Interior da igreja de Saint-Jacques, atualmente demolida. Imagem: Reprodução. |
Tradicionalmente, a Europa é considerada o berço do cristianismo. Muitas dinastias europeias eram tradicionalmente cristãs católicas e, além disso, este mesmo cristianismo esteve aliado ao Estado na colonização de terras nas Américas Portuguesa e Hispânica. Além disso, foi na Europa que houve a Reforma Protestante, dividindo para sempre o cristianismo. O continente europeu foi também o berço do pentecostalismo, cujo apogeu deste movimento foi no século XX, onde houve avivamentos em várias partes do mundo e missionários europeus foram enviados a diversos países a fim de propagar a fé pentecostal. Entretanto, nos últimos tempos o cristianismo tem vivido momentos difíceis na Europa. Pouquíssimas pessoas frequentam a igreja, o número de pessoas que professam a fé cristã diminui a cada dia, igrejas têm virado espaços de lazer e até estão sendo demolidas.
Tradicional e historicamente, a Europa é um continente cristão. A doutrina cristã católica estava no currículo escolar de muitas dinastias. Aliás, a Idade Média é um período denominado na História onde este mesmo cristianismo esteve no poder na Europa e influenciou a vida particular e privada de muitas pessoas. Exaltação ao corpo, sexualidade e pesquisas científicas eram assuntos proibidos neste período. Este época chegou ao fim com o Renascimento, que aconteceu durante a Idade Moderna. O Renascimento é o resgate da cultura da Antiguidade Clássica, em especial de Grécia e Roma. Foi também neste mesmo período histórico que houve a Reforma Protestante. Martinho Lutero é o representante máximo deste movimento. Lutero era um católico que estava indignado com os erros doutrinários cometidos pelas lideranças católicas. Lutero expôs esta indignação e houve uma divisão dentro do cristianismo. É importante lembrar que em nenhum momento Lutero tinha a intenção de criar uma nova corrente religiosa. O que aconteceu é que nem todos concordaram com o que foi exposto por Lutero e foi aí que o movimento se dividiu. A Igreja Católica tentou conter o então novo movimento cristão, mas a divisão era irreversível.
Tradicional e historicamente, a Europa é um continente cristão. A doutrina cristã católica estava no currículo escolar de muitas dinastias. Aliás, a Idade Média é um período denominado na História onde este mesmo cristianismo esteve no poder na Europa e influenciou a vida particular e privada de muitas pessoas. Exaltação ao corpo, sexualidade e pesquisas científicas eram assuntos proibidos neste período. Este época chegou ao fim com o Renascimento, que aconteceu durante a Idade Moderna. O Renascimento é o resgate da cultura da Antiguidade Clássica, em especial de Grécia e Roma. Foi também neste mesmo período histórico que houve a Reforma Protestante. Martinho Lutero é o representante máximo deste movimento. Lutero era um católico que estava indignado com os erros doutrinários cometidos pelas lideranças católicas. Lutero expôs esta indignação e houve uma divisão dentro do cristianismo. É importante lembrar que em nenhum momento Lutero tinha a intenção de criar uma nova corrente religiosa. O que aconteceu é que nem todos concordaram com o que foi exposto por Lutero e foi aí que o movimento se dividiu. A Igreja Católica tentou conter o então novo movimento cristão, mas a divisão era irreversível.
Imagem ilustrativa mostrando Lutero pregando as 95 teses na Igreja do Castelo de Wittenberg, na Alemanha. Imagem: Reprodução. |
O século XX foi uma época de ouro para o movimento pentecostal porque foi o período em que o movimento esteve em seu auge. O pentecostalismo é uma corrente teológica histórica que teve grande popularidade no século XX. O boom do pentecostalismo começou na Europa, mais especificamente no País de Gales, entre os anos de 1904-1905 no episódio conhecido como Avivamento de Gales. A figura mais conhecida deste movimento é Evan Roberts, o caçula de dois irmãos que foi criado em um lar cristão. Assim como todo avivamento, inclusive os que ocorreram posteriores a este em várias regiões do mundo, o Avivamento de Gales foi caracterizado pela conversão em massa de várias pessoas, o forte desejo de viver segundo a Bíblia e a execução de prodígios e sinais miraculosos. Motivados pelo Avivamento de Gales, cristãos dos EUA começaram a orar pedindo um avivamento por lá. A oração foi respondida e o Avivamento da Rua Asuza entrou para a história. O fogo pentecostal chegou em terras brasileiras por meio dos missionários suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren. Os missionários europeus chegaram ao país em 1910 e no ano seguinte era fundada a Assembleia de Deus, maior denominação pentecostal e evangélica do Brasil. A fim de ajudarem na propagação da nova doutrina, missionários da Noruega, Polônia, Ucrânia e principalmente da Suécia vieram ao Brasil para evangelizar e fundar novas igrejas. Missionários vindos dos EUA também ajudaram a propagar a doutrina pentecostal, mas os europeus foram essenciais nessa tarefa. O trabalho não foi em vão e a prova disso é que por volta da década de 1950 a quantidade de crentes pentecostais pertencentes a Assembleia de Deus era considerável em território nacional. A chegada de missionários europeus ao Brasil mostra que a Europa ainda era o berço do cristianismo no século XX, mas por mais quanto tempo?
Nas últimas décadas o número de pessoas que se declaram cristãs está diminuindo cada vez mais na Europa. Isto é refletido na crescente quantidade de templos que são destruídos ou transformados em locais de diversão. Segundo um site português, mais de 1.000 igrejas foram fechadas na Holanda desde a década de 1970 até hoje. Muitas foram demolidas ou foram vendidas para serem usadas para outros fins. A livraria Selexys foi construída no prédio da igreja de Maastricht. A adaptação fez com que o local fosse considerado pelo jornal britânico The Guardian a livraria mais bonita do mundo. Ainda com relação à Holanda, eu tenho uma amiga que há quase dois anos está morando neste país. Conversando com ela sobre a Holanda, ela que contou que perto da casa da família do marido há uma igreja, mas praticamente ninguém frequenta a mesma. Além disso, ela me contou também que não conheceu ninguém que professasse a fé cristã. Em Amsterdã, capital da Holanda, uma igreja construída no século XIX se transformou em uma renomada casa de espetáculos. Em Utrecht, também na Holanda, uma antiga igreja deu lugar a um café. A falta de fiéis e a consequente falta de condições para manter os prédios são os principais motivos que levam os líderes a venderem os templos.
No ano de 2016, um relatório francês anunciou a demolição de 2.800 templos cristãos, a maioria com mais de um século de existência. A decisão foi tomada porque os custos com as demolições são menores que os custos com a restauração. Em 2013, a Igreja de São Jacques, em Abbeville, edificada em 1868, foi demolida a um custo total de 350.000 euros. Este custo é menor que o orçamento para restauração. Como o número de fiéis diminuiu muito nas últimas décadas, a igreja estava praticamente abandonada. Para muitas cidades francesas, a falta de interesse e o alto valor dos terrenos onde os templos foram construídos não justificam o investimento em restauração. Desde 2007, quanto tal decisão foi tomada, várias igrejas deram lugar a shoppings, lojas, prédios de apartamentos ou estacionamentos. A Igreja da Inglaterra, conhecida no resto do mundo como Episcopal Anglicana, possui 16.000 templos no Reino Unido. Com o cristianismo entrando em declínio, assim como na maior parte da Europa, a opção administrativa foi fechar pelo menos 2.000 templos. Nesses locais costumam se reunir menos de dez fiéis. A maioria é idosa e as ofertas são de baixo valor. Isso torna os custos com a manutenção inviáveis.
Situação semelhante está acontecendo na Alemanha. Templos católicos e evangélicos históricos estão sendo vendidos e/ou demolidos. Os que sobrevivem de pé dão lugar a salas de arte, são transformados em locais para aulas de esportes e até local de armazenamento para empresas. Na Holanda, o número de pessoas que se declaram sem religião é de 40% e a previsão é que esse número chegue a 70% em 2050. Pelo andar dos acontecimentos, esta não é uma tendência somente na Holanda.
A grande questão é entender porque isso está acontecendo na Europa, tarefa que não é assim tão simples. Se no passado o cristianismo viveu um período áureo foi porque esta mesma religião de certa forma atendeu aos anseios da população naquele momento. Com o tempo, a sociedade mudou e seus desejos e expectativas também mudaram. Entretanto, parece que o discurso do cristianismo continua o mesmo. É como a crise vivida pelo catolicismo, onde a figura de Papa Francisco entra em ação para estancar a evasão de fiéis. Isso aconteceu por meio de reformas dentro da igreja e pela mudança de postura do papa. De certa forma, pode-se dizer que Papa Francisco está sendo bem sucedido em seu trabalho, pois sua figura é bastante popular e o mesmo consegue passear e ser querido pelos mais diversos setores da sociedade.
Esta crise que a religião cristã passa na Europa não é de hoje e cantores e pregadores cristãos que foram ao continente europeu já deram seus relatos, onde tal crise é refletida. Alguns até fundam igrejas por lá, mas são igrejas fundadas por brasileiros e para brasileiros. Os nativos mesmo não frequentam a igreja, somente latino-americanos. O modo como os europeus entendem sobre Deus não é o mesmo que nós, habitantes da América Latina, entendemos sobre Deus. Desta forma, quando os latino-americanos vão para a Europa, eles falam de Deus de acordo com suas concepções. Vocês acham mesmo que esses cantores gospel que se acham celebridades, esses pregadores que fazem coisas bizarras nas igrejas Brasil afora e esses "objetos consagrados" vão de fato se consolidar na Europa? Os europeus são conhecidos pelo seu grande rigor teológico.
Conclusão
A crise do cristianismo é uma realidade em diversos países da Europa. Por conta da pouca quantidade de membros, Igrejas estão sendo fechadas e dando lugar a bibliotecas e locais de entretenimento em geral. Já outras estão sendo demolidas. Enquanto historiador, é muito triste para mim ver isso, pois é um monumento histórico que está sendo destruído. A fim de findar esta crise, o cristianismo precisa rever a sua estrutura e adequá-la a realidade atual. Fazer isso é uma questão de sobrevivência.
Daniel Berg (esquerda) e Gunnar Vingren (direita). Os missionários fundaram a Assembleia de Deus no Brasil. Imagem: Reprodução. |
Nas últimas décadas o número de pessoas que se declaram cristãs está diminuindo cada vez mais na Europa. Isto é refletido na crescente quantidade de templos que são destruídos ou transformados em locais de diversão. Segundo um site português, mais de 1.000 igrejas foram fechadas na Holanda desde a década de 1970 até hoje. Muitas foram demolidas ou foram vendidas para serem usadas para outros fins. A livraria Selexys foi construída no prédio da igreja de Maastricht. A adaptação fez com que o local fosse considerado pelo jornal britânico The Guardian a livraria mais bonita do mundo. Ainda com relação à Holanda, eu tenho uma amiga que há quase dois anos está morando neste país. Conversando com ela sobre a Holanda, ela que contou que perto da casa da família do marido há uma igreja, mas praticamente ninguém frequenta a mesma. Além disso, ela me contou também que não conheceu ninguém que professasse a fé cristã. Em Amsterdã, capital da Holanda, uma igreja construída no século XIX se transformou em uma renomada casa de espetáculos. Em Utrecht, também na Holanda, uma antiga igreja deu lugar a um café. A falta de fiéis e a consequente falta de condições para manter os prédios são os principais motivos que levam os líderes a venderem os templos.
No ano de 2016, um relatório francês anunciou a demolição de 2.800 templos cristãos, a maioria com mais de um século de existência. A decisão foi tomada porque os custos com as demolições são menores que os custos com a restauração. Em 2013, a Igreja de São Jacques, em Abbeville, edificada em 1868, foi demolida a um custo total de 350.000 euros. Este custo é menor que o orçamento para restauração. Como o número de fiéis diminuiu muito nas últimas décadas, a igreja estava praticamente abandonada. Para muitas cidades francesas, a falta de interesse e o alto valor dos terrenos onde os templos foram construídos não justificam o investimento em restauração. Desde 2007, quanto tal decisão foi tomada, várias igrejas deram lugar a shoppings, lojas, prédios de apartamentos ou estacionamentos. A Igreja da Inglaterra, conhecida no resto do mundo como Episcopal Anglicana, possui 16.000 templos no Reino Unido. Com o cristianismo entrando em declínio, assim como na maior parte da Europa, a opção administrativa foi fechar pelo menos 2.000 templos. Nesses locais costumam se reunir menos de dez fiéis. A maioria é idosa e as ofertas são de baixo valor. Isso torna os custos com a manutenção inviáveis.
Situação semelhante está acontecendo na Alemanha. Templos católicos e evangélicos históricos estão sendo vendidos e/ou demolidos. Os que sobrevivem de pé dão lugar a salas de arte, são transformados em locais para aulas de esportes e até local de armazenamento para empresas. Na Holanda, o número de pessoas que se declaram sem religião é de 40% e a previsão é que esse número chegue a 70% em 2050. Pelo andar dos acontecimentos, esta não é uma tendência somente na Holanda.
A grande questão é entender porque isso está acontecendo na Europa, tarefa que não é assim tão simples. Se no passado o cristianismo viveu um período áureo foi porque esta mesma religião de certa forma atendeu aos anseios da população naquele momento. Com o tempo, a sociedade mudou e seus desejos e expectativas também mudaram. Entretanto, parece que o discurso do cristianismo continua o mesmo. É como a crise vivida pelo catolicismo, onde a figura de Papa Francisco entra em ação para estancar a evasão de fiéis. Isso aconteceu por meio de reformas dentro da igreja e pela mudança de postura do papa. De certa forma, pode-se dizer que Papa Francisco está sendo bem sucedido em seu trabalho, pois sua figura é bastante popular e o mesmo consegue passear e ser querido pelos mais diversos setores da sociedade.
Esta crise que a religião cristã passa na Europa não é de hoje e cantores e pregadores cristãos que foram ao continente europeu já deram seus relatos, onde tal crise é refletida. Alguns até fundam igrejas por lá, mas são igrejas fundadas por brasileiros e para brasileiros. Os nativos mesmo não frequentam a igreja, somente latino-americanos. O modo como os europeus entendem sobre Deus não é o mesmo que nós, habitantes da América Latina, entendemos sobre Deus. Desta forma, quando os latino-americanos vão para a Europa, eles falam de Deus de acordo com suas concepções. Vocês acham mesmo que esses cantores gospel que se acham celebridades, esses pregadores que fazem coisas bizarras nas igrejas Brasil afora e esses "objetos consagrados" vão de fato se consolidar na Europa? Os europeus são conhecidos pelo seu grande rigor teológico.
Conclusão
A crise do cristianismo é uma realidade em diversos países da Europa. Por conta da pouca quantidade de membros, Igrejas estão sendo fechadas e dando lugar a bibliotecas e locais de entretenimento em geral. Já outras estão sendo demolidas. Enquanto historiador, é muito triste para mim ver isso, pois é um monumento histórico que está sendo destruído. A fim de findar esta crise, o cristianismo precisa rever a sua estrutura e adequá-la a realidade atual. Fazer isso é uma questão de sobrevivência.
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