27/06/2017

O pai e/ou irmão "brabo" e a perpetuação do machismo

Imagem: Reprodução. 

     Na cultura popular, eles são conhecidos como "brabos", alcunha dada ao pai e/ou irmão de alguém do sexo feminino. Estão prontos para expulsar todo rapaz que queira namorar a filha ou a irmã. É um suposto instinto protetor. Entretanto, o que de fato está atrás deste instinto nada mais é do que o machismo. 
     A mulher é extremamente protegida pela família desde a mais tenra idade e os homens da família são ensinados a protegê-las desde cedo. Isso é evidenciado por expressões do tipo: "cuida bem de sua irmã" ou "não deixa ninguém chegar perto de sua irmã". Esse cuidado se torna ainda mais intenso quando a moça cresce, em especial quando ela começa a pensar em namorado e/ou quando um rapaz se mostra interessado nela. É nesse momento que coisas como "tem que passar pela peneira do pai", "quando minha filha chegar em casa com o namorado, vou colocar ele para correr" e "vou andar com um pedaço de pau e vou colocar para correr o menino que se aproximar da minha filha". É uma proteção extrema, é como se todo aquele que se interessa pela moça só quisesse o seu mal. 

Imagem: Reprodução. 

     Entretanto, o homem não recebe tal proteção por parte dos familiares. Não se ouve ninguém dizendo que vai impedi-lo de namorar, que vai expulsar as namoradas que ele for apresentar a mesma a família ou que vão fazer uma rigorosa seleção para saber se a namorada é apta ou não para o rapaz. Há algo que deve ser destacado nesse contexto. Dois homens muito amigos e que costumam sair com muitas mulheres são coniventes um com a prática do outro, compartilhando suas respectivas aventuras. Entretanto, quando uma das partes começa a se envolver com a irmã do outro, a amizade estremece. Ele é pressionado a um relacionamento sério e em casos extremos eles até param de se falar. Tenho um parente que tem uma irmã mais nova. Ele tem um amigo com quem costumavam ir para vários lugares. Não era segredo para ninguém que eles costumavam sair com várias mulheres. O amigo desse meu parente começou a se envolver com a irmã mais nova dele. Esse parente ficou extremamente enciumado com o fato e até ficou sem falar com o melhor amigo. Ninguém, inclusive eu, entendemos o porquê da reação desse parente. Isso porque esse amigo aparentava ser uma boa pessoa pessoa e bem intencionado para com a minha parente. Com o tempo e a maturidade, percebi que esse amigo de meu parente era uma pessoa que se envolvia com várias mulheres e o meu parente, sabendo do comportamento do melhor amigo, não queria que ele fizesse com a irmã o que ele fazia com as demais mulheres. 
     O que há por trás dessa excessiva proteção dada às mulheres não é uma preocupação, mas sim o machismo. Além da lógica de que a mulher não pode sair com quem quiser, a defesa da virgindade da mulher também está por trás de tudo isso. Esta defesa da virgindade feminina tem uma lógica econômica: na hora da partilha de bens, quem garante que o homem não está entregando seus bens para o filho de outro homem? O dito popular "filho da minha filha meu neto é. Filho do meu filho não sei se é" expressa bem essa ideia. Sim, pois em um casamento, se a mulher tiver um filho com outro homem, ele é integrado na família como se nada tivesse acontecido. Mas se o homem tiver um filho com outra mulher, ele é criado por outra família. Vivemos em uma sociedade que aceita o fato do homem abandonar os filhos, mas que não permite a mulher fazer tal coisa. 

Conclusão

     A figura do pai e do irmão "brabo" é a expressão do machismo, que defende a virgindade da mulher e desvaloriza a do homem. Pais, não sejam super protetores com suas filhas, mas ensinem-as que elas podem namorar quem quiser e quando ela disser não, é não. 

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