28/08/2018

O lucrativo e assustador mercado da venda de cachorros

Filhotes de cachorro da  raça São Bernardo. Tal raça ficou conhecida por causa da sequência de filmes Beethoven (1992). Imagem: Reprodução.  

     O cachorro é o animal de estimação mais popular do planeta. Ele está presente em residências de pessoas mundo afora e podem ser encontrados nas mais diversas raças. Esta característica cultural impulsionou um mercado marcado por altos preços, maus tratos e críticas por parte dos defensores dos animais. Estou falando da venda de cachorros.
     Animal de estimação mais popular do planeta, o cachorro está presente em muitas casas de todo o mundo, independente de religião, raça, etnia, gênero e classe social. Muitas são as pessoas que têm cachorros em casa. O hábito de ter um cachorro de estimação em casa é tão comum que o fato já foi retratado na televisão e no cinema. Em 1992, foi lançado o filme Beethoven, que ganharia uma sequência de cinco filmes nos anos posteriores. Graças a este filme, a raça São Bernardo (o protagonista do filme é um cachorro desta raça) se tornou bastante popular. Destaque também para Marley & Eu (2008), cujo protagonista é um labrador amarelo e que, assim como Beethoven (2008), teve uma sequência intitulada Marley & Eu 2 - Filhote Encrenqueiro (2011). E não podemos nos esquecer do emocionante longa baseado em uma história real intitulada Sempre ao Seu Lado (2009), onde o protagonista é um cão da raça Akita (o ator Henry Cavill, conhecido por interpretar o Super-Homem nos cinemas, tem um cão da mesma raça, sendo que na cor preta. O ator costuma postar fotos do seu "urso viajante" com frequência nas redes sociais). Estes são só alguns exemplos de cães protagonistas nas telas. Se todas as séries e filmes onde um cachorro aparece no elenco fossem postadas aqui, este texto seria muito maior.

O cão da raça Shih Tzu estava em um criadouro fechado por fiscais em Diadema (SP), em dezembro de 2015. A gaiola onde foi encontrado não tinha nem água. Imagem: Jefferson Coppola/VEJA. 

     O capitalismo tem a incrível (e também assustadora) capacidade de se apropriar e lucrar em cima de tudo e todos a sua volta. Da mesma forma que tal sistema lucra em cima dos cabelos crespos e cacheados, o mesmo também lucra em cima da venda de cachorros. Pet shops mundo afora costumam vender cachorros. E se a pessoa tiver o interesse de comprar um cachorro, ela terá de desembolsar um bom dinheiro para isso. Um cachorro da raça Chow Chow custa entre R$ 2.500 e R$ 4.000, já um da raça Akita custa entre R$ 300 e R$ 2.000 e um São Bernardo custa entre R$ 1.200 e R$ 1.500. Há ainda algumas raças que custam entre R$ 5.000 e mais de R$ 10.000. O Mastim Tibetano é considerado o cachorro mais caro do mundo. Para quem estiver disposto a ter um, tem que desembolsar uma quantia de aproximadamente US$ 750.000, o equivalente a R$ 1,5 milhão. 
      Com base nos dados acima, não é preciso ir muito longe para chegar à conclusão de que a venda de cachorros é uma coisa lucrativa em todo o mundo. Pessoas que vivem da venda de cachorros têm criadouros cuja finalidade é gerar cachorros para o comércio. Com frequência, aparecem na TV e na internet reportagens e denúncias sobre cachorros vivendo em criadouros insalubres. Desidratação, desnutrição, irritações na pele e falta de higiene são coisas comuns em animais encontrados em criadouros ilegais. Se os animais tivessem uma religião, o homem seria o demônio.

Imagem: Reprodução. 

     Independente do fato de o criadouro ser legalizado ou não ou se os animais que ali vivem são ou não bem cuidados, o fato é que a compra de animais, em especial os cachorros (assunto deste texto), é algo contraditório. O animal, seja qual for, não deve ser visto como mercadoria e/ou peça de enfeite, podendo ser comprada e depois descartada. O animal, assim como eu e você, tem sentimentos. Ele se alegra, se entristece, fica feliz, fica com raiva e se apega aos seus donos. A dor que um animal sente ao ser abandonado por seu dono é a mesma que uma criança sente ao ser abandonada pelos pais e/ou ser devolvida para um abrigo depois que uma família a adotou. Outra prática que eu também considero inadequada é dar cachorros de presente para crianças, independente de o cachorro ser comprado ou não. A criança não tem ideia de que um cachorro precisa de uma série de cuidados (levar para passear, tomar vacina, comprar alimentos e brinquedos para os mesmos por exemplo) e tende a achar que o cachorro só quer brincar o tempo todo, o que não é bem assim. Desta forma, a responsabilidades  com o cão cairá sobre os pais e não se sabe se os pais vão querer tais responsabilidades sobre si ou não. 

Conclusão

     A venda de cachorros é altamente lucrativa e chegar a esta conclusão não é tarefa difícil. Basta analisar o preço de um cão que, dependendo de sua raça, pode  valer mais de R$ 10 mil. E isso é só o preço dos cachorros em si. Se levar em consideração o preço dos objetos para cães, o montante é muito maior. Alguns criadouros de cachorros mantém os cães em situações extremamente insalubres. Em tais, os animais não são bem alimentados, hidratados e higienizados. Ao comprar um cachorro, você está alimentando tais criadouros e mesmo que o cão que você venha comprar tenha sido oriundo de um criadouro legalizado e que cuida bem de seus cães, a compra de animais (não só o cachorro) continua sendo algo anti-ético. Animais não são peças de enfeite e o amor não se compra em uma pet shop

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...