Em 2014, período em que houve eleições para a Presidência da República, a maioria dos brasileiros elegeu a bancada mais conservadora do Congresso Nacional. Este fato não acontecia desde o Golpe Civil-Militar de 1964, 50 anos antes. Com isso, foi previsto que as coisas não seriam fáceis para as minorias nos quatro anos que viriam e em 2015 foram vistas os reflexos de uma bancada extremamente conservadora.
Dilma Rousseff foi eleita no segundo turno das eleições presidenciais de 2014, derrotando o candidato Aécio Neves. O segundo turno das eleições foi extremamente acirrado e polarizado, onde cada voto foi disputado. No fim, Dilma Rousseff saiu vitoriosa da árdua disputada. Dilma recebeu 51,64% dos votos válidos, contra 48,36% de Aécio Neves em uma eleição considerada a mais acirrada da história do país. Algo parecido havia acontecido em 1989, quando Fernando Collor foi eleito Presidente da República, derrotando Luís Inácio Lula da Silva.
A oposição não ficou satisfeita com a vitória de Dilma Rousseff e contestaram o tempo todo o resultado das urnas, mas não tiveram êxito. Por fim, os opositores convocaram a população a ir as ruas e pedir o impeachment da presidente. O resultado foi diversas manifestações por todo o país pedindo a deposição de Dilma Rousseff. Tais manifestações ocorreram várias vezes ao longo do ano e a última foi no dia 13 de dezembro (foi também neste dia que o AI-5 foi instaurado, em 1968. O AI-5 tornou a ditadura ainda mais severa, sendo chamado de "o golpe dentro do golpe"). Curiosamente, os primeiros atos em questão tinham um número massivo de pessoas, mas a medida em que as manifestações foram se repetindo, o número de pessoas ia diminuindo gradativamente. Outra coisa que se deve notar é o teor dos cartazes empunhados pelos manifestantes. As frases dos cartazes saíam da esfera política, atacando pessoalmente a presidente com palavras que prefiro não escrever aqui. Além disso, alguns manifestantes pediam uma intervenção militar!
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Políticos comemoram redução da maioridade penal após manobra arbitrária de Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados. Imagem: Pragmatismo Político. |
Foi também graças a atual bancada conservadora do Congresso Nacional que a redução da maioridade penal foi aprovada na Câmara dos Deputados. É de extrema importância lembrar que esta aprovação ocorreu de modo ilegal. Isso porque a proposta de redução da maioridade penal havia sido votada e rejeitada (303 votos contrários e 184 a favor). Porém, 24 horas após a votação e graças a uma ação golpista de Eduardo Cunha, a proposta em questão foi votada mais uma vez e aprovada (323 votos a favor, 155 contrários e 2 abstenções). Pelo fato da proposta alterar a Constituição, a matéria precisa ser apreciada em segundo turno e assim seguir para o Senado Federal.
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A campanha pela derrubada da PL 5069 movimentou a rede e os adeptos da campanha usaram uma foto parecida com esta em suas redes sociais. Foto: Reprodução Facebook. |
Em 2015, foi aprovado também pela Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 5069, que na prática dificulta o atendimento médico a mulheres vítimas de abuso sexual, bem como o fornecimento de pílula do dia seguinte a mulheres vítimas de violência sexual. A Constituição garante a interrupção da gravidez em casos de estupro, em casos em que a gravidez oferece risco para a gestante e em casos em que o feto é anencéfalo (quando o bebê apresenta má formação cerebral e ausência de calota craniana). Com isso, o PL 5069 é inconstitucional. A campanha contra esta lei movimentou as redes sociais e usuários usaram fotos coloridas no perfil (como a foto acima) para manifestarem seu repúdio ao Projeto de Lei em questão.
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A jornalista Maria Júlia Coutinho foi vítima de comentários racistas em post publicado na página do Jornal Nacional no Facebook sobre a previsão do tempo. Foto: Reprodução Instagram. |
Nos últimos tempos as pessoas não tem tido medo em assumir suas visões político-ideológicas, independente das mesmas serem conservadoras ou não. Por conta disso, muita gente não tem medo em externar o seu ódio nas redes sociais, principalmente quando o alvo são os LGBTs, mulheres e negros. Em julho de 2015, a jornalista Maria Júlia Coutinho foi vítima de comentários racistas quando foi publicado na página do 'Jornal Nacional' no Facebook um post sobre a previsão do tempo. Os comentários são repugnantes (como podem ver acima) e o caso foi levado para a justiça. Além da jornalista em questão, as atrizes Taís Araújo e Cris Vianna e a modelo Tainara Santos (vencedora de um concurso de beleza em Jataí, sudoeste de Goiás) também foram vítimas de racismo na internet.
Conclusão
2015 foi um ano conservador e isto se deve a bancada conservadora eleita em 2014. Enquanto esta mesma bancada estiver no poder, não há perspectiva de dias melhores nos anos seguintes, principalmente para os grupos historicamente perseguidos no Brasil, a saber: mulheres, negros e LGBTs.
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