Mohamed Salah, maior nome do Liverpool na atualidade, da seleção egípcia de futebol e também da Associação de Futebol da União Árabe. Imagem: Clive Brunskill/Getty Images. |
Nos últimos anos se tem visto o mundo árabe entrar cada vez mais fundo no mundo do futebol. A entrada no mundo futebolístico tem se dado diretamente, por meio de competições e jogadores, mas também indiretamente, através de empresas de origem árabe que patrocinam os maiores clubes de futebol do mundo. O objetivo por trás de tudo isso é o reconhecimento a nível mundial.
O mundo árabe busca a sua inserção no futebol desde pelo menos a década de 1970, quando foi criada a Union Arab de Football Association - UAFA (Associação de Futebol da União Árabe em português), em 1974. Tal federação é intercontinental e reúne em suas competições clubes e países que seguem a doutrina do islamismo, tendo descendência árabe em sua cultura. Alguns países que fazem parte desta confederação são: Arábia Saudita, Argélia, Catar, Egito, Emirados Árabes Unidos, Iraque e Marrocos. Além disso, alguns dos países da UAFA estiveram presentes na Copa do Mundo de 2018, realizada na Rússia, como por exemplo: Arábia Saudita, Egito, Marrocos e Tunísia. Vale destacar também as competições regulares de futebol organizadas pela UAFA, que são a Copa do Golfo, os Jogos Pan-Arábicos, a Copa das Nações Árabes, a Copa do Golfo de Nações Sub-23, Copa do Golfo de Nações Sub-17, a Liga dos Campeões Árabes e a Supercopa Árabe-Africana por exemplo.
O Real Madrid tem com a Emirates o maior contrato de patrocínio do mundo. Imagem: Divulgação/Real Madrid. |
A entrada do mundo árabe no espaço futebolístico mundial se dá de forma direta, procurando tentar organizar o seu futebol da melhor maneira possível, mas também de forma indireta, por meio de empresas de origem árabe. A Emirates, maior e mais importante companhia aérea dos Emirados Árabes Unidos, é patrocinadora do Paris Saint-Germain (PSG). Tal clube não tem economizado nos investimentos de seu futebol, bem como na contratação de jogadores. Algumas das maiores contratações do PSG são: Cavani (R$ 182 milhões), David Luiz (R$ 185, 6 milhões), Di Maria (R$ 270 milhões), Mbappé (R$ 718 milhões) e, é claro, a maior contratação da história do futebol mundial: Neymar (R$ 821, 4 milhões). O atual presidente do Paris Saint Germain é Nasser Al-Khelaïf, ex-tenista e empresario catariano que tem uma fortuna estimada em US$ 256 bilhões (o que daria mais de R$ 1 trilhão). Além de patrocinar o PSG, a Emirates também patrocina os seguintes clubes: Arsenal (Inglaterra), Benfica (Portugal), Hamburgo (Alemanha), Milan (Itália), Olympiacos (Grécia) e Real Madrid (Espanha).
O Real Madrid merece destaque neste contexto. Tal clube é o segundo mais rico do mundo, com uma receita de 674,6 milhões de euros e fica atrás do Manchester United (Inglaterra), que tem uma receita de 676, 3 milhões de euros. Em 2017, a Emirates e o Real Madrid firmaram um acordo de extrema grandeza. Por quatro anos, a empresa de Dubai vai destinar 280 milhões de euros (R$ 1,27 bilhão) ao Real Madrid. Isso dá 70 milhões de euros (R$ 318 milhões) por ano ao time merengue. É o maior contrato de patrocínio de um time de futebol já assinado por um clube no mundo. Tamanho investimento faz do clube em questão um dos maiores (talvez o maior) do mundo. Tal time de futebol tem um elenco estelar que inclui Thibaut Courtois, Luka Modric, Gareth Bale, Karim Benzema, Marcelo, Sergio Ramos, Navas, Toni Kroos, Varane, Dani Carvajal e Casemiro. Além disso, os frutos de patrocínios astronômicos são visíveis: o Real Madrid é considerado o melhor clube do século XX pela FIFA, tem 33 títulos da La Liga (um recorde), 19 títulos da Copa del Rey, 10 títulos da Supercopa da Espanha, 1 título da Copa da Liga Espanhola, 1 título da Copa Eva Duarte, 13 títulos da Liga dos Campeões da UEFA (o maior campeão do torneio), 2 títulos da Liga Europa da UEFA, 4 títulos da Supercopa da UEFA, 3 títulos da Copa Intercontinental e 3 títulos da Copa do Mundo de Clubes da FIFA.
Roma (Itália) fechou um contrato por quatro temporadas com a Qatar Airways. Imagem: Divulgação/AS Roma. |
A Emirates pode ser a mais conhecida, mas não é a única companhia aérea de origem árabe a patrocinar um clube espanhol. A Qatar Airways patrocinou o Barcelona por alguns anos e atualmente é patrocinadora do Roma, da Itália. Já a Etihad Airways patrocina o Manchester City (Inglaterra). As empresas aéreas citadas neste texto (Emirates, Etihad Airways e Qatar Airways) estão em franca expansão e querem fixar seus nomes ao esporte mais popular do planeta. Para isso, as principais ligas de futebol europeias são selecionadas, uma vez que são nas mesmas onde estão os clubes mais populares cujos torcedores estão espalhados por todo o mundo. Isso faz com que a visibilidade e o reconhecimento da marca aumentem, aumentando as chances dos torcedores de usarem os serviços fornecidos por tais companhias aéreas.
A Copa do Mundo de 2022 será no Catar, uma excelente oportunidade para o futebol árabe conquistar de vez seu espaço no mundo da bola (e também fora dele) e se consolidar como uma potência no futebol. Tal Copa já está sendo chamada de Copa ostentação por conta dos altos valores já investidos neste evento. Tal Copa do Mundo mal começou e já é apontada como a Copa mais cara da história. Os gastos em infraestrutura estão estimados na casa dos US$ 45 bilhões (cerca de R$ 180 bilhões). Uma das obras prevê a construção de uma cidade inteira no entorno do Estádio Nacional, que terá capacidade para receber 86 mil pessoas e receberá a abertura e a decisão da Copa. Além disso, a Copa do Catar será uma excelente oportunidade de a família real do Catar mostrar todo seu luxo e conquistar o respeito de todo o mundo. A origem da riqueza de tal família é oriunda da exploração de petróleo e gás natural e expandida com investimentos financeiros espalhados pelo mundo nos últimos anos. O país é governado pelo emir (termo árabe que significa "governante") Tamim bin Hamad Al Thani, 38 anos, chefe de Estado mais jovem do mundo e apaixonado por esportes. Assumiu o poder em 2013, depois da renúncia do pai, Hamad bin Khalifa Al Thani, que havia dado um golpe de Estado no próprio pai, Khalifa bin Hamad Al Thani, em 1995. A "cabeça" da Copa do Catar é Mohammed bin Hamad bin Khalifa Al Thani, irmão mais novo de Tamim, que liderou a candidatura do país para sediar a Copa junto à FIFA, já foi capitão da seleção de hipismo de seu país e organizou o projeto de expansão esportiva do Catar.
Conclusão
O mundo árabe já mostrou (e continua mostrando) sua riqueza perante o resto do mundo. Os governantes que fazem parte deste mundo perceberam que a imposição do respeito por parte do mundo passa pelo futebol, esporte mais popular do planeta. É por esta razão que empresas de origem árabe, em especial as de aviação, patrocinam os maiores times futebolísticos do mundo. O objetivo é claro: ser uma potência dentro e fora do espaço futebolístico. A Copa do Catar, que será em 2022, faz parte deste objetivo é só o tempo, quando a mesma findar, irá dizer se tal objetivo foi alcançado ou não.
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