Deputados favoráveis ao impeachment de Dilma Rousseff exibem as faixas "tchau, querida" e "impeachment já". Imagem: Reprodução. |
Foi no dia 17 de abril de 2016, em um domingo, que a Câmara dos Deputados aprovou o pedido de impeachment da presidente eleita democraticamente Dilma Rousseff. Algumas emissoras de TV interromperam suas programações para exibir a votação que ocorria ao vivo. Além disso, não se falava em outra coisa nas redes sociais. Foi neste dia também que o Brasil conheceu seu Congresso.
Pelo fato de algumas emissoras de televisão interromperem sua programação para acompanhar a aprovação do pedido de impeachment na Câmara dos Deputados, isto acabou sendo uma oportunidade para os brasileiros conhecerem seu próprio Congresso: branco, masculino, conservador, cristão, empresarial e defensor do agronegócio são apenas algumas características do Congresso do Brasil. Mulheres, homossexuais e negros eram minoria. Se bem que de homossexual assumido só havia um: Jean Wyllys. Ele é o único homossexual assumido que defende os direitos da população LGBT dentro do Congresso.
Desde 2015 que manifestações pedindo o afastamento de Dilma Rousseff ocorriam em várias regiões do país. Estas manifestações ocorriam por causa de uma crise política iniciada em 2013 e por conta da insatisfação de parte da população para com o governo de Dilma. É importante lembrar que estas manifestações receberam ampla cobertura da mídia, ao contrário do que houve com as manifestações em apoio a Dilma Rousseff. Esta crise política se tornou ainda mais aguda em 2016 e o clamor das ruas havia chegado nas instâncias legais de poder. Os políticos eleitos pelo povo iriam decidir se o pedido de impeachment seria ou não encaminhado para o Senado.
Como todo mundo sabe muito bem, o pedido de afastamento de Dilma Rousseff foi aprovado na Câmara dos Deputados e posteriormente no Senado. O que chamou a atenção foi que a maioria dos políticos que votaram fizeram isso "por Deus", "pela família", "pelo filho", "pela neta" e por aí vai. A grande maioria deles não apresentaram argumentos consistentes para que Dilma fosse afastada. Nenhum destes votantes apresentaram um argumento legal que servisse de justificativa para o afastamento de Dilma Rousseff. Não apresentaram porque não existia. Dilma foi uma presidente honesta que foi afastada por corruptos. E isso é algo que a História não há de esquecer. Lembrando que defender o mandato de Dilma vai além de questionar se ela fez ou não um bom governo. É a defesa da democracia. Dilma foi eleita democraticamente, mas foi tirada do poder por pessoas que tinham (e ainda tem) pendências com a justiça.
Como já dito no parágrafo acima, a maioria do políticos que pediram o afastamento de Dilma fizeram isso "por Deus". Isso é reflexo da bancada cristã que possui presença notória no Congresso. Entretanto, o contexto em que a afirmação "por Deus" foi usada é no mínimo intrigante. É comprovado que a maioria dos políticos que compõem a bancada evangélica estão envolvidos em corrupção e são ausentes no Congresso. Todos sabem bem que tais práticas vão contra a moral cristã. Além disso, os políticos evangélicos e conservadores costumam agir na maior parte do tempo quando o assunto é drogas, aborto e questões LGBT. É quando tais questões entram em pauta que os cristãos costumam se unir e barrar. Eles se dizem seguidor de Cristo, mas em nenhuma parte dos Evangelhos você vê o Mestre perseguindo as pessoas por conta de sua orientação sexual. Ao invés disso, o que se vê é Jesus andando ao lado dos excluídos da época: mulheres, crianças, pobres, leprosos e deficientes físicos. Jesus não passou a maior parte do tempo perseguindo as pessoas que não se encaixavam em um determinado padrão, mas sim socorrendo todo aquele que lhe pedia ajuda sem exceção.
É importante lembrar que nem todos os que pediram o afastamento de Dilma Rousseff "em nome de Deus" eram componentes da bancada evangélica. Políticos conservadores (que não necessariamente fazem parte da "Bancada da Bíblia") e que compõem demais bancadas do Congresso votaram pelo impeachment e usaram o nome de Deus para isso. Políticos com pendências com a justiça usaram o nome de Deus sem pudor algum. Estas pessoas devem ter se esquecido que roubo, desvio de verba, lavagem de dinheiro ou práticas semelhantes é pecado (Êxodo 20: 15). Estas pessoas que se dizem cristãs devem ter se esquecido também que a mentira e o falso testemunho contra o próximo também são pecados (Apocalipse 22: 15 e Êxodo 20: 16 respectivamente).
Parte considerável dos deputados que pediram o afastamento de Dilma Rousseff possuía ou ainda possuiu pendências com a justiça. Eles fizeram isso porque viram no impeachcment de Dilma a possibilidade de verem suas práticas ilícitas acobertadas. O próprio Eduardo Cunha (que é membro da Assembleia de Deus), então presidente da Câmara dos Deputados, era um. No período em que a Câmara votava o afastamento de Dilma, já eram noticiados em larga escala os escândalos de corrupção que Eduardo Cunha estava envolvido. A mídia, em especial a golpista, fingia indignação com tal fato, mas na prática usada Eduardo para tirar do poder uma pessoa eleita democraticamente. Na prática, Eduardo Cunha estava sendo usada para que pautas de interesse do grupo dominante passassem pela Câmara dos Deputados, já que foram eles quem o elegeram (o pedido de afastamento de Dilma e a aprovação da redução da maioridade penal são apenas alguns exemplos). Após isso, ele foi descartado, sendo afastado da presidência da Câmara dos Deputados e preso. O deputado federal Wladimir Costa (Solidariedade/PA) se tornou conhecido após jogar confetes, depois de votar favoravelmente pelo afastamento de Dilma. Em julho de 2016 o deputado teve seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Pará. A corte eleitoral o acusou de ter recebido dinheiro vindo de fontes não declaradas para sua campanha à Câmara dos Deputados em 2014. Além disso, ele teria omitido da Justiça Eleitoral uma quantia de R$ 410.800 de sua declaração de valores recebidos pela campanha. Este mesmo deputado é conhecido por ser ausente. A deputada federal Raquel Muniz (PSD-MG) ficou conhecida após elogiar a gestão do marido Ruy Muniz, afastado da prefeitura de Montes Claros (MG). Raquel elogiou o marido enquanto votava favoravelmente pelo impeachment de Dilma. Neste período, o casal estava sendo alvo de inquérito por suspeita de sonegação fiscal, falsidade ideológica, estelionato e lavagem de dinheiro. Já Cristiane Brasil (PTB-RJ) estava sendo alvo de inquérito referente a crime de boca de urna. A parlamentar chegou a ser detida em flagrante praticando boca de urna durante as eleições de 2014. A lista de políticos com pendências com a justiça e que pediram o afastamento de Dilma é extensa. O jornalista Paulo Henrique Amorim fez uma lista com nomes de golpistas (o impeachment foi na prática um golpe) que fugiam da justiça (leia aqui). Além disso, o escritor e colunista Marcelo Rubens Paiva fez um levantamento e concluiu que dos 513 deputados da casa, 299 tinham ocorrências judiciais, 76 já foram condenados e 57 eram réus do Supremo Tribunal Federal (STF). De lá para cá, alguns pendências judiciais foram quitadas e outras não.
Com uma Câmara tão corrupta como essa mostrada aqui, será que Jesus estaria mancomunado com tais pessoas? Será que Jesus estaria mancomunado com ladrões para praticar a injustiça contra uma pessoa justa? Será que Jesus estaria ao lado de defensores da tortura, machistas, homofóbicos, defensores do empresariado e do agronegócio para afastar uma pessoa justa e íntegra? Jesus estaria compactuando com a mentira?
Conclusão
O afastamento de Dilma Rousseff foi na prática um golpe na democracia brasileira. Uma mulher honesta foi julgada e condenada por uma corja de ladrões. Eram eles quem deveriam ser condenados e não Dilma. Uma "raça de víboras" usou o nome de Deus em vão para afastar Dilma. O que estas pessoas se esquecem é que Deus não compactua com a mentira, o roubo, a injustiça e toda forma de preconceito contra o próximo.
Pelo fato de algumas emissoras de televisão interromperem sua programação para acompanhar a aprovação do pedido de impeachment na Câmara dos Deputados, isto acabou sendo uma oportunidade para os brasileiros conhecerem seu próprio Congresso: branco, masculino, conservador, cristão, empresarial e defensor do agronegócio são apenas algumas características do Congresso do Brasil. Mulheres, homossexuais e negros eram minoria. Se bem que de homossexual assumido só havia um: Jean Wyllys. Ele é o único homossexual assumido que defende os direitos da população LGBT dentro do Congresso.
Desde 2015 que manifestações pedindo o afastamento de Dilma Rousseff ocorriam em várias regiões do país. Estas manifestações ocorriam por causa de uma crise política iniciada em 2013 e por conta da insatisfação de parte da população para com o governo de Dilma. É importante lembrar que estas manifestações receberam ampla cobertura da mídia, ao contrário do que houve com as manifestações em apoio a Dilma Rousseff. Esta crise política se tornou ainda mais aguda em 2016 e o clamor das ruas havia chegado nas instâncias legais de poder. Os políticos eleitos pelo povo iriam decidir se o pedido de impeachment seria ou não encaminhado para o Senado.
Como todo mundo sabe muito bem, o pedido de afastamento de Dilma Rousseff foi aprovado na Câmara dos Deputados e posteriormente no Senado. O que chamou a atenção foi que a maioria dos políticos que votaram fizeram isso "por Deus", "pela família", "pelo filho", "pela neta" e por aí vai. A grande maioria deles não apresentaram argumentos consistentes para que Dilma fosse afastada. Nenhum destes votantes apresentaram um argumento legal que servisse de justificativa para o afastamento de Dilma Rousseff. Não apresentaram porque não existia. Dilma foi uma presidente honesta que foi afastada por corruptos. E isso é algo que a História não há de esquecer. Lembrando que defender o mandato de Dilma vai além de questionar se ela fez ou não um bom governo. É a defesa da democracia. Dilma foi eleita democraticamente, mas foi tirada do poder por pessoas que tinham (e ainda tem) pendências com a justiça.
A presença de políticos evangélicos é cada vez maior no Congresso e os mesmos costumam misturar política e religião. Imagem: Frente Parlamentar Evangélica/Divulgação. |
Como já dito no parágrafo acima, a maioria do políticos que pediram o afastamento de Dilma fizeram isso "por Deus". Isso é reflexo da bancada cristã que possui presença notória no Congresso. Entretanto, o contexto em que a afirmação "por Deus" foi usada é no mínimo intrigante. É comprovado que a maioria dos políticos que compõem a bancada evangélica estão envolvidos em corrupção e são ausentes no Congresso. Todos sabem bem que tais práticas vão contra a moral cristã. Além disso, os políticos evangélicos e conservadores costumam agir na maior parte do tempo quando o assunto é drogas, aborto e questões LGBT. É quando tais questões entram em pauta que os cristãos costumam se unir e barrar. Eles se dizem seguidor de Cristo, mas em nenhuma parte dos Evangelhos você vê o Mestre perseguindo as pessoas por conta de sua orientação sexual. Ao invés disso, o que se vê é Jesus andando ao lado dos excluídos da época: mulheres, crianças, pobres, leprosos e deficientes físicos. Jesus não passou a maior parte do tempo perseguindo as pessoas que não se encaixavam em um determinado padrão, mas sim socorrendo todo aquele que lhe pedia ajuda sem exceção.
É importante lembrar que nem todos os que pediram o afastamento de Dilma Rousseff "em nome de Deus" eram componentes da bancada evangélica. Políticos conservadores (que não necessariamente fazem parte da "Bancada da Bíblia") e que compõem demais bancadas do Congresso votaram pelo impeachment e usaram o nome de Deus para isso. Políticos com pendências com a justiça usaram o nome de Deus sem pudor algum. Estas pessoas devem ter se esquecido que roubo, desvio de verba, lavagem de dinheiro ou práticas semelhantes é pecado (Êxodo 20: 15). Estas pessoas que se dizem cristãs devem ter se esquecido também que a mentira e o falso testemunho contra o próximo também são pecados (Apocalipse 22: 15 e Êxodo 20: 16 respectivamente).
O deputado Wladimir Costa (Solidariedade/PA) virou hit nas redes sociais após jogar papel picado na Câmara dos Deputados, fato que lhe rendeu a alcunha de "deputado dos confetes". Imagem: Reprodução. |
Parte considerável dos deputados que pediram o afastamento de Dilma Rousseff possuía ou ainda possuiu pendências com a justiça. Eles fizeram isso porque viram no impeachcment de Dilma a possibilidade de verem suas práticas ilícitas acobertadas. O próprio Eduardo Cunha (que é membro da Assembleia de Deus), então presidente da Câmara dos Deputados, era um. No período em que a Câmara votava o afastamento de Dilma, já eram noticiados em larga escala os escândalos de corrupção que Eduardo Cunha estava envolvido. A mídia, em especial a golpista, fingia indignação com tal fato, mas na prática usada Eduardo para tirar do poder uma pessoa eleita democraticamente. Na prática, Eduardo Cunha estava sendo usada para que pautas de interesse do grupo dominante passassem pela Câmara dos Deputados, já que foram eles quem o elegeram (o pedido de afastamento de Dilma e a aprovação da redução da maioridade penal são apenas alguns exemplos). Após isso, ele foi descartado, sendo afastado da presidência da Câmara dos Deputados e preso. O deputado federal Wladimir Costa (Solidariedade/PA) se tornou conhecido após jogar confetes, depois de votar favoravelmente pelo afastamento de Dilma. Em julho de 2016 o deputado teve seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Pará. A corte eleitoral o acusou de ter recebido dinheiro vindo de fontes não declaradas para sua campanha à Câmara dos Deputados em 2014. Além disso, ele teria omitido da Justiça Eleitoral uma quantia de R$ 410.800 de sua declaração de valores recebidos pela campanha. Este mesmo deputado é conhecido por ser ausente. A deputada federal Raquel Muniz (PSD-MG) ficou conhecida após elogiar a gestão do marido Ruy Muniz, afastado da prefeitura de Montes Claros (MG). Raquel elogiou o marido enquanto votava favoravelmente pelo impeachment de Dilma. Neste período, o casal estava sendo alvo de inquérito por suspeita de sonegação fiscal, falsidade ideológica, estelionato e lavagem de dinheiro. Já Cristiane Brasil (PTB-RJ) estava sendo alvo de inquérito referente a crime de boca de urna. A parlamentar chegou a ser detida em flagrante praticando boca de urna durante as eleições de 2014. A lista de políticos com pendências com a justiça e que pediram o afastamento de Dilma é extensa. O jornalista Paulo Henrique Amorim fez uma lista com nomes de golpistas (o impeachment foi na prática um golpe) que fugiam da justiça (leia aqui). Além disso, o escritor e colunista Marcelo Rubens Paiva fez um levantamento e concluiu que dos 513 deputados da casa, 299 tinham ocorrências judiciais, 76 já foram condenados e 57 eram réus do Supremo Tribunal Federal (STF). De lá para cá, alguns pendências judiciais foram quitadas e outras não.
Com uma Câmara tão corrupta como essa mostrada aqui, será que Jesus estaria mancomunado com tais pessoas? Será que Jesus estaria mancomunado com ladrões para praticar a injustiça contra uma pessoa justa? Será que Jesus estaria ao lado de defensores da tortura, machistas, homofóbicos, defensores do empresariado e do agronegócio para afastar uma pessoa justa e íntegra? Jesus estaria compactuando com a mentira?
Conclusão
O afastamento de Dilma Rousseff foi na prática um golpe na democracia brasileira. Uma mulher honesta foi julgada e condenada por uma corja de ladrões. Eram eles quem deveriam ser condenados e não Dilma. Uma "raça de víboras" usou o nome de Deus em vão para afastar Dilma. O que estas pessoas se esquecem é que Deus não compactua com a mentira, o roubo, a injustiça e toda forma de preconceito contra o próximo.
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