Interior da Abadia de Westminster, Inglaterra. Imagem: Reprodução. |
Depois que saí da Assembleia de Deus (saiba aqui os motivos que me levaram a fazer isso), eu revisei (e ainda estou revisando) a minha fé. Depois de tomar esta atitude, eu estou revendo a minha vida para saber quem eu sou e para onde estou indo. Bem, já tem pouco mais de dois anos que eu deixei de frequentar a AD e eu já tenho uma opinião formada sobre alguns assuntos. Os pontos que citarei aqui podem não ser perfeitos, mas é aquilo que eu acredito como ideal e que devem ser posto em prática nas igrejas (os mesmos já são aplicados em muitas denominações, até porque este texto não traz nada de revolucionário. Eu só estou compartilhando com vocês práticas que eu acredito que devem ser aplicadas nas igrejas). Vejamos:
1 - Dízimo voluntário: Ao contrário do que muita gente ensina por aí, a obrigatoriedade do dízimo não tem base bíblica. O que estas pessoas fazem é pegar passagens fora de contexto para justificarem seus discursos. Acredito que o que deve ser feito é colocar uma grande caixa em uma parte do templo e, a qualquer hora do dia, mês ou ano, a pessoa deixa a quantia que desejar. Uma boa prática é o dízimo do pobre, que é quando o cristão dá o dízimo para alguém que esteja passando por necessidades. Um exemplo disso é de um pastor que usou o dízimo dos fiéis para construir casas para pessoas que não tinham onde morar. O fato até virou notícia. Para uma análise mais profunda sobre o tema, eu recomendo o livro Desmistificando o dízimo, de Paulo José F. de Oliveira;
Este livro é a análise mais profunda sobre o dízimo que eu já li. O autor mostra como o dízimo é usado desde o Antigo Testamento até os dias atuais. Imagem: Arquivo pessoal. |
2 - Ministério feminino: por incrível que pareça, ainda hoje em muitas igrejas o ministério da mulher é limitado. Em tais, as mulheres trabalham na cantina, no departamento infantil e na limpeza do templo. Por aí, tem muita mulher que tem grande talento para liderar, pregar e ensinar, mas isso não é reconhecido. Normalmente, quem limita o ministério feminino são homens que usam versículos bíblicos fora de contexto para dizer que o ministério feminino não é de Deus. O que estes homens se esquecem é que estes versículos foram escritos em um contexto onde a mulher praticamente não tinha vida pública, dependendo totalmente do marido, uma vez que era vista como propriedade dele. Para vocês terem uma noção, nos tempos bíblicos, se o esposo da mulher morresse, ela tinha que se casar com um parente do marido a fim de dar continuidade a descendência do mesmo. Não era perguntado a mulher se ela queria se casar com o parente do falecido. Isso porque a mulher era vista como propriedade da família do marido;
3 - Organização não-hierárquica e autoritária/autonomia das igrejas: algumas igrejas, talvez a grande maioria, costumar se organizar no esquema mãe-filhas: uma igreja matriz que tem igrejas menores (as congregações) sob o seu comando. Eu não acho este esquema de todo ruim. A questão é que parte das denominações que se organizam desta forma costumam agir de forma hierárquica e até autoritária. Tem o diácono, presbítero, pastor, pastor-presidente... há uma hierarquia e alguns não se sentem intimidados em esconder isso, pelo contrário. Eles comparam a igreja a um Exército. A questão é que esta forma de organização, de uma forma ou de outra, acaba indo contra as Sagradas Escrituras, que diz que a Igreja é como o corpo-humano, cujos membros tem o mesmo grau de importância, onde Cristo é a cabeça que comanda todo o corpo. Mas não é isso o que acontece. A palavra do pastor, e mais ainda do pastor-presidente, tem poder absoluto e ninguém contesta isso. Puro autoritarismo. Acredito que as igrejas devem ter relativa autonomia quanto à sua organização;
4 - Líderes com cursos bíblicos formais: um líder, principalmente se ele for pastor (a), deve ter formação formal em Teologia. Se ele tiver graduação na área, melhor ainda. É um erro muito grande consagrar obreiros, em especial líderes, sem formação formal em Teologia. Isso é preciso para que o líder possa orientar corretamente suas ovelhas, evitando as falsas doutrinas e os ensinamentos errôneos e superficiais, como por exemplo aqueles que falam sobre a obrigatoriedade do dízimo e a limitação do ministério feminino;
5 - Acolhimento dos membros: uma igreja não deve ser um tribunal, mas sim um hospital, ou seja: a igreja não é um lugar onde as pessoas devem ser julgadas, mas sim acolhidas. Se alguém, independente de posição social, etnia, raça ou orientação sexual quer frequentar uma igreja, por quê a mesma deve ser impedida de tal coisa? O templo deve ser um local onde as pessoas vão se reunir para louvar e engrandecer o único que é digno de tal coisa, que no caso é Jesus. O templo não deve ser um local onde um fica falando do outro;
6 - Busca do batismo no Espírito Santo e dons espirituais: o batismo no Espírito Santo é uma experiência cuja evidência física é o falar em outras línguas que o crente nunca aprendeu, que no caso é a glossolalia. Pode ser uma língua nunca ouvida na terra ou um outro idioma terreno (que neste caso é a xenolália). O batismo no Espírito Santo é um revestimento de poder que capacita o crente a pregar as boas-novas com poder e autoridade. Além do batismo no Espírito Santo, os crentes devem buscar também os dons espirituais, ferramente útil na evangelização e edificação dos fiéis;
Fiéis em momento de oração durante culto. Imagem: Reprodução. |
7 - Prática da oração: a oração deve ser uma prática constante na vida do crente. É por meio da oração que temos mais intimidade com Deus, conhecemos os Seus planos, fortificamos a nossa fé e obtemos vitória. Ultimamente esta prática tem sido gradativamente abandonada nas igrejas. Poucos são os que frequentam os cultos de oração e consagração. E nos demais cultos quase não se vê mais um período de oração antes do início do culto. Em festividades e/ou demais cultos de jovens e adolescentes só é visto um milagre (e olhe lá) porque a liderança coloca os mesmos para jejuar durante algumas semanas e tira um período de oração com a juventude antes do começo do culto;
8 - Prática da caridade: é preciso ter um foco maior no exercício da caridade, realizar mais trabalhos voluntários cuja finalidade é ajudar o próximo. Por quê você não vê quais as necessidades do pessoal do bairro onde sua igreja se encontra e faz um trabalho social?
Acredito que os pontos expostos acima são essenciais para que a igreja cumpra a sua função neste mundo. Somente assim poderá dar continuidade a missão iniciada por Jesus na terra.
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