dentro e fora do lar sejam revistas e divididas. Porém, fazer isso não é tarefa fácil, pois a mentalidade das pessoas muda muito lentamente. É importante lembrar também que vivemos em um país machista, cujo homem é o privilegiado. Portanto, deixar o machismo de lado e rever os papéis implica em perda de privilégios por parte dos homens.
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