O ex-jogador Kaká orando em campo.Em sua blusa, a frase em inglês significa: "Eu pertenço a Jesus". Imagem: Reprodução. |
O futebol é o esporte mais popular do planeta e também o mais popular do Brasil. Por conta disso, ele acaba refletindo a sociedade na qual está inserido. Não é atoa que em algumas universidades existem núcleos de pesquisa cuja finalidade é analisar comportamentos sociais a partir do futebol. O número de futebolistas evangélicos no Brasil tem aumentado cada vez mais e isso é um reflexo da sociedade brasileira, que tem se tornado cada vez mais evangélica ao longo dos anos.
O futebol é, sem dúvidas, o esporte mais popular do Brasil e também do mundo. A grosso modo, tal esporte consiste em um grupo determinado de pessoas de equipes diferentes correndo atrás de uma bola. Acerta o time que colocar a bola no gol e fizer isso mais vezes. Este esporte aparentemente simples é capaz de despertar emoções intensas e unir o país em torno de algo comum. O esporte em questão também pode ser usado para fins políticos. A imagem do Brasil em quanto país do futebol foi construída durante o primeiro governo do presidente Getúlio Vargas (1930 - 1945), que depois voltaria a governar o país em 1950. O Brasil vivia um período ditatorial iniciado em 1964 quando ganhou a Copa do Mundo de 1970, conquistando o tricampeonato. Era um período de ufanismo e também o auge do regime, onde o país vivia a euforia do chamado "Milagre Econômico". O general Médici (1905 - 1985), então presidente da república, aproveitou o fato para fazer propaganda política. O feito deu certo por um momento, mas passado um tempo o regime começou a ruir e começaram a discutir a possibilidade de uma abertura "lenta e gradual". Desde pelo menos 2013, quando começaram os protestos que entraram para a História como as Jornadas de Junho, que os brasileiros têm um descontentamento profundo com a política e isso tem refletido no futebol. Na Copa do Mundo de 2014, sediada no Brasil, o número de brasileiros torcendo contra a seleção já era grande e esta tendência se estendeu para a Copa de 2018. Como dito neste parágrafo, no Brasil futebol e política andaram juntos em alguns momentos e isto ainda está assimilado pelos brasileiros, que descontam na seleção brasileira o desgosto para com a classe política.
Desde os anos 2000, pelo menos, que o número de jogadores evangélicos é cada vez maior no futebol brasileiro. Eles jogam em times brasileiros e também em times do exterior. E chegar a esta conclusão não é difícil. Basta dar uma rápida olhada nas redes sociais deles. Eles postam lá fotos com a família em um culto evangélico, postam fotos com versículos bíblicos e se reconhecem como cristão. Dentro de campo, é comum vê-los orando com frequência durante os jogos, principalmente quando fazem gol. Há um quadro no Fantástico, programa dominical da TV Globo que está no ar há mais de 40 anos, onde o jogador tem o direito de pedir música quando faz três gols em uma determinada sequência. Muitas foram as vezes em que foi visto um jogador pedir música de Cassiane, Damares e Fernandinho por exemplo. Para quem não sabe, tais pessoas são cantores evangélicos conhecidos em todo o Brasil. É comum também ver jogadores evangélicos na seleção brasileira e a quantidade não é pequena. Durante a Copa de 2014, sediada no Brasil, os jogadores chegaram até a realizar cultos na concentração, tamanha a presença de jogadores que professam a religião evangélica. Entretanto, tal prática nunca foi unanimidade: alguns críticos viam nisso um traço de uso do futebol para proselitismo, além do risco de divisões e incômodos no grupo. O fato é que em 2015 Dunga, então técnico da seleção brasileira, proibiu os cultos na concentração e a medida foi mantida por Tite.
O número de jogadores evangélicos no Brasil é um reflexo da sociedade, que está se tornando cada vez mais evangélica. Segundo matéria publicada no G1 em 2012, o número de evangélicos aumentou 61% em 10 anos de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O instituto disse também que em 2000 cerca de 26,2 milhões de brasileiros se diziam evangélicos, o equivalente a 15,4% da população. Em 2010, este número subiu para 42,3 milhões, o equivalente a 22,2% da população. Em 1991, o percentual de evangélicos no Brasil era de 9% e em 1980 este mesmo percentual era de 6,6%. O número de evangélicos no Brasil não para de aumentar, mas mesmo assim o Brasil continua sendo um país de maioria católica.
Segundo especialistas, os evangélicos serão maioria em 2020. Este segmento religioso possui infinitas vertentes, sendo um grupo cujas diferenças culturais e teológicas são evidentes. Dentro deste grupo existem os chamados evangélicos não praticantes, que são como os católicos não praticantes, grupo há muito tempo conhecido pelos brasileiros: são pessoas que têm a fé delas baseada na crença evangélica, mas que por alguma (ou algumas) razão, deixaram de frequentar a igreja, não abandonando por completo as suas práticas. Muitos jogadores de futebol vieram de famílias evangélicas e/ou pertenceram a religião evangélica em algum momento de suas vidas. Entretanto, romperam parcialmente com a vida religiosa. Não romperam totalmente porque, se por um lado eles vão a baladas nada gospel, se envolvem com várias mulheres e possuem um vocabulário recheado de palavrões que não agradariam nem ao mais liberal dos cristãos, estes mesmos jogadores oram em campo com frequência, agradecem a Deus na vitória ou na derrota e colocam fotos com versículos bíblicos nas redes sociais. Estes atletas podem ser encaixados no grupo dos evangélicos não praticantes, nomenclatura que muitos cristãos evangélicos estão aprendendo a usar. Este fato já gerou certas polêmicas em portais voltados para o público evangélico e canais no Youtube também voltados para este segmento. Os mesmos fizeram listas com os nomes dos futebolistas evangélicos e a polêmica veio pelo fato de alguns jogadores que não têm um comportamento nada religioso estarem em tais listas. O fato de uma pessoa orar, compartilhar trechos da Bíblia de vez em quando e ouvir músicas gospel não faz da mesma automaticamente uma pessoa evangélica. É como diz aquela frase que muitos cristãos gostam de falar: "você conhece a árvore pelos frutos".
Conclusão
O aumento do número de jogadores evangélicos no Brasil é um reflexo da sociedade brasileira, que tem se tornado mais evangélica a cada ano que passa. Os evangélicos estão presentes na política, no esporte, na saúde e na educação por exemplo. Particularmente, eu não tenho nada contra o crescente número de evangélicos no país, desde que os mesmos não procurem controlar o corpo alheio, impedir a liberdade de culto do amigo que é de outra religião e acharem que só a religião deles é a certa.
O futebol é, sem dúvidas, o esporte mais popular do Brasil e também do mundo. A grosso modo, tal esporte consiste em um grupo determinado de pessoas de equipes diferentes correndo atrás de uma bola. Acerta o time que colocar a bola no gol e fizer isso mais vezes. Este esporte aparentemente simples é capaz de despertar emoções intensas e unir o país em torno de algo comum. O esporte em questão também pode ser usado para fins políticos. A imagem do Brasil em quanto país do futebol foi construída durante o primeiro governo do presidente Getúlio Vargas (1930 - 1945), que depois voltaria a governar o país em 1950. O Brasil vivia um período ditatorial iniciado em 1964 quando ganhou a Copa do Mundo de 1970, conquistando o tricampeonato. Era um período de ufanismo e também o auge do regime, onde o país vivia a euforia do chamado "Milagre Econômico". O general Médici (1905 - 1985), então presidente da república, aproveitou o fato para fazer propaganda política. O feito deu certo por um momento, mas passado um tempo o regime começou a ruir e começaram a discutir a possibilidade de uma abertura "lenta e gradual". Desde pelo menos 2013, quando começaram os protestos que entraram para a História como as Jornadas de Junho, que os brasileiros têm um descontentamento profundo com a política e isso tem refletido no futebol. Na Copa do Mundo de 2014, sediada no Brasil, o número de brasileiros torcendo contra a seleção já era grande e esta tendência se estendeu para a Copa de 2018. Como dito neste parágrafo, no Brasil futebol e política andaram juntos em alguns momentos e isto ainda está assimilado pelos brasileiros, que descontam na seleção brasileira o desgosto para com a classe política.
Neymar e David Luiz agradecem a Deus após vencerem a seleção chilena em uma disputa que foi para os pênaltis, na Copa do Mundo de 2014. Imagem: Reprodução. |
Desde os anos 2000, pelo menos, que o número de jogadores evangélicos é cada vez maior no futebol brasileiro. Eles jogam em times brasileiros e também em times do exterior. E chegar a esta conclusão não é difícil. Basta dar uma rápida olhada nas redes sociais deles. Eles postam lá fotos com a família em um culto evangélico, postam fotos com versículos bíblicos e se reconhecem como cristão. Dentro de campo, é comum vê-los orando com frequência durante os jogos, principalmente quando fazem gol. Há um quadro no Fantástico, programa dominical da TV Globo que está no ar há mais de 40 anos, onde o jogador tem o direito de pedir música quando faz três gols em uma determinada sequência. Muitas foram as vezes em que foi visto um jogador pedir música de Cassiane, Damares e Fernandinho por exemplo. Para quem não sabe, tais pessoas são cantores evangélicos conhecidos em todo o Brasil. É comum também ver jogadores evangélicos na seleção brasileira e a quantidade não é pequena. Durante a Copa de 2014, sediada no Brasil, os jogadores chegaram até a realizar cultos na concentração, tamanha a presença de jogadores que professam a religião evangélica. Entretanto, tal prática nunca foi unanimidade: alguns críticos viam nisso um traço de uso do futebol para proselitismo, além do risco de divisões e incômodos no grupo. O fato é que em 2015 Dunga, então técnico da seleção brasileira, proibiu os cultos na concentração e a medida foi mantida por Tite.
O número de jogadores evangélicos no Brasil é um reflexo da sociedade, que está se tornando cada vez mais evangélica. Segundo matéria publicada no G1 em 2012, o número de evangélicos aumentou 61% em 10 anos de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O instituto disse também que em 2000 cerca de 26,2 milhões de brasileiros se diziam evangélicos, o equivalente a 15,4% da população. Em 2010, este número subiu para 42,3 milhões, o equivalente a 22,2% da população. Em 1991, o percentual de evangélicos no Brasil era de 9% e em 1980 este mesmo percentual era de 6,6%. O número de evangélicos no Brasil não para de aumentar, mas mesmo assim o Brasil continua sendo um país de maioria católica.
Neymar, então jogador do Santos, agradece a Deus após vitória do clube santista sobre o Mogi Mirim Esporte Clube em uma disputa que foi para os pênaltis, em maio de 2013. Imagem: Reprodução. |
Segundo especialistas, os evangélicos serão maioria em 2020. Este segmento religioso possui infinitas vertentes, sendo um grupo cujas diferenças culturais e teológicas são evidentes. Dentro deste grupo existem os chamados evangélicos não praticantes, que são como os católicos não praticantes, grupo há muito tempo conhecido pelos brasileiros: são pessoas que têm a fé delas baseada na crença evangélica, mas que por alguma (ou algumas) razão, deixaram de frequentar a igreja, não abandonando por completo as suas práticas. Muitos jogadores de futebol vieram de famílias evangélicas e/ou pertenceram a religião evangélica em algum momento de suas vidas. Entretanto, romperam parcialmente com a vida religiosa. Não romperam totalmente porque, se por um lado eles vão a baladas nada gospel, se envolvem com várias mulheres e possuem um vocabulário recheado de palavrões que não agradariam nem ao mais liberal dos cristãos, estes mesmos jogadores oram em campo com frequência, agradecem a Deus na vitória ou na derrota e colocam fotos com versículos bíblicos nas redes sociais. Estes atletas podem ser encaixados no grupo dos evangélicos não praticantes, nomenclatura que muitos cristãos evangélicos estão aprendendo a usar. Este fato já gerou certas polêmicas em portais voltados para o público evangélico e canais no Youtube também voltados para este segmento. Os mesmos fizeram listas com os nomes dos futebolistas evangélicos e a polêmica veio pelo fato de alguns jogadores que não têm um comportamento nada religioso estarem em tais listas. O fato de uma pessoa orar, compartilhar trechos da Bíblia de vez em quando e ouvir músicas gospel não faz da mesma automaticamente uma pessoa evangélica. É como diz aquela frase que muitos cristãos gostam de falar: "você conhece a árvore pelos frutos".
Conclusão
O aumento do número de jogadores evangélicos no Brasil é um reflexo da sociedade brasileira, que tem se tornado mais evangélica a cada ano que passa. Os evangélicos estão presentes na política, no esporte, na saúde e na educação por exemplo. Particularmente, eu não tenho nada contra o crescente número de evangélicos no país, desde que os mesmos não procurem controlar o corpo alheio, impedir a liberdade de culto do amigo que é de outra religião e acharem que só a religião deles é a certa.
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