22/03/2018

Modelos digitais

Imagem: Reprodução.

    Eles são bonitos e provam isso o tempo todo. As fotos que colocam em suas respectivas redes sociais costumam vim sempre acompanhadas de uma frase motivacional. Eles costumam ser seguidos por centenas de milhares de pessoas e as fotos destas mesmas pessoas costumam ter milhares de curtidas. Afinal, quem são os modelos digitais?
     Antes de continuar o texto, eu quero primeiramente esclarecer ao leitor o que é um modelo digital. É um termo que eu uso para me referir aquelas pessoas que costumam mostrar seus atributos nas redes sociais. Por mais que esta não seja a intenção delas, as mesmas acabam exercendo um ofício similar ao de modelo. Por isso que chamo tais de modelos digitais. Estes modelos são sem dúvida muito bonitos e mostram isso o tempo todo. Ás vezes, postam fotos com pouca (ou até nenhuma) roupa e quando estão vestindo algo, a roupa usada é a moda do momento e a mesma sempre valoriza a beleza de quem a veste. Estas mesmas fotos costumam ser legendadas com frases de motivação e também com mensagens religiosas. Todos estes elementos fazem com que tal pessoa tenha centenas de milhares de seguidores nas redes sociais. Estas pessoas costumam ser seguidas por pessoas do sexo feminino e também do sexo masculino. Estes seguidores de ambos os sexos ficam fascinados com tanta beleza e não têm pudor em demonstrar isso nos comentários, que costumam ser dos mais variados tipos: mais discretos, mais atirados e tem também comentários que  ultrapassam os limites do respeito ao próximo. 
     O modo como tais modelos alcançam a fama é no mínimo peculiar. Eles nunca estamparam capas de revistas, nunca apareceram em outdoors pela cidade, nunca deram entrevista em um canal de televisão ou apareceram em uma propaganda na TV por exemplo. A fama destas pessoas se dá basicamente pelas redes sociais. Algumas, mesmo com milhares de seguidores, nem sequer são reconhecidas nas ruas. A fama destas pessoas se dá basicamente pelas seguintes razões, como já foi dita no parágrafo acima: são pessoas bonitas, se vestem bem e costumam colocar fotos com frases de motivação. Isso pode parecer que não é nada demais, mas tais razões podem render milhares de seguidores e também um dinheiro extra, já que os influenciadores digitais são procurados por algumas empresas que procuram fazer propaganda de seus produtos pelas redes sociais. 
     Para entender um pouco mais este universo, fiz uma entrevista por e-mail com Jhon Giardini que pode ser vista abaixo. 

Jhon Giardini (Instagram @jhongiardini), 23 anos, atualmente mora em Belo Horizonte (MG)

Imagem: Gustavo Henrique.

A Hora – Costumo iniciar minhas entrevistas perguntando sobre a infância do entrevistado. Você pode dizer como foi a sua?


Jhon Giardini: Minha infância foi a melhor possível. Interior, sem toxicidade virtual, bons amigos e brincadeiras que hoje são raras.

AH – Qual era a sua relação com a internet antes da popularização da mesma e das redes sociais?

JG: Sempre gostei de TI (Tecnologia da Informação). Aprendi programação em algumas linguagens, curso de rede, entre outros. Sempre usei internet, tinha comunidade no Orkut, depois até algumas páginas famosinhas, vamos assim dizer, no Facebook, quando era a febre. Instagram veio naturalmente. 

AH – O que o motivou a postar fotos nas redes sociais que exaltam seus atributos físicos? 

JG: O padrão de vida do esporte, a dedicação, constância, disciplina e superação. É bom expor coisas boas e tentar motivar algumas pessoas. O mundo já expõe coisas ruins demais.


AH – Você tem em torno de 351 mil seguidores no Instagram (até a publicação desta matéria). Quando percebeu que estava famoso? Costuma ser reconhecido nas ruas?


JG: Não me considero, como não sou famoso. Tenho um reconhecimento pelo que sou e meu estilo de vida, ao contrário de muitos, que no perfil estampam "modelo, ator, cantor". Posso influenciar algumas pessoas, mas nada além disso. Às vezes, sou reconhecido, conversam comigo e me param. Algumas pessoas me conhecem apenas virtualmente e eu sou totalmente diferente do que elas pensam que eu sou. Sou brincalhão, amo conversas de conhecimento geral, faço piadas toda hora (e das ruins) e sou todo zen.

Imagem: Gultty Santoro. 

AH – Como lida com o assédio de homens e mulheres?

JG: Fico feliz pelos elogios. Alguns faltam com respeito, tanto homens quanto mulheres, mas por isso todo mundo passa. Absorvo só o positivo.

AH – Tem alguma história envolvendo um fã mais atirado que você possa nos contar?

JG: Várias (risos). Porém, algumas pessoas são "doentes" e ultrapassam o limite.

AH – Seu corpo já foi muito diferente do que é hoje. Quando e porque você começou a praticar exercícios físicos? 

JG: Aos 18 anos, por estética e curiosidade. Era muito magro e isso me incomodava de certa forma.

AH – Além dos exercícios físicos, o que faz para manter a boa aparência?

JG: Meu estilo de vida em geral é saudável e isso ajuda bastante, mas nada mais do que isso. Me cuido com o básico, nada demais. Além do corpo, cuido também da mente e da alma, os três sempre em sintonia.

AH – Você tem uma loja de roupas que leva o seu sobrenome. Fale um pouco sobre esse negócio.

JG: Sempre quis ter uma marca de roupas e após a morte do meu avô, presença e inspiração masculina em minha vida, resolvi criar a GIARDINI com o nome da nossa família, em homenagem a ele. Inicialmente era uma marca eclética, porém estamos modificando e será voltada para o athleisure (o termo é a junção das palavras athletic + leisure, que significa roupas casuais feitas para serem usadas na prática de exercícios físicos e demais atividades), marca fitness.

AH – Você é o diretor da KONAE. Qual sua formação e o trabalho que faz nesta empresa? 

JG: Como disse, sempre gostei da área de TI e Marketing. Então, decidi abrir uma agência de marketing digital, a KONAE, que significa Lima em maori (idioma falado pelo povo nativo da Nova Zelândia). É uma homenagem a minha avó, que me adotou e me criou desde os meus nove meses de vida. Inaugurei a KONAE no dia do meu aniversário, para ter um significado ainda maior. Como fundador e diretor, tomo a frente de tudo, principalmente na área de desenvolvimento de site, onde me especializei.

AH – John, você pode deixar uma mensagem para os leitores do blog A Hora?

JG: Nesse mundo de valores inversos, humildade e gratidão te levarão longe. Tenho tatuado no ombro, para todos os dias me lembrar quem realmente sou, a seguinte frase: "Swap your leaves, but do not lose your roots." ("Troque suas folhas, mas não perca suas raízes") . Criei essa frase para que se algum dia alguém perguntar quem é o Jhon, ela o responderia: "Eu amo o simples que a vida me oferece. Momentos simples, amigos simples e família simples. Humildade, reciprocidade e felicidade. Quero mais do mundo e ao mesmo tempo menos dele. Demais às vezes é demais." 

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